Aquele de cabelos pretos, Yang JeongIn. III

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Em seu peito, não havia um coração.

Min não era capaz de perceber o vento gélido em seu rosto ou o calor de uma chama brilhando sob seus dedos. Não conseguia falar. Não conseguia lembrar das memórias tão vagas que viam em seus sonhos. Não podia sentir o cheiro das flores. Não podia ver seu reflexo, e não saberia que seus olhos eram escuros e os fios de seus cabelos tão pretos como os de Yang JeongIn.

Ele estava sofrendo tanto.

[...]

"Casamento"

Tomou um choque, mas embora todo o relato, algo dentro de si não parecia o ferir como deveria. Porque? Pensou JiSung, sentado na cama de palha, olhando para baixo. HyunJin e Yang eram íntimos. Então era assim?

— Eu o recusei — anunciou o JeongIn guardando sua última roupa no armário. — Não me entenda mal, pois não quero te ofender, mas eu sei o que os nobres fazem com pessoas como eu.

Cura e proteção, deveria ser uma troca justa. Mas nada havia mudado, se não por um acordo medíocre, uma placa de ouro e um lugar para morar.

JeongIn percebeu, quando pequeno se perguntava: por que só os nobres podiam adotar as crianças? Por que outras famílias não visitavam o orfanato? Tardiamente, percebendo o motivo, o estômago embrulhou.

— Não estou pedindo para reatar com ele, apenas para vê-lo — JiSung insistiu. — Por favor, ele está doente.

— Ele está mentindo — fechou as portas.

— Não, os criados não o deixam sair.

— Não tente me convencer com as mentiras dele. Eu já estou indo embora, você vêm? — virou-se a porta.

— Espere! — JiSung levantou. — Pense que você fará isso porquê eu estou lhe pedindo, não é por HyunJin... Por favor.

JeongIn suspirou. De forma alguma gostaria de vê-lo mais uma vez.

[...]

HyunJin estava deitado, uma bolsa de pano na cabeça. O corpo estava queimando: seu estado febril causado pela tarde, do dia anterior nadando ao lado de JeongIn.

JeongIn. HyunJin não deixava de pensar nele. Por que JeongIn não queria mais o ver? O coração doía. Deveria lembrar se algo ruim havia feito.

Cobriu os olhos com o braço. Queria o ver...

Silenciosamente, a porta se abriu. Aquele que entrou foi até a cama, viu o Hwang dormir. O punho se fechou de raiva, mas também de preocupação. HyunJin havia usado magia de novo?

As pernas se aproximaram da cama sem saber que sua presença era percebida. Então se assustou quando HyunJin abriu os olhos e tão depressa o puxou para o colchão.

A bolsa térmica caiu.

— Você veio... — o Hwang sorriu, apoiando-se na cama a certa distância, sobre o corpo de JeongIn.

Pegou a mão dele, a colocou em seu rosto, em sua bochecha. O Yang sentiu, ele estava quente, mas permaneceu quieto e mais uma vez frio.

— Por favor, não me olhe dessa forma. Me diga, o que há de errado? — pressionava a mão do mais novo. Ela era tão macia. HyunJin estava ficando sonolento, mas precisava se desculpar. — Eu quero entendê-lo.

Deitado, entre a cama e HyunJin, JeongIn se manteve mudo, desviava o olhar, mas com pouca resistência se decidiu falar:

— Como posso saber que você não estará me usando? Como posso saber que você não abusará de mim para viver como bem quiser?

— JeongIn... Por que você acha isso?

— Pelas últimas semanas eu tenho lhe dado meu sangue. Você está interessado no que corre em meu corpo ou em mim?

— Ah... — um alívio. Era isso. — JeongIn... — tirou a mão de seu rosto, inclinou-se para baixo e deu-lhe um beijo na testa. — Eu o amo, e é somente você a quem eu quero. Não me interessa a magia de seu sangue.

O Yang nada disse, nem os olhos se moveram. Deveria confiar nas palavras de HyunJin? Acreditar veementemente, quando no dia anterior ouviu da boca dele; "de sangue e alma"?

— Eu vou parar — prosseguiu HyunJin. — Nunca mais usarei magia. Dito isso, fique comigo.

JeongIn o encarou. — Você sabe o que será de sua família? De quais serão as consequências?

Sim, HyunJin era resiliente à mãe, e a todas suas manipulações.

— Ainda tenho primos, minha mãe ficará chateada... — uma linhagem de oito séculos interrompida, ela faria um escândalo... — Mas eu-eu... eu não me importarei com ela.

HyunJin voltou a sorrir, piscou os olhos lentamente. — Tudo bem assim?

Em silêncio, JeongIn ergueu os braços e os entrelaçou no pescoço do loiro. HyunJin era um péssimo mentiroso, gaguejava. O que deveria fazer? Trouxe o rosto do mais velho para perto, erguendo-se também, então o beijou.

HyunJin se surpreendeu, mas entendeu o gesto como sua resposta. Fechou os olhos e lhe entregou um beijo caloroso.

Abandonaria tudo para ter JeongIn.

O coração de HyunJin acelerou, sentiu seu interior ferver, desejando mais. Levantou as pernas do mais jovem, o encaixou em seu quadril.

O corpo do Hwang estava fraco, com fadiga, mas continuou o beijando, tocando os lábios no canto da boca de JeongIn, no pescoço, ouvindo seus arfares, até a gola, aos botões que ainda prendiam a roupa...

Então os olhos de HyunJin fecharam. Desabou sobre o peito de JeongIn.

O mais novo suspirou. Tocou no cabelo loiro — Eu não deixarei você morrer.

Minsung - Espectro VermelhoOnde histórias criam vida. Descubra agora