Não te quero tanto,
mas te sinto
Não me confunda
tanto assim
Me desculpe, mas
não jogo limpo
Não arranque
palavras de mim
SÃO PAULOSonhos. Muitas pessoas dizem que são eles que movem nossas vidas. Aurora sempre achou que, na verdade, essa era uma visão muito utópica da existência. Ela costumava ser uma garotinha com grandes sonhos: conhecer o mundo, ser uma trapperstar, viver da música. Um amor épico. Muita fantasia. Pouca realidade.
Agora ela se sentia como alguém que recebeu uma lâmpada mágica estragada. Como se todos os seus desejos, embora realizados, tivessem saído como um tiro pela culatra. Literalmente um tiro. Esse é o pensamento que ela tinha em mente enquanto se jogava em um dos sofás espalhados pela casa de shows.
Tentando focar em qualquer coisa racional enquanto sua cabeça girava e um riso bobo brincava em seus lábios. Ela conseguia ouvir a música alta e ver as pessoas ainda dançando animadamente, muitas bebidas, muita fumaça, algumas drogas. Ela tinha certeza que nem conhecia algumas daquelas pessoas.
Buscou em sua mente o momento em que tudo aquilo começou. O momento em que sua vida simples e não tão perfeita, saiu dos trilhos e se transformou naquela vida de artista, cerda de dinheiro, influência, bebida e poucos amigos. Um desfile de retrospectivas ocupou sua mente. Imagens desconexas que para ela significavam muito, dentre elas, um par de olhos castanhos, vistos pela primeira vez em uma batalha em uma praça qualquer de Ribeirão Preto.
João Lucas.
Ele certamente foi sua perdição, mas não foi o começo de tudo. Ela se esforçou a voltar mais um pouco, deixando a realidade parecer um devaneio, e os devaneios se tornaram sua realidade.
- Aurora?
A morena abriu os olhos, levemente assustada. Seus olhos se encontraram com o familiar castanho dos olhos de Guri e ela suspirou baixinho.
- Cê tá bem? - ele insistiu, sentando ao lado dela no sofá.
- Óbvio que estou. - ela respondeu dando de ombros.
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𝐌𝐄𝐍𝐈𝐍𝐀 𝐕𝐄𝐍𝐄𝐍𝐎 guri mc
Hayran Kurgu𝐌𝐄𝐍𝐈𝐍𝐀 𝐕𝐄𝐍𝐄𝐍𝐎 Há algo sobre este lugar. Há algo sobre nós dois neste lugar. Há algo quase espiritual neste lugar. Há poesia neste local. Há você e eu neste local. Este lugar não nos pertence, somos nós que pertencemos a ele. ...