Assim que sai da sala de tomografia, peguei a minha prancheta para verificar na ficha o meu próximo paciente, mas parei ao escutar sons de passos.
- Smith, vem aqui. - chamei assim que vi o novato passar por mim. - Eu tenho um paciente na tomografia, pegue ele e leve pro quarto, por favor. Já tem uma fila enorme e eu tô atrasada, obrigada - agradeci já começando a andar.
Voltei a verificar a lista enquanto caminhava e me dirigi até o quarto. Bati na porta e entrei sem esperar confirmação. O tempo estava muito escasso hoje.
- Boa noite, Jonathan. - cumprimentei com um sorriso gentil - Sou a doutora Watson, fiz a sua cirurgia e vou cuidar do seu pós-operatório. Você ficou adormecido por três dias - expliquei me aproximando enquanto terminava de marcar o checklist
- Não gosto que me chamem desse nome, me conhecem como Jace. - reclama rabugento - Quando é que eu vou sair daqui? - perguntou direto. Deixei de prestar atenção na folha e o encarei.
- Bem, Jace. - me corrigi - Felizmente, embora tenha perdido muito sangue a sua lesão não foi tão grave. - expliquei a ele - Algumas artérias se romperam, mas a bala não atingiu nenhum órgão vital. Você deve sair daqui a uma semana no mínimo, dependendo do seu avanço.
Ele me encarou de uma forma que me deu calafrios. Comecei a me sentir ameaçada e tive que engolir seco e prender a respiração para não correr.
- Não tenta me enrola, garota. - sua voz soou perigosamente baixa - Oque você quer dizer com avanço?
Por mais nervosa que eu estivesse, tratei de respirar fundo e agir da forma mais profissional possível.
- Cicatrização. - disse num sopro - Se chegarmos ao sétimo dia e o seu ferimento não estiver infeccionado, já é um sinal pra sua alta. Eu te libero e você fará repouso em casa por mais umas semanas até que a cicatrização esteja...
- Desembucha. - repetiu me olhando bem nos olhos. Senti que ele queria voar no meu pescoço
- Quero dizer que quando o ferimento cicatrizar completamente, você vai poder ir pra casa pra terminar de se recuperar lá. - disse da forma mais rápida e clara possível.
Ele não disse nada, apenas ficou ali, me encarando. Tomei aquilo como uma chance e decidi fazer logo o meu trabalho. Afinal, não era o primeiro paciente assustador que eu tinha. E quem sabe, talvez ele fosse igual ao Ryder. Parecesse ruim, mas não fosse tão mal. Ameacei dar um passo até ele.
- Oque tu tá fazendo? - rosnou me fazendo parar no lugar. Tudo em mim passou a tremer de medo. Engoli em seco, nervosa.
- Eu tenho que verificar se o seu ferimento não está infeccionando. - lembrei o observando com cuidado.
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Implosão (MC ABISMO Livro 3)
RomanceMesmo em um ambiente caótico como o moto clube Abismo, não há ninguém mais explosivo do que o capitão de estradas. Com uma personalidade forte, Ryder Reece é o responsável pela segurança dos membros do clube nas estradas. Sobre o seu passado, e...