Dias atuais, Terceiro ano. (XV)

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"Todas as coisas que desejei não ter dito são tocadas nos meus lábios até o momento que se torna loucura em minha cabeça, é muito tarde pra te lembrar como nos éramos, mas não, nossos últimos dias de silencio, gritando, obscuros. Quase tudo de que lembro, me dá certeza de que eu devia ter te impedido de passar porta afora" - You Could Be Happy - Snow Patrol.

- Isso não resolve tudo, Peet - Disse afastando suas mãos da minha cintura.

- Eu sei - Ele ficou mais serio - Mas quero resolver as coisas, Mel. Me deixe tentar - Disse voltando suas mãos para minha cintura mais confiante.

- Não vou te impedir - Olhei em seus olhos sem me afastar - Mas minha mãe é prioridade agora.

- Tudo bem - Ele sorriu ainda confiante - Vamos ajudar sua mãe e depois nos resolvemos.

- Certo - Disse e me afastei dele que relutou um pouco.

Fui até a sacola e finalmente peguei um salgadinho, estava morrendo de fome.

- Só tinha isso na lojinha do hotel - Ele explicou se sentando ao meu lado - Mas se quiser podemos sair para comer alguma coisa.

- Não, tudo bem - Eu disse abrindo o salgadinho e pegando um punhado.

- Então prefere ficar aqui nesse quarto a tarde toda? - Ele apelou com um sorriso malicioso.

- Isso me parece muito tentador - Eu disse deixando o saco de lado - Mas estou mesmo morrendo de fome.

Ele abriu um enorme sorriso satisfeito e foi até a porta a abrindo pra mim como um gesto galanteador.

- Melanie - Peterson me chamou serio, quando já estávamos na lanchonete que encontramos perto do hotel - Nós nunca falamos direito sobre o que aconteceu - Ele continuou quando percebeu que tinha minha atenção - Da ultima fez que você veio pra cá.

Me senti mal instantaneamente, por que aquele assunto agora.

- Peterson... - Foi só o que eu disse com um olhar repreendedor, mas ele parecia querer insistir no assunto.

- Eu sei que é difícil pra você - Ele continuou - Era difícil pra mim também, até eu aprender a lidar com isso...

- Peterson, para - Eu disse já sentindo meus olhos lacrimejando.

- Mel - Ele tentou dizer docemente - Essa não é a melhor forma de lidar com isso - Disse tentando colocar suas mãos na minha.

- Que droga você sabe sobre isso? - Perguntei retirando minhas mãos das dele, o garçom que estava se aproximando se assustou com meu tom de voz.

Não queria falar sobre o assunto e ele tinha que entender, era obvio que não era a melhor forma de lidar com aquilo, mas o que mais eu podia fazer? Ficar chorando o tempo todo e me sentir fraca? Eu preferia nem pensar a respeito.

- Desculpe - Ele disse rapidamente, não sabia se era pra mim ou se para o garçom que veio nos entregar o cardápio.

Tentei escolher algo no cardápio, mas minha visão estava quase completamente embaçada agora e meu estomago revirando muito. Peterson me encarava e eu não era capaz de encara-lo de volta, ele não devia saber, ninguém devia, ninguém entenderia uma coisa dessas é de se esperar.

- Mel... - Ele chamou cauteloso - Me desculpe, eu não queria... - não soube continuar.

Eu não aguentei mais, levantei rapidamente e sai da lanchonete o mais rápido possível, corri pelas ruas que eu conhecia muito bem e fiquei perdidamente tentada a ir até a casa da minha mãe, Peterson provavelmente estava atrás de mim, mas conseguiria despista-lo rapidamente, a ideia me parecia tentadora. Mas meu instinto falou mais alto, segui rumo ao lugar que sempre me pareceu extremamente acolhedor, sentei em uma das pedras nas quais brinquei muitas vezes e observei o lago a minha frente. Deixei as lágrimas rolarem sem impedimentos, meu coração continuava pesado e eu não sabia o que fazer, estava cansada de chorar e sentir pena de mim mesma, mas realmente não sabia o que fazer.

Não me abandoneOnde histórias criam vida. Descubra agora