Primeiro ano, Ensino médio. (I)

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"Você é como um sonho que virou realidade." - When we were young, Adele.

- Ei Mel, me desculpe mesmo, mas você sabe, quero fazer isso com o Matt, estamos nos entendo, se é que me entende.

Olivia se referia ao trabalho de Literatura que precisava ser feito em dupla, como Matt e Olivia estavam quase namorando eu entendia a situação.

- Tudo bem, não me importo de fazer sozinha.

Matt se aproximou ouvindo minhas ultimas palavras, apoio seu braço sobre os ombros de Olivia se apoiando na mesma mesa a qual ela se apoiava.

- Na verdade você não pode fazer sozinha, se tiver alguma outra pessoa que também estiver sozinha - Matt disse com um sorriso.

- É por isso que estou pedindo desculpa - Olivia disse olhando para o fim da sala, onde Peterson o garoto esquisito e lindo estava.

Arregalei os olhos sentindo um desespero me dominar, por mais que fosse incrível a ideia de ter uma desculpa para falar com ele, eu levava a matéria de Literatura muito a serio e não queria perder pontos por um trabalho não feito.

- Ai meu deus - suspirei.

- Vai lá falar com ele, ele não vai te morder, não é tão ruim quanto parece.

- A qual é Matt você viu o que ele falou para a Catarine?

Ele simplesmente havia detonado a garota, usando aquela voz autoritária, diante de todo o refeitório.

- Olivia, você não está ajudando - disse desanimada.

Os dois me olharam como se nunca mais fossem me ver e eu fui em direção ao fundo da sala, tentando não me desesperar. Estava pensando em milhares de formas de retrucar suas palavras rudes, queria ao menos sair por cima nisso, mas eu era péssima, então suspirei desistindo, me aproximei e parei ao lado de sua carteira. Ele estava lendo um livro, nem levantou o olhar.

- Oi, ãnn... - perdi as palavras percebendo que ele iria me ignorar completamente - me desculpe mesmo te incomodar, mas é uma coisa importante, você tem alguém com quem fazer o trabalho?

Revolução dos Bichos era o livro que lia, ele não respondeu, fiquei parada ali feito uma idiota.

- Olha só, Peterson - ele olhou para mim assim que pronunciei seu nome, mas isso não me fez recuar - Eu preciso dessa nota e a professora não vai aceitar trabalhos individuais, então se puder me ajudar, vai estar ajudando a si mesmo.

Ele riu, um arrepio subiu pela minha espinha, estava preparada para a voz autoritária e piadinhas sarcásticas.

- Tudo bem, então - ele ainda estava rindo - só pegar uma cadeira aí - ele apontou para as cadeiras vazias ao nosso lado - E se sentar aqui

Levantou os ombros tranquilamente e fechou seu livro pegando um caderno e uma lapiseira com borracha na ponta. Fiz o que me disse ainda com medo dele dizer algo desagradável, então tentei me manter um pouco afastada.

- Não precisa ter medo de mim - disse ele notando meu receio - eu não mordo - disse com uma sobrancelha levantada.

- Não mesmo? - perguntei também com a sobrancelha levantada.

Ele riu novamente voltando sua atenção para o caderno.

- Temos que escrever uma história - disse eu tentando agir naturalmente - de no mínimo trinta linhas.

- Por que isso é importante para você? - perguntou ele subitamente me olhando - Está preocupada com a nota apenas, ou gosta de literatura?

Sentia-me completamente perdida, ele estava tentando puxar assunto além do necessário ou era impressão minha?

- Eu gosto muito de literatura, na verdade é minha matéria preferida.

Ele sorriu de novo, eu com certeza poderia me acostumar a esses sorrisos.

- E você?

Ele me olhou cauteloso, fechando completamente seu sorriso, senti que ele estava se recolhendo, iria me expulsar dali logo.

- Não ligo para notas - disse escrevendo o que eu havia dito, "Temos que escrever uma história de no mínimo trinta linhas", em seu caderno.

- Então porque decidiu me aturar?

- Não era minha única opção? - Perguntou me olhando de canto de olho.

Eu ri, ele era bem bipolar.

- Não se você não liga para nota - disse olhando para Matt e Olivia tentando relaxar um pouco - mas vamos ver o que podemos fazer, tem alguma ideia?

- Bom, você pode escolher o gênero, aposto que gosta de romance.

É claro que eu gostava de romance, qual era o problema de gostar de romance?

- Na verdade prefiro mistério.

"Isso aí, minta só pra parecer interessante sua retardada, vai colher os resultados disso no futuro" repreendi a mim mesma.

Peet sorriu parecendo não acreditar muito, mas não disse nada.

- Podemos sei lá, escrever sobre mortes suspeitas, investigações e essas coisas - disse com o pensamento nos livros de Agatha Christie.

- É uma ótima ideia - ele sorriu ainda mais.

"Não é tão ruim quanto parece" lembrei-me das palavras de Matt e concordava realmente com ele, estava ali sentada ao lado do garoto de quem gostava e não havia sido muito maltratada até agora.

A aula acabou rapidamente e eu me senti um pouco decepcionada com isso. Mas havíamos combinado de terminar o trabalho no almoço amanhã e talvez até nos falarmos na internet, ainda tínhamos bastante tempo, entretanto ele disse que seria melhor terminarmos rapidamente, obviamente querendo fugir de mim.

Não me abandoneOnde histórias criam vida. Descubra agora