eu não vou casar.

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Ana Flávia Castela

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Ana Flávia Castela.
Point of view
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Sábado / Porto Seguro, Bahia

- EU NÃO VOU CASAR. - Grito para a mais velha que estava me enchendo a paciência desde o amanhecer.

Minha mãe

Ela é uma mulher ambiciosa e egocentrica, está sempre pensando em si mesma, se ela está bem, que se dane o resto do mundo. Suas maluquises são desmoderadas, ser que ela não tem limites, mas dessa vez, ela foi longe demais.

Eu não aguento mais ouvir seus sermões e broncas, ela age como se eu fosse uma menininha indefesa e está sempre decidido as coisas por mim. Eu não aguento mais tanto controle indesejado na minha vida.

- Abaixe o tom de voz. - ordenou. - Está pensando que eu sou quem? Sua amiguinha?

Revirei os olhos enfurecida, pronta para rebater mas ela continuou:

- E isso não está em discussão, Ana Flávia. - retornou, agora com um semblante calmo e debochado. - Já está tudo decidido e confirmado. Você vai se casar

- Não tem nada confirmado. Eu não confirmei nada. - digo, cheia de ódio.

Ela não pode continuar me tratando como uma criança de dois anos, eu já sou maior de idade e posso decidir as coisas por conta própria.

Ela respirou fundo tentando não se estressar. Coisa que eu não conseguia. Minha vontade era de sair correndo e mandar todo mundo tomar no... de tanta raiva que estava sentindo

- Mas eu confirmei. Eu sou sua mãe e você me deve obediência.

- Não quando isso inclui um casamento forçado. Mäe, eu não quero casar.

Sim, foi isso mesmo que aconteceu, ela me arrumou um noivo. Um noivo rico e esnobe. nem sei se ele é esbone, não conheço a criatura. Mas provavelmente é.

Isso está longe de ser uma coisa normal, querer controlar a vida de uma pessoa assim deveria ser crime. Ela pode ser minha mãe e tudo mais, porém, isso não anula o fato dela ser uma mera controladora e manipuladora.

- Eu quero me formar, só isso. Casamento está em último plano em minha vida - suspirei, cansada daquele assunto.

- Minha filha, você assinou um contrato, terá que cumprir com sua palavra. - se aproximou de mim e pôs a mão sobre meu ombro. - Agora terá que ir até o final.

Com os olhos semicerrados e a boca levemente aberta, encarei ela confusa e desorientada. Contrato? Mas que merda!

- Que contrato? - perguntei confusa.

- O que você assinou. - concluiu, com aquele sorriso sínico no rosto. Ai que vontade de arrancar aquele sorriso dela!

- Eu não assinei nada. - ela sorriu amarelo. - Mãe, você não pode ter feito isso..

Arregalhei os olhos e senti meu coração bater mais rápido assim que
lembrei que ela pediu para mim assinar uns documentos algumas semanas atrás. Eu espero muito que esteja doida e tudo que estou imaginando seja paranoia minha. Ela não seria capaz de me enganar dessa forma. Não seria tão baixa com a própria filha. Isso é doideira!

- Eu precisava de uma garantia. - disse e senti a raiva aumentar dentro de mim.

Ok. Ela seria capaz sim.

Eu não posso acreditar que ela fez uma coisa tão baixa. Ela me fez acreditar que estava assinando a merda de uma documento qualquer mas na verdade era um contrato de um casamento?

Eu sei que não deveria ter assinado nada sem ler antes, mas nunca pensei que ela faria alguma coisa tão ridicula como essa. Pensei que já tinha visto ela fazer tudo de pior e não conseguiria mais me surpreender. Eu estava muito enganada.

- Eu não acredito. Você não podia. Eu odeio você. - voltei a gritar, sentindo um nó se formar na minha garganta e meus olhos se encherem d'água.

- Sinto muito, mas eu conheço você, precisava ter alguma coisa concreta em mãos, o contrato foi a melhor ideia que eu tive. - confessou. Ela falava com tanto firmeza e tranquilidade, parecia que falava sobre a coisa mais normal do mundo.

- Jogava cimento, muito melhor do que um contrato - confrontei-lhe, tomada pelo ódio e rancor.

Eu estava magoada, irada, enjoada, arrependida, tudo e mais um pouco. Essa atitude dela foi um golpe baixo extremamente vergonhoso.

- Muito engraçada, mas agora acho melhor ir se arrumar, iremos na casa da sua sogra. Precisamos conversar sobre muitas coisas a respeito do seu casamento. - sorriu, ainda demonstrando calma e tranquilidade na voz.

Sogra? Que merda de sogra é essa? Eu não quero ir na casa da minha sogra. Eu nem quero uma sogra.

Tentei engolir o choro, não quero que ela me veja num estado frágil. Não darei esse gostinho para ela, porém, parece tão impossível.controlar a vontade de chorar.

- Oi? Sogra? Que sogra? Eu não tenho sogra e nem quero ter uma. Será que você não entende que eu não irei me casar? Não vou aceitar um casamento. arranjado.

Ela não disse mais nada, só virou os calcanhares e saiu em direção ao escritório que ficava do outro lado da onde a gente estava.

Soltei um grito agudo que estava preso em minha garganta e corri para meu quarto, batendo a porta atrás de mim e desabando no chão atrás da porta. Deixei as lágrimas caírem livremente, tentando desfazer o nó que se formou na minha garganta e a dor que preencheu o meu coração ir embora.

Eu não posso, eu não quero, eu não vou me casar, isso tudo é só um pesadelo e já já irei acordar e ver que tudo está altamente normal, na medida do possível. minha mãe não fez uma coisa tão infeliz com a própria filha.

"Isso é só um pesadelo, eu não vou casar" Fiquei repetindo isso para mim mesma até me convencer que era verdade.

Sequei as lágrimas que caiam e me levantei, me olhando no espelho e vendo como meus olhos estavam inchados e vermelhos.

- Eu não vou casar. Nem que a vaca tussa e o boi voe. - disse em alto e bom som, me encarando no espelho com toda a confiança possível.

 - disse em alto e bom som, me encarando no espelho com toda a confiança possível

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𝗖𝗮𝘀𝗮𝗺𝗲𝗻𝘁𝗼 𝗮𝗿𝗿𝗮𝗻𝗷𝗮𝗱𝗼  | MIOTELA ✓Onde histórias criam vida. Descubra agora