Amantes da lua.

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Ana Flávia Mioto CastelaPoint of view__________________________

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Ana Flávia Mioto Castela
Point of view
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— Tchau. — me despedi de todos com um sorriso amarelo e tranquei a porta principal.

Voltei até a sala e lá estava o Gustavo, já com um pote de sorvete de flocos na mão.

Sentei do lado dele de mansinho e quando ele se deu conta, eu já tinha roubado o pote dele e estava saboreando aquela maravilha.

— Ei. — reclamou.

— Golpe trocado não dói.

Ele tentou roubar o pote da minha mão, mas não conseguiu.

— Eu amo sorvete de flocos, e depois desse almoço era tudo que eu precisava. Sinceramente, eu não aguento mais nenhum almoço como esse, na próxima eu invento que estou com diarreia. — ele riu.

— Percebi que a cobrança é muito maior em cima de você, sinto muito por isso, não imaginava que era tão pressionada assim.

— É, obrigada. — agradeci meio cabisbaixa. — Eles agem como se tudo parecesse normal. Como eles conseguem?

— Eu não sei, mas agradeço por ter saído diferente deles, imagina ser assim...

— Acho que nem eu me aguentaria se eu fosse igual a minha mãe, não sei como sou filha dela.

— Acho que temos muitas coisas em comum: Famílias hipócritas que se acham melhores do que todo mundo e fazem o que querem passando por cima de todos e se satisfazendo com a infelicidade das outras pessoas.

— Temos nossas diferenças, mas no quesito familia, somos bem parecidos. — admiti. — E você tem razão, não precisamos ser inimigos. Não precisamos nos odiar.

— Eu nunca odiei você, tudo aconteceu muito rápido e não conseguimos nem pensar direito. E eles foram espertos, armaram tudo com tanta inteligência e preparação que não deixaram brechas para escaparmos disso tudo. O contrato foi algo magnífico, tenho que admitir, com esse papel eles tinham a certeza que nunca poderíamos dizer não. Eu posso não ser o marido dos seus sonhos, e sei que não sou, mas eu prometo nunca desrespeita-lá ou ferir você. Juro por tudo que irei tratá-la com o maior respeito do mundo. E já que não nos amamos, eu não acho certo impor a você o papel de uma esposa.

— Nem eu de você de marido.

— Eu estava querendo dizer que...

— Eu ser o que você estava querendo dizer Gustavo, eu entendi, não sou tão lerda.

Ele desviou o olhar, sorrindo sem graça.

— Pelo menos entre nós dois, não precisamos manter essas aparências de um casamento perfeito e saudável onde nos amamos e vivemos felizes, quem sabe não podemos ser amigos. — sorri ao dizer isso, recebendo um sorriso concordativo dele.

— Otima ideia.

[...]

Passei a tarde toda deitada na minha cama assistindo The 100, não sei o que aconteceu no resto do mundo nessas últimas horas.

Eu maratonei a série toda e fiquei sem nada para fazer. Então decidi ir ler um livro perto da piscina, estava de noite e era lua cheia.

Vai que eu dou sorte e não vejo o Derek ou o Issac rondando a casa.

Fui até a área de lazer e me deitei em uma das cadeiras de praia que tinha perto da piscina. Abri o livro do Gustavo, o qual eu tinha começado a ler e comecei a ler da onde tinha parado.

Não tinha lido nem um capítulo quando o Gustavo veio até mim e sentou em uma outra cadeira. Ele não disse nada, só ficou me encarando enquanto eu lia.

Eu também não disse nada, só continuei lendo ignorando sua presença.

— Eu não quero atrapalhar sua leitura, sei o tanto que é chato quando as pessoas começam a falar enquanto estamos lendo, mas eu preciso perguntar. — começou a falar. Eu curiosa, fechei o livro e me virei para olhá-lo. — Hoje mais cedo você comentou que não tinha conseguido trazer os seus livros, por que não?

Soltei um longo suspiro e se sentei, pronta para respondé-lo.

— A minha mãe acha que a leitura é só um passatempo.

— Um ótimo passatempo por sinal.

— Para moças solteiras. — expliquei.

Ele murmurou um "a" com uma semblante de desaprovação.

— Uns dias antes do casamento ela pegou e doou todos os meus livros para a biblioteca da cidade. — disse, um tanto triste.

— Você ganhou um marido e perdeu os livros? Não sei se foi uma troca justa. — brincou, tirando risadas minhas. — Para qual biblioteca ela doou os livros?

— A do centro. — respondi, ele assentiu e desviou o olhar do meu, agora olhando para a lua.

— É linda, né? — digo, também apreciando-a.

— Maravilhosa! "Que haverá com a lua que sempre que a gente a olha é com o súbito espanto da primeira vez?".

— Mario Quintana.

— Correto.

—A energia que a lua transmite é indescritível, eu amo poder apreciá-la. Me faz bem. — admiti.

— Então somos dois amantes da lua. — sorriu, olhando para mim e recebendo um sorriso meu também.

 — sorriu, olhando para mim e recebendo um sorriso meu também

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𝗖𝗮𝘀𝗮𝗺𝗲𝗻𝘁𝗼 𝗮𝗿𝗿𝗮𝗻𝗷𝗮𝗱𝗼  | MIOTELA ✓Onde histórias criam vida. Descubra agora