O Casamento. I

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— Min, me prometa uma coisa, quando eu for embora daqui você irá comigo, não é?

[...]

Lentamente, JiSung voltou a interagir com as pessoas que trabalhavam na casa. As duas criadas ficaram extremamente felizes quando o príncipe lhes dissera um bom dia, ainda que timidamente e sem o mesmo sorriso.

Mas impedindo pelo cansaço, JiSung não conseguia se sentir melhor. Os pesadelos com os coelhos continuavam. Diversas noites acordava e tão irritado, tentava se manter de pé. Na escrivaninha, rabiscava algumas folhas. Às vezes simplesmente desistia e voltava para cama.

Então acordava sobre os braços de Min, com o estranho pressentimento que horas haviam se passado, que estava tranquilo e muito relaxado. Era Min. JiSung percebeu em das noites onde ele afagava seus cabelos, o sono parecia vir instantaneamente, pesado, ao ponto de ter um eterno sono.

Era Min, ele estava fazendo os coelhos se afugentarem. Os coelhos, JiSung não suportava mais os pesadelos, e se Min o ajudava com o calor de sua aura e o gelo de seus dedos, ele deveria fazer dormir a noite inteira.

— Min, por favor, me ajude a dormir. Eu preciso do seu aconchego...

Satisfeito por ouvir aquilo e por vê-lo correr para seus braços, de bom grado Min agarrou JiSung. Naquela noite afagou os cabelos dele, passando-a em claro, o vendo dormir tão tranquilamente em seu corpo.

Min não deveria saber o que os humanos sentiam, mas enquanto passava o dedo sobre os fios lisos, tentando enrolar os cabelos e admirando o príncipe, sabia estar permitindo algo perigoso crescer.

[...]

Durante aquele período de dois anos e meio, Min percebeu, nem tudo era como costumava ser;

JiSung não tinha o mesmo prazer pelos estudos, lia o necessário, o que era exigido dele: do que um rei deveria saber para comandar uma nação... Não tinha o mesmo entusiasmo em aprender, nem se quer em ler livros sobre botânica, besouros ou poções. Ele pouco saía de casa, mas quando o fazia, Min sabia que o príncipe se encontrava com curandeiro de nome Yang JeongIn, que tinha uma aura razoavelmente azul e também cabelos negros, tanto como os seus.

E se antes amava as flores, não mais cuidava do jardim. Min o encontrava do lado de fora, agora bebendo garrafas de álcool ao lado dos criados mais jovens...

JiSung sabia, tinha mudado. Era crescido, não mais um menino. E se contentava com a sua condição de quem não dominava magia. A si mesmo não mais via, não se reconhecia como príncipe. As pessoas não lhe olhavam como um príncipe; Era estranha sua presença na província, vivendo com um Marquês. Não tinha o mesmo estilo de vida, o mesmo luxo, e nem centenas de servos ao seu dispor... E mal os comprimentos formais, que poucos criados e membros das outras duas famílias, mantinham com ele.

Agora, quando Han andava pelas ruas, apenas reparavam na roupa que ele usava. Deduziam que aquele jovem, JiSung, pudesse ser um nobre ou nascido em um berço dourado. Ocasionalmente, Han ouvia pessoas mais velhas cochicharem por suas costas, de que era o príncipe, aquele que o rei tinha desertado. Mas, aos olhos da maioria, JiSung não era mais do que um jovem de cabelos castanhos.

Um jovem, que não dominava magia.

E JiSung não iria dominar magia, não importasse o que fizesse, não importasse o quanto quisesse. E iria ser sempre rebaixado por aqueles que não acreditavam que um dia ele pudesse, de fato ser reconhecido como um príncipe ou sentar-se no trono. Mas agora, nada importava tanto assim, e pouco lhe doía tantos comentários sobre sua vida...

Minsung - Espectro VermelhoOnde histórias criam vida. Descubra agora