nos afogamos abraçados

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A cena de um ás e um reiA mesa tinha uma dama, dez e um valeteEu olhei nos olhos dela e blefeiE patenteei essa jogada de virar no rap

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A cena de um ás e um rei
A mesa tinha uma dama,
dez e um valete
Eu olhei nos olhos
dela e blefei
E patenteei essa jogada
de virar no rap


SÃO PAULO

Cinco anos. Equivalente a mil novecentos e noventa e um dias.

Guri ainda se perguntava como aguentou tanto tempo sem enlouquecer. Surtar, ele surtou, mas não chegou ao ponto de enlouquecer. Talvez fosse pelo fato de sempre ter pessoas que o amavam ao seu lado, ou porque ele era covarde demais para enlouquecer, para deixar sua mente o dominar e o fazer deixar de usar a razão.

Ela não vai voltar.

Todos diziam isso no começo. Todos diziam que ela não voltaria. Passou-se cinco anos desde a sua partida. Cinco anos que ele não via os olhos ridiculamente puxados, ou ouvia sua voz arrastada quando estava com sono. O jeito que seu cabelo escuro caía, longo e seco pelo seu corpo apenas fazia sua imagem não se desprender da mente do rapper. Ela gostava de tatuagens e era como se ela tivesse tatuado seu rosto na mente dele, para que ele sentisse mais sua falta quando ela fosse embora.

E ele sentiu. Ainda sentia, isso ele não podia negar. Ele podia negar a existência dos deuses, assim como de qualquer lei da matemática, porque a matéria não fazia sentido para ele. E foi por isso que ela começou a faltar consecutivas aulas para sair com ele. Não que ela não gostasse de matemática, pelo contrário, ela era ótima. Agora ele chegava a pensar que ela fazia aquilo por ele, porque Aurora não era do tipo "garota rebelde".

Talvez isso tenha mudado quando ela o conheceu. Não, ela não pintou o cabelo como ele, nem colocou um piercing, nem ousou fazer uma tatuagem contra a vontade dos pais. Talvez porque eles fossem liberais demais e ela fosse teimosa demais em não aproveitar a chance.

Ela sempre dizia que não ficaria tão bonita quanto ele. Guri era alto, esguio, tinha tatuagens pelos braços, ombros e Aurora gostava de dizer que ele parecia um gibi. Também tinha o piercing irritante na sobrancelha, que ele sempre mexia quando estava concentrado demais em algo.

𝐌𝐄𝐍𝐈𝐍𝐀 𝐕𝐄𝐍𝐄𝐍𝐎          guri mcOnde histórias criam vida. Descubra agora