Capítulo 24

4.1K 293 24
                                    


O prédio imponente de quase 30 andares estava diante de mim, visto de fora parecia um palácio onde os reis e rainhas se reuniam para aplacar o seu luxo. Todas as janelas eram de um vidro fumê fino, um ar de poder e sofisticação era notório. Havia uma placa enorme prateada no topo com a inicial "J" em ouro, que indicava que era patrimônio da família Johnson. Eu ainda não havia conhecido aquele lugar, Luke não teve a oportunidade de me mostrar, e eu também não fiz questão, a final o que eu faria naquele lugar se não entendia nada de negócios? Mas agora, agora Henry quis que eu fosse, quis eu estivesse ao seu lado para quando definitivamente tirar Luke o patrimônio que se intitula seu.


Se por fora eu havia me impressionado, por dentro nem se fale. Havia um salão redondo na recepção com pessoas engravatadas indo e vindo o tempo todo, mulheres vestidas socialmente, até mesmo as secretárias.

Pegamos o elevador, Henry tinha um sorriso nos lábios para mim, se mostrando confiante, mas quando chegamos no andar desejado, ele se manteve firme e altivo, como se fosse o dono do mundo. E eu devo confessar que eu me sentia segura por sua personalidade, significa que tudo daria certo. O corredor longo e tranquilo me dava uma sensação de monotonia, o piso amadeirado emitia sons por causa dos meus saltos. Eu não sabia ao certo onde ir, então acompanhava Henry a todo tempo.

Ele  parou em uma porta do lado direito do corredor, onde eu conseguia nitidamente ouvir a voz de Luke, parecia uma reunião, pois eu conseguia ouvir vozes de outras pessoas também.

-Preparada para a festa, gracinha? -Comentou Henry com a mão na maçaneta, e eu assenti, me mostrando pronta. Mas por dentro só Deus sabia o meu estado.

Henry abriu a porta de uma vez chamando a atenção de todos ali.

-Muito bem maninho, é assim que conduz o rebanho. - Henry bateu palmas de um jeito debochado que ele sempre fazia. Lembro do dia que entrou no salão da festa do meu noivado, o quanto ele havia me assustado.

O olhar de Luke pairou sobre mim e eu não pude olhar em seus olhos, tamanha era a vergonha.

-Quem permitiu a sua entrada? -Luke se pôs a frente do irmão o enfrentando. -Eu sugiro que dê o fora daqui.

-Acontece Luke que esse lugar não é mais seu, então quem deve sair, e logo é você. -Henry nunca abandonava aquele ar seguro e expressão risonha quando se imponha, era o jeito dele de fazer as coisas. 

-Vê? -Henry pegou o documento onde lhe dava o direito da empresa que havia conseguido legalmente por sinal após a anulação do testamento. -Esses papeis aqui me dão o direito total dos negócios.


O olhar chocado de Luke era notório, provavelmente passava pela sua cabeça como seu irmão mais velho conseguia fazer essas coisas, como ele era capaz de tudo e nunca desistia de seus objetivos. É... eu também já me fiz essa pergunta por várias e várias vezes.

-A reunião acabou senhores. -Luke continuava encarando o irmão com fúria dispensando os acionistas. -Podem se retirar. -Henry alargou ainda mais o sorriso enquanto todos deixando a sala encarando aquela situação bastante confusos.
-Ora, deveria ter deixado os senhores presentes, a final eles precisam conhecer o novo presidente, não acha?
-Fala logo o que você fez? -Cortou Luke sem paciência.
-Aqui nesses papeis. -Colocou os documentos em cima da bancada. -Dizem que eu devo assumir a empresa como o dono absoluto. Absoluto, maninho!

Luke deu uma olhada nos papeis com atenção, dava para notar sua evidente perturbação.

-Não acredito que conseguiu anular o testamento, Henry.
-Já deveria saber que consigo tudo, tudo o que eu quero.
-Com certeza isso tudo é ilegal, sendo assim eu não arredo o pé. -Luke se manteve duro.
-Pior que não maninho. São tudo legal, papai não tinha condições alguma de assinar um testamento com sua doença mental, então eu pedi a anulação. Olha que coisa maravilhosa! -Seu sorriso retardado era hilário, mas não era o momento para eu rir.
-Você o que? -Luke estreitou os olhos sentindo asco de tudo aquilo, e infelizmente eu não podia descordar dele. -Você teve coragem, Henry de sujar a memória do papai?
-Ora Luke, pacientes mentais não são sujos. Apenas... peculiares. -Entortou a boca pensativo.
-Você estava no meio de tudo isso não é, Victória? -Se virou para mim agora e eu me tremi, o olhar decepcionado de Luke para mim me acabava. -Como você pôde ser tão suja, e tão vigarista desse jeito? -Ele balançou a cabeça incrédulo e eu não consegui abrir a minha boca.
-Não fala assim da minha mulher Luke. Seus problemas são comigo, então enfrente-os como um homem. -Luke não deu bola para o que Henry dizia e continuava se dirigindo a mim.
-Ele está manipulando você, será que não percebe? Está te usando para conseguir o que quer. Não vê que com Henry é tudo calculado e planejado? Ele usou você para o objetivo final.

Foi ai que passou pela minha memória aquele lance das cartas à mesa que o próprio Henry havia me dito. Chegou até a afirmar que eu era o seu movimento certo. Claro, Henry precisava de mim para chegar até aqui, pois eu fui a "amante" do pai dele, sua testemunha para colher provas para um falso problema mental. Senti um nó intenso preso na minha garganta.

-Ora não fala de mim Luke, porque não fala de você hãm? Diz a Victória como você sempre soube do nosso envolvimento? -Arregalei os meus olhos para um e depois para o outro, mas que diabo era aquilo? -Você não queria saber baby, como Luke sabia exatamente, onde e quando estava comigo? Pois então...Fala Luke pra ela?

Luke abaixou a cabeça e eu comecei a me irritar com aquilo, ou ele desembuchava logo, ou eu arrancaria palavra por palavra de sua boca.

-Fala Luke de uma vez! -Bradei.
-Eu... -Começou a falar pousadamente. -Vigiava os seus passos.
-Acontece baby que Luke nunca confiou em você, nunca. -Henry abriu os braços revelando aquela história.

Comecei a pensar sobre Luke me seguindo onde quer que eu fosse, dentro de um carro preto, sabendo exatamente onde eu estava, onde eu saia e entrava.

-Fala pra ela como fazia Luke, diz? -Henry incitava Luke a abria a boca e eu pude notar que era muito pior do que eu estava imaginando.
-Pelo amor de Deus Henry isso não é necessário. -Luke tinha medo que eu soubesse e eu tive certeza absoluta de que era pior do que eu imaginava.
-Fala! -Gritei. -Fala logo Luke ou eu não respondo por mim.
-Se você não falar eu falo. -Completou Henry.

Luke estava suando frio, bastante incomodado, as coisas não estavam tão corretas aqui eu percebia em seu olhar, percebia no olhar de Henry.

Meu amante foi próximo a mim segurando as minhas costas, caminhando comigo até um espelho enorme instalado no canto esquerdo da sala. Fiquei frente a frente contemplando o meu próprio reflexo e dele atrás de mim.

-Você tem uns olhos lindos, baby! -O elogiou era fora de hora, mas eu pude notar em seu tom que havia muito mais por trás daquele simples elogio. -Pena que eles te entregam.
-Que história é essa, Henry? -Eu já estava me tremendo, juro, eu não conseguia entender nada e estava ficando com medo disso. -Fala logo o que está acontecendo.
-Há uma microcâmera instalada em sua retina, tão pequena que você não sente absolutamente nada. Apenas Luke sentia ao descobrir que estava na cama comigo. -Abri minha boca em "O" comecei a ficar ofegante, o ar não circulava em mim e eu achei que ia desmaiar.

Como aquele homem foi capaz de fazer isso comigo? Luke era um... um monstro?

-Com que direito você fez isso comigo! -Fui pra cima de Luke com fúria estapeando com força, chorando ao mesmo tempo. -Me invadindo assim, como se tivesse direitos. Desde quando você faz isso, diz!
-Desde...desde que nos conhecemos. -O fulminei com os olhos, não reconhecendo aquele homem a minha frente. Ele julgava tanto Henry, mas era mil vezes pior que ele.
-Acontece que Luke nunca confiou em você. Ele não podia confiar em alguém que mal conhecia, deixando-a entrar em sua vida em sua intimidade com tanta grana que possue.
-Eu quero ouvir da boca desse homem, Henry. Ele vai ter que me dizer tudo que fez e agora mesmo. -Meu corpo tremia, eu queria matar Luke, mata-lo por ter feito tudo que fez. -Anda Luke, desembucha! _Luke mordeu o lábio prestes a me contar tudo.
-Isso aconteceu logo depois que aceitou a namorar comigo, na nossa primeira noite de amor....-Respirou fundo, para depois continuar. - Eu a dopei, e levei há uma clínica. Eles fizeram uma pequena cirurgia implantando uma microcâmera na sua retina e assim eu pude controlar todos os seus passos. -Coloquei a mão nos meus olhos, chocada com a monstruosidade daquela situação. Havia uma coisa dentro de mim ao qual acabou comigo.

Minhas lágrimas saiam em abundância dos meus olhos, em pensar que cada um daquela família eram doentes. Luke que sempre falava da periculosidade do irmão era ainda pior que ele. Em pensar que senti culpa por ter trocado o homem que eu julgava integro pra ficar com o homem que aparentemente era um bandido, agora eu vejo que quem não prestava era ele. Eu estava com nojo daquele homem deplorável na minha frente.

-Está vendo, baby? Luke nunca foi um santo, era um demônio na pele de cordeiro.
-Você não tem o direito de falar nada de mim! Você sempre soube, e mesmo assim a manipulou, usou pra o seu plano de merda.
-Henry nunca me obrigou a nada, Luke! -Me impus. -Tudo que fiz foi porque eu quis fazer. Já você, agiu por minhas costas.
-Eu quero você fora da minha empresa Luke e eu não vou dizer duas vezes.
-Pois eu não vou a lugar nenhum. Meu pai me colocou como dono, você não é nada aqui pra dizer o que eu devo fazer. -Luke enfrentou  Henry, mas por muito pouco tempo, até Henry dar um soco na cara de Luke, de repente fazendo o seu nariz sangrar instantaneamente.
-Vamos ver se seu papaizinho vai te ajudar agora seu covarde! -Mas Luke reagiu e revidou o soco.

Os dois irmãos começaram uma luta entre eles, Henry o socava sem dó, Luke tentava revidar agora, mas Henry conseguia desvencilhar e o socar mais, eu não sabia o que fazer, não sabia como agir em uma situação como esta. Eles se matariam se ninguém chegasse, até que finalmente ficaram de pé um olhando para o outro.

-Anda Henry, me mata! Esse não foi sempre o seu desejo? Então faz.
-Acabou Luke, não vale a pena brigar com você. É um maricas. -Henry gargalhou.

Mas Luke pegou algo do bolso rapidamente, e quando apontou para nós percebi que era uma arma.

-Não Luke, por favor, não mate o seu irmão. -Supliquei com medo do que ele seria capaz agora. E mais uma vez eu não conhecia aquele homem na minha frente apontando uma arma 38 na cara do próprio irmão. Em pensar que eu esperava essa reação de Henry e não dele.
-Ele não tem coragem baby, não se preocupe. -Henry estava tão tranquilo que me desesperava. -Atira Luke, vai. Atira de vez e se livra de mim.
-Não, não Luke não escuta ele. -Se Luke atirasse nele estaria acabando com a minha vida de vez.

Eu jamais iria me recuperar, eu jamais teria sentido para viver agora. Eu amava aquele homem e isso estava tão claro para mim que eu sofria.

Henry caminhou em sua direção com sangue escorrendo em sua boca. Luke não parava de encarar o irmão tão nervoso que suas pernas tremiam, sempre em alerta, sabia que os movimentos de Henry eram imprevisíveis. Foi quando Henry puxou a arma da mãos de Luke abruptamente sem nenhum tipo de esforço, fazendo Luke assustar e eu me aliviar.

-Você me faz rir maninho. -Henry continuava encarando o irmão tranquilamente. -Quero que saia da minha empresa hoje mesmo, ou eu tomo as medidas necessárias... Anda baby, vamos embora daqui.

Henry me puxou e eu o acompanhei olhando com nojo para Luke. Eu só queria sair dali de uma vez por todas e tirar essa merda dos meus olhos que Luke havia colocado por puro egoísmo. A vida dá voltas mesmo, e agora ela mostrava quem era o irmão mais novo.


......................................

Luke se mostra um problemático ao longo da história, mas acredite, nesta história tem reviravoltas o tempo todo. Por favor, comentem, preciso da opinião de vocês. Muito obrigada!





Eu quero Você I - Ambiciosos (Sem revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora