Segundo ano, Ensino médio. (Depois das férias de verão) (IV)

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Bati na porta duas vezes e me afastei esperando a resposta.

- Melanie - Diógenes o pai de Peterson abriu a porta com um sorriso - Bem vinda pequena - Disse depositando um beijo na minha bochecha - Pode entrar.

Entrei rapidamente na casa que já me era tão familiar.

- Peterson está? - Perguntei olhando em volta, ele normalmente teria me atendido.

- Ele saiu bem cedo - Disse Diógenes fechando a porta - Ele anda meio pensativo, vocês estão bem? - Perguntou preocupado.

- Não sei direito - Respondi sinceramente - Ele sumiu nos últimos dias e não atende o telefone.

Havia se passado duas semanas desde que havia contado pra Peterson sobre o verão, ainda estávamos de férias e meu pai estava sendo rígido, me proibindo de sair e de que Peterson fosse me ver, mas depois de Peet ficar três dias sem me responder ou me atender decidi ignorar meu pai e vim visita-lo.

- Ah! Acho que ele quebrou o celular.

- Ele quebrou? - Perguntei estranhando.

- Não sei direito - Disse ligando a Tv e se jogando no sofá - Acho que foi um acidente, ele não quis falar sobre isso e é isso que estou estranhando, ele não fala mais sobre nada.

Não pude evitar pensar que eu na minha situação é que deveria estar agindo assim, era tudo muito estranho.

- Estranho - Disse me sentando ao seu lado.

Milhares de pensamentos passaram pela minha cabeça e o mais intenso deles obviamente era a possibilidade de que Peterson estivesse desistindo de ficar ao meu lado.

- Talvez seja só estresse - Disse seu pai condescendente - Ele está com umas idéias de que precisa de um emprego e que precisa ir pra faculdade com seus próprios méritos, ele sabe que vou ajuda-lo, mas ele é cabeça dura.

- É - Disse sorrindo - muito cabeça dura.

- Mas eu tenho medo que ele esteja voltando para o momento pós Lucca - Disse tristonho - Peterson é forte, mas acha que tem que enfrentar tudo sozinho, você é a única exceção a isso - Falou me olhando carinhosamente - Eu te agradeço muito por isso - Disse segurando minhas mãos nas suas - Foi a única capaz de fazê-lo se abrir e tenho certeza que vai conseguir ajuda-lo nessa fase também.

Eu era realmente agradecida por esse carinho, mas mal sabia Diógenes que quem precisava de ajuda era eu.

Passei uma manhã muito agradável com Diógenes que praticamente me entupiu de bolos, panquecas e outras coisas doces que normalmente nossas avós fazem, ele era o tipo de pai que fazia todos os papéis possíveis na vida de Peterson, pai, mãe, irmão mais velho, avó, era extremamente carinhoso e rígido quando devia ser, era um pai que qualquer um gostaria de ter e eu sabia que apesar de gostar de ser sozinho Peterson agradecia muito por ter o pai que tinha.

- Bom espero que você não suma hein Mel - Disse carinhosamente, retirando o prato de torta que eu já havia comido - Gosto tanto de ter alguém pra mimar e conversar, não conte pra Peterson, mas você é muito mais divertida que ele.

Nós dois sorrimos contentes e descontraídos. Ouvimos a porta da sala se abrir e fechar rapidamente.

- Peterson? - gritou Diógenes - É você filho?

- Sim pai - Ouvi Peterson gritar de volta - Cheguei, vou pro meu quarto.

- Melanie está aqui filho - Diógenes falou rapidamente e ouvimos em silêncio os passos pesados de Peterson vindo até nós.

Ele apareceu com uma cara nada agradável, me observou como se me repreendêsse.

- Oi - Disse timidamente.

- Vamos subir - Disse passando as mãos nos cabelos.

- Claro - Me levantei rapidamente - Obrigado por tudo Diógenes.

- Que isso pequena, não precisa agradecer.

Depois de depositar um beijo em seu rosto segui Peterson em silencio até o andar de cima onde ficava seu quarto.

- O que faz aqui Melanie? - Perguntou bruscamente.

Senti meu sangue esfriar no corpo.

- Vim te ver Peet - Disse me aproximando dele - Fiquei preocupada, você não me respondia e não atendia minhas ligações.

- Meu celular quebrou - Disse rapidamente - Mas e seu pai? Não estava de castigo?

- Sim, mas eu não ligo pro que ele quer, não me interessa se ele vai ficar bravo, eu precisava ver você.

- Não podia ter feito isso Melanie - Disse extremamente bravo - Devia obedecer seu pai.

- Como assim Peterson? - Perguntei estranhando sua reação - Eu precisava te ver, estava preocupada, achei qur tivesse acontecido alguma coisa.

- Isso não é desculpa Melanie - Disse ainda bravo - Não precisa dar mais motivos pro seu pai me odiar.

- O que queria que eu fizesse? Ficasse em casa e fingisse que estava tudo bem? - Disse frustrada - Não queria me ver também? Porque se for isso, é só dizer.

- Não é isso Mel - Disse carinhoso e me abraçou - Eu sempre quero te ver, só queria fazer as coisas da forma certa, quero que seu pai me aceite, não quero que ele brigue com você por minha causa.

- Eu sei Peet - Disse sentindo as lagrimas escorrerem pelo meu rosto - Mas acho que talvez ele nunca aceite e não me importo, vou lutar pra ter você do meu lado.

- Não é a melhor forma de fazer isso Mel - Disse segurando meu rosto em suas mãos - Vamos tentar da maneira certa tudo bem?

Acenei positivamente com a cabeça, tentando controlar as lágrimas bobas que caiam.

- Então é melhor você ir embora agora - Disse me soltando.

Senti como se aquelas palavras significassem mais do que o literal.

- Quer que eu vá embora? - Perguntei sentindo mais lagrimas rolarem.

- É melhor assim - Disse sem me olhar nos olhos - Já te expliquei.

Senti meu coração doer, ele estava certo, mas era quase como ser rejeitada, havia desobedecido meu pai, o esperei a manhã inteira e estava ali pra ele, mas agora estava sendo mandada embora.

- Meu pai vai ficar bravo de qualquer forma, podíamos pelo menos aproveitar o resto do dia - Quase implorei pra ele e me senti uma tonta por isso, eu devia ir embora logo.

- Melhor não Mel - Disse me olhando nos olhos - Vou te levar pra casa.

Me pegou pela mão e praticamente me arrastou escada abaixo e porta a fora. Caminhou ao meu lado segurando minha mão, mas seguramente afastado.

O que estava acontecendo afinal? Por que ele estava agindo assim?

Rapidamente chegamos em casa, o carro do meu pai não estava, então provavelmente já havia saído.

- Peterson - Disse parando em sua frente e o encarando - O que está acontecendo?

- Como assim Mel?

- Você está todo estranho e não é só porque desobedeci meu pai, então não tente me dizer que é isso.

- Mel... - Disse parecendo impaciente.

- Não Peterson, seja sincero - Disse me sentindo uma maluca - Eu mereço pelo menos isso, você não acha? Diz que é por causa do que eu te contei, admita que é por isso que está agindo assim - Já sentia as lágrimas pesadas e perturbadoras novamente.

- Mel, não é isso - Disse me olhando nos olhos e me puxou pra mais perto dele - Não diz mais essas coisas, não tem nada a ver Mel - Me abraçou forte e encostou nossas testas juntas - Eu amo você e quero fazer as coisas certas, não pense que tem outras coisas porque não tem, eu te amo - Disse e me beijou, um beijo extremamente carinhoso e apaixonado.

- Também te amo Peet - Disse retribuindo o beijo e deixando todos os pensamentos ruins se esvairem.

Não me abandoneOnde histórias criam vida. Descubra agora