Capítulo 28

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Caminhei em passos pesados até um armário onde estavam as coisas de Henry, sua maleta preta excecutiva estava dentro, e eu a capturei. A abri com cuidado vasculhando a procura do diário do imponente Roy Johnson.


Encontrei uma agenda de estilo executivo mediana de capa de couro da cor vermelha vinho, sem muitos detalhes, presumi ser aquilo que eu procurava. Olhei para Henry reafirmando com a cabeça e ele assentiu. Devolvi sua maleta no lugar certo e caminhei de volta para perto dele sentando em uma cadeira.

-Abra na página em que há um marca texto enfiado. -Assenti fazendo o que me pediu. 

Havia textos à caneta que preenchia toda as páginas, deixando os papeis em um relevo impressionante. Caligrafia de um senhor de idade, porém legível.

-Comece a ler...em voz alta, por favor. -Assenti mais uma vez. Percorri os meus olhos no começo da página e me pus a ler.

"Eu sei que nunca fui o pior dos homens, nem o pior dos pais, mas tudo o que fiz até aqui, e todas as coisas que vem acontecendo na minha família não passou de culpa minha. Jane era a mulher da minha vida. Assim que a conheci se tornou o meu mundo, o meu abrigo, como um lar acolhedor ao qual eu poderia voltar depois de um dia difícil para me consolar. Eu adorava o seu sorriso, sua voz, seu jeito simples de se relacionar com as pessoas, sua meiguice e o jeito que me olhava. Resolvi então, que daria a ela tudo que precisasse; Amor, carinho, dignidade, felicidade. E o mais importante que precisava naquele momento....um pouco de paz. 

Acontece que Jane vivia com um homem, um homem sórdido que a espancava o quanto podia. No começo eu não percebi, ela era apenas uma secretária meiga que estava disposta a me ajudar no que fosse preciso. Cuidava das minhas agendas, cuidava do meu almoço, cuidava se eu havia  trabalhado demais ou até mesmo de menos. Mesmo que fosse sua obrigação, eu sabia que era de uma forma diferente e isso me encantou. Ela era uma mulher ao qual fazia tudo que eu sempre sonhei, me dava atenção... atenção ao qual eu nunca tive. Eu sabia que era casada, porém também sabia que não era feliz, por vezes me confessava o quanto sofria com aquela vida, o quanto queria ir embora daquela cidade. Tive esperanças. 

Mas depois de um tempo eu comecei a desconfiar do seu comportamento, Jane que só tinha sorrisos em seus lábios, passou a ficar recanteada, quieta. Tentei questiona-la. E em uma tentativa de fuga dos meus braços enquanto a segurava, foi que percebi uma mancha roxa em seu ombro direito. Não precisei pensar muito para saber o que acontecia.

Fui até a casa de Jane naquele noite tomar satisfações, mas Bernad, o seu marido e eu discutimos muito. Avisei que se tocasse de novo em Jane eu o mataria. Consegui tira-la daquela casa, pelo menos naquela noite. Foi então que nos envolvemos. Pela primeira vez nos beijamos e pela primeira vez fizemos amor. Fiquei obstinado em tê-la como minha e já estava tudo certo para que ficássemos juntos, pois ela também me amava. Mas no dia seguinte Bernad convenceu Jane em voltar com ela, a ameaçando me matar. Para uma mulher apaixonada e assustada, ela não pensou duas vezes. Disse que era Bernad que amava, e para mim jamais a procurar novamente -- uma forma de me defender. Mas eu não me dei por vencido.

Dias depois quando fui procura-la, Bernad estava a espancando de novo, só que agora diante de mim, virei um bicho. Entrei dentro daquele pequeno trailer e o tirei de cima dela, comecei a soca-lo como louco, Jane chorava e eu estava determinado a mata-lo com as minhas próprias mãos, tamanho o ódio que eu sentia. Ele pegou um maçarico de empreiteiro e usou como arma contra mim. Mas fui mais rápido, tomando de sua mão e lhe acertando a cabeça até que ele caísse desmaiado ao meu lado, mas não parei por aí. Continuei acertando sua cabeça enquanto o sangue espirrava sobre mim. Como um louco, pensando em tudo que havia feito a mulher que eu mais amava na vida, por ter sido tão covarde, por ter tirado de mim. Jane chorava pedindo que eu parasse, mas eu não pude, definitivamente não pude. Quando em fim voltei a mim já era tarde eu havia feito, matei Bernad por ódio.

Eu quero Você I - Ambiciosos (Sem revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora