Capítulo 13

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Entrei como um furacão no apartamento, tão frustrada e indignada com a atitude daquele cafajeste que eu odiava a mim mesmo. Foi ai que encontrei o meu noivo em pé perto da janela da sala com uma expressão desconhecida para mim. Parecia bravo, mas não a ponto de brigar, parecia chateado, mas não ao ponto de chorar.


-O que houve? -Perguntei desconfiada sem olha-lo direito nos olhos, eu acho que não tinha coragem disso depois das minhas atitudes ultimamente.

-Onde estava, Vick? -Perguntou apenas, com um tom calmo, mas repreensivo.

-Eu...eu...é... -Eu não sabia se confessava, ou se mentia.

-Estava na casa dele, não é? -Franzi o cenho, dessa vez olhando para ele.

Mas como ele sabia disso? Eu não havia contado e muito menos dado a entender que estava lá. Aparentemente eu não tinha ligação com Henry, não o suficiente ao ponto de Luke desconfiar.

-Eu só quis saber de algumas coisas, só isso. -Achei melhor confessar, a final era somente para isso que eu fui lá, não foi? Luke bateu o punho contra a parede e eu fechei os meus olhos, sentindo a insegurança me invadir.

-Droga, Vick! Eu disse que era pra você ficar longe desse cara.

-Ele é o seu irmão! -Bradei, tentando me impor, talvez se eu dissesse ao Luke o que eu descobri, as coisas mudariam. -Luke as coisas que ele me contou, ele sofreu muito com a rejeição do pai, é por isso que se tornou essa pessoa que é hoje, ele tem mágoa. -Luke balançou a cabeça incrédulo.

-E você acreditou, não é? Acreditou em tudo que aquele manipulador disse, sem ter dúvidas de nada. -Pensando bem, eu havia sim acreditado em Henry de cara. Me emocionei com a história dele e... Será que ele seria capaz de mentir dessa forma para mim? 

- Será que você não entende que Henry está usando você pra me atingir? 

-Eu só quero ajudar, Luke. -Falei tranquila. -Quero que essa merda termine logo e que possamos ter finalmente paz. Essa briga não é saudável.

-Só que você não é a Madre Teresa de Calcutá, Victória. Não dá pra concertar tudo e deixa-las em seu devido lugar. Minhas diferenças com o meu irmão é problema meu.

-E meu também. -Alterei um pouco a voz indignada. -Essa família será minha um dia, é errado querer ver o bem da minha família? 

-O que há com você? -Me fuzilou com os olhos, me julgando sem pena. -Está do lado dele, agora?

-Eu estou do lado do que é certo, Luke, é só isso. -Minha voz começava a embargar pelo intenso nó que estava preso em minha garganta. -Talvez as coisas não são como parecem. 

-É o mesmo que digo a você. Esse bastardo aí que você defende, pode não ser quem você está idealizando, e eu espero muito que você se decepcione, Vick. -As lágrimas rolaram dos meus olhos.

Eu não conseguia aguentar ver Luke me tratar daquele jeito, o modo como ele falava era duro demais e doloroso demais. Henry era sedutor e mexia com os meus instintos femininos e necessitados, mas Luke era o homem que sempre esteve ao meu lado, sempre me amou verdadeiramente e era recíproco. Não era nada fácil ser tratada daquele jeito.

-Luke espera! -Bradei o seguindo para o quarto.

-Não! -Levantou a mão para mim, me fazendo parar. -Quero ficar sozinho. -Ele deu meia volta, entrando dentro do quarto batendo a porta tão forte que estremeceu todo o apartamento. E eu desabei a chorar, entendendo que estava com tanta raiva de mim que acho que demoraria um tempo para voltar a falar comigo.

Sai de casa caminhando nas ruas já tarde da noite, com lágrimas queimando os meus olhos sem saber ao certo o que fazer. Eu estava brigando com o meu noivo por causa do irmão problemático ao qual eu estava completamente ligada como um imã, ao qual eu simplesmente não conseguia me afastar, ainda mais tão perto de saber toda história. Eu já sabia uma boa parte, mas ainda havia outra parte que eu necessitava saber, e essa estava nas mãos da minha sogra. Talvez fechando esse ciclo de segredos eu poderia dar um jeito na situação. Mas havia uma coisa bastante importante que Luke me disse há algumas horas trás. Henry poderia sim está mentindo, Roy poderia sim ter tido boas razões para ter tratado dessa forma a vida toda, e não somente por desconfiar da sua paternidade, ou ter certeza sobre isso. Ele poderia estar me manipulando para atingir Luke e ficar com a empresa.

Ele era tão sincero, falava com tanta verdade, seus olhos até lacrimejavam, seu jeito despreocupado de falar, sem nenhum contradição, suas têmporas tremendo de raiva quando lembrava dos momentos solitários. Eu estava dividida, entre a verdade e a mentira, entre Henry ser a vítima ou o malvado sem escrúpulos. Eu só queria que ele não tivesse voltado, que continuasse onde estava e não viesse bagunçar as nossas vidas.

Eu quero Você I - Ambiciosos (Sem revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora