𝗖𝗮𝘀𝗮𝗺𝗲𝗻𝘁𝗼 𝗮𝗿𝗿𝗮𝗻𝗷𝗮𝗱𝗼 | MIOTELA ✓

Que história é essa de casamento arranjado?

Ana Flávia Castela
Point of view
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— Ana Flávia?

Ai que susto!

Pus a mão no peito ao dar de cara com o marido da Jussara do lado de fora da casa, eu não estava esperando encontrar ninguém ali.

— Oi Senhor Marcos, como está?
— perguntei, fingindo um sorriso e disfarçando o susto que tomei.

— Estou bem, e você? Como está? — devolveu a pergunta.

— Estou bem também.

— O que faz aqui? —  questionou intrigado. Entrou na casa e deixou as malas que segurava no chão, me olhando nos olhos logo em seguida, esperando pela minha reposta.

— Ah, minha mãe venho tratar do meu casamento forçado com seu filho. — disse, dando com os ombros. — Mas já estamos indo embora.

— Você vai casar com meu filho? —perguntou perplexo. Seus lábios estavam entreabertos e ele não parava de balançar os braços a procura de uma boa posição para deixá-los.

— Querer eu não quero não, mas parece que eu não tenho muita escolha — fui sincera, percebendo sua expressão de choque aumentar ainda mais.

— Eu só fiquei fora de casa por uma semana, o que eu perdi? — ele perguntou, mas para ele mesmo do que para mim.

— Ah relaxa, eu também só fui descobrir hoje. — digo. — Parece que faremos parte da mesma família, não que isso seja uma coisa boa, mas deixamos isso de lado.

Antes dele falar alguma coisa, minha mãe e a amiga caminharam até a gente. A Jussara, assim que avistou o marido, correu na frente e abraçou ele, em seguida o beijando.

Fiz careta de nojo e desviei o olhar. Eu não precisava ver isso.

— Você chegou cedo, pensei que só chegaria a noite. — disse eufórica, abraçando a marido novamente. — Senti sua falta.

— Eu também senti a sua, mas preciso esclarecer uma coisa. — a mulher se afastou e encarou ele confusa, mas também curiosa. — Que história é essa de casamento forçado?

Pelo tom de voz dele, parece que não gostou nada de saber desse casamento e eu acho que arrumei um problema para a Jussara.

Talvez dois.

Mas assim, será que a pessoa que eu menos esperava irá me ajudar? Será que o Marcos irá impedir essa maluquice de casamento? Eu vou rezar muita para isso acontecer.

Do jeito que ele encarava a mulher, do jeito que ele falava, parecia achar essa ideia de casamento a coisa mais absurda de todo os tempos, e por isso ele já ganhou a minha admiração.

— Você já sabe? — Jussara parecia aflita, aparentava procurar alguma desculpa para eliminar esse assunto. Pelo menos na nossa presença.

— Sim, a Ana Flávia acabou de me falar. senti minha mãe me encarar enfurecida e Jussara estava ficando pálida, parecia que ia desmaiar. — Me responda. Que história é essa de casamento forçado?

Ela engoliu em seco. Ficou vermelha de vergonha.

Eu queria muito rir da cara dela, ela estava totalmente perdida, tentava achar uma desculpa para dar para o marido e conseguir explicar que isso tudo é para o bem do filho deles, como ela mesma me disse.

— Vamos conversar sobre isso mais tarde? Eu prometo lhe explicar tudo. — pediu, tentando acalmar o marido.

— Eu quero uma explicação agora. Você está obrigando eles a se casarem? — aumentou o tom de voz, até eu fiquei com um pouco de medo.

Mas feliz. Ele é minha esperança.

— A gente já vai indo, deixaremos vocês conversar em paz. — declarou minha mãe, fazendo eu bufar indignada.

Poxa, eu queria ver a briga.

— Vamos Ana Flávia. Tchau para vocês e até mais. Nos encontramos amanhã Jussara. — ela assentiu e assim, saímos da casa.

Eu sai extremamente zangada, queria muito poder ver e ouvir os dois discutindo, daria tudo para saber o que o Marcos está falando agora para a esposa. Será que ele quebraria o contrato para mim?

— Você não devia ter dito nada sobre o casamento, isso era assunto deles. A Jussara contaria para o marido e você fez isso por ela, formando uma briga entre os dois. me deu sermão assim que coloquei o pé dentro do carro.

Só o que me faltava, receber bronca porque a merda da Jussara não contou para o marido que estava arrumando um casamento forçado para o filho e para uma menina totalmente inocente. Eu mereço.

— Como eu ia saber? A Jussara que deveria ter falado antes, eu não sou adivinha. — coloquei o cinto, me ajeitando no banco depois de ligar o rádio do carro.

— Quando a gente não sabe das coisas, a gente fica quieta. — ligou o carro, dirigindo para longe dali.

— Vai brigar comigo agora? Já não basta me forçar a casar? Saco! — reclamei.

[...]

Não demorou muito para chegar, afinal, não tínhamos saído do nosso condomínio, e a casa da Jussara não ficava muito longe da nossa.

Ela estacionou o carro na garagem e desceu logo em seguida. Eu desci do veículo, mas não caminhei para entrada principal como ela, eu fui em direção ao portão.

— Onde vai? — perguntou minha mãe vendo eu me afastar.

— Na casa da Gabi, preciso conversar com ela. — gritei para que ela escutasse. — Não se preocupe, eu não irei fugir

Só se ela quiser fugir comigo...