Eu não estou com ciúmes.

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Ana Flávia Mioto CastelaPoint of view ________________________________

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Ana Flávia Mioto Castela
Point of view
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— Posso entrar? — ouvi a Gabriela perguntar depois de bater na porta e inclinar a cabeça para dentro do quarto. Assenti. Ela passou e logo fechou a porta atrás dela. — Você estava chorando?

— O que? Não. Claro que não. — neguei apressadamente, enxugando minhas lágrimas e me recompondo.

Eu não faço a mínima ideia do porquê da minha reação emocional, não era para eu está chorando por uma coisa dessas, eu não tenho nada com o Gustavo, não no sentindo amor.

Eu sei que ele disse que iria me respeitar e cumprir o papel de marido, e sei que essa carta é da época que ele morava no México, mas será que ele não continuou mantendo contato com essa tal moça? Será que ele a ama?

A Gabriela deu um sorrisinho fraco e caminhou até a cama, se sentando na beirada da mesma.

— Você está gostando dele. — afirmou, certa de que sabe sobre os meus sentimentos a respeito do Gustavo.

— Eu já disse que não estou. — neguei novamente, tentando convencer mais a mim mesma do que a ela.

Eu não posso estar, é loucura demais. Isso é só tristeza por ele ter escondido uma coisa dessas de mim, pensei que éramos amigos e amigos dividem esse tipo de coisa.

Talvez não para a esposa, mas a gente não se ama, não existe nada além de uma amizade que vem se erguendo em dia em dia.

— Você não está mentindo para mim e sim para você mesma. Não precisa
esconder seus sentimentos de mim, eu te conheço perfeitamente bem e sei que você está confusa em relação a tudo isso que está acontecendo. Ana, a gente sempre conversou sobre tudo, nunca escondemos nada uma da outra e agora você vai fazer isso? Se abre comigo, eu não vou julgar você, só quero ajudá-la a entender esses sentimentos bagunçados ai. — apontou para o meu peito, me tirando um sorriso por conta de suas palavras gentis.

Eu quero me convencer que esses sentimentos são só de amizade e não passa disso, mas não consigo, aquela carta embaralhou tudo.

A Gabriela tem razão, eu não preciso esconder meus sentimentos dela. Dela não. Tenho a absoluta certeza que ela vai me entender e irá me ajudar, mas eu não sei como começar a contar para ela, nem eu sei o que estou sentindo, como foi expressar isso em palavras?

— Eu não sei... Não sei o que estou sentindo. Não consigo entender e muito menos explicar. — resmungo baixinho, encarando os meus dedos.

— Tenta. Fala o que está sentindo. Fala sobre o que tinha naquela carta que você leu e te deixou tão triste ao ponto de chorar. Desabafa comigo. — pediu, colocando a mão sobre a minha e massageando o local.

— Era uma carta dele para uma garota. Uma mexicana. Eles estavam juntos, parece que ele ama ela. Ou amava, sei lá. — eu digo, confusa com minhas próprias palavras

𝗖𝗮𝘀𝗮𝗺𝗲𝗻𝘁𝗼 𝗮𝗿𝗿𝗮𝗻𝗷𝗮𝗱𝗼  | MIOTELA ✓Onde histórias criam vida. Descubra agora