Eu acordei sentindo uma inexplicável alegria, abri os olhos lentamente e vi a luz passar fracamente pela persiana barata do quarto de hotel, estava espalhada sobre a cama enrolada em um lençol branco ainda sem roupa nenhuma, elas estavam espalhadas pelo chão e as memórias de como elas foram parar ali voltavam lentamente, memórias da melhor noite da minha vida. Me sentei na cama, preguiçosamente me enrolando ainda mais no lençol, Peterson não estava ali e não ouvia nenhum som vir do banheiro então imaginei que estivesse sozinha, fiquei preocupada me questionando sobre onde ele poderia estar, mas tudo o que me restava era esperar que ele votasse então me joguei para trás voltando a deitar e me enroscar com o travesseiro que tinha o cheiro de Peet. Não demorou muito para que a porta se abrisse e eu visse o garoto que eu amava entrar com um sorriso maravilhoso nos lábios, me sentei rapidamente sorrindo para ele também, levantou expressivamente as duas mãos que carregavam duas sacolas com alimentos.
- Achei que ia gostar de café na cama – Ele se aproximou e colocou as sacolas no criado mudo.
Engatinhei na cama indo para o lado onde ele estava e me ajoelhei segurando seu pescoço.
- É claro que eu adoraria café na cama – Disse sorrindo perto de seus lábios – Mas quem te deu permissão para vestir sua roupa?
Ele sorriu lindamente e me beijou segurando meus cabelos delicadamente.
- Eu te amo sabia? – Disse serio entre nossos beijos.
- Houve um tempo em que duvidei muito disso – Disse sinceramente sem me afastar.
- Sinto muito por isso, mas nunca mais você vai duvidar – Confiante ele me pegou no colo deixando o lençol escorrer entre a gente e parar no chão.
- Eu amo muito você – Ainda nos beijávamos intensamente – Mas a gente tem uma missão.
- Claro – Ele sorriu e me carregou até perto da porta do banheiro – Vá tomar um banho, depois do café nós vamos sair.
- Para onde? – Perguntei tentando adivinhar.
- Banho primeiro – Disse me colocando no chão com um ultimo beijo.
Fui para o banho um pouco contrariada e curiosa, fiquei ouvindo enquanto ele arrumava as coisas no quarto. Por mais que a água quente estivesse deliciosa não me demorei muito e sai enrola em uma toalha.
- Nossa o que é isso? – Perguntei observando rosquinhas, biscoito e panqueca sobre o criado mudo de onde ele tirou até mesmo o abajur para caber tudo aquilo.
- Nosso café da manhã – Respondeu com um sorriso, me observando de cima a baixo.
Ele se sentou na beira da cama pegando duas garrafas de suco da ultima sacola.
- Nada de café? – Me aproximei para lhe beijar.
- Café faz mal e causa ansiedade, precisamos de tranquilidade – Sorriu retribuindo mais um beijo – Por isso comprei de maracujá.
- Maracujá – Revirei os olhos – Que tédio – Disse me sentando em seu colo.
- Não tem nada de tedioso – Disse me puxando para mais perto.
Comemos todas aquelas besteiras açucaradas e tomamos o suco de maracujá que ele insistiu em trocar pelo café.
- Mas então o que aconteceu ontem? – Perguntei finalmente depois de um tempo de distração.
- Fui até a casa da sua mãe e quando eu cheguei ele estava lá – Começou a contar o tempo todo me observando – Tive uma vontade tremenda de entrar lá e matar aquele cara, juro por Deus que foi por pouco.
- Peet...
- Mas eu soube me controlar, eu esperei que ele saísse para que eu pudesse ao menos falar com a sua mãe, ele demorou bastante fiquei lá por horas apenas observando, então quando anoiteceu ele saiu e eu toquei a campainha da sua casa – Ele bebeu um pouco de suco antes de continuar – Sua mãe me atendeu surpresa, ela me reconheceu de uma foto que você mostrou eu acho e me deixou entrar – Observei sua feição apreensiva em imaginar o que disse para minha mãe – Falei para ela que você estava aqui e que precisava conversar com ela, não disse nada além disso, ela ficou confusa, mas aceitou nos encontrar hoje sozinha.
Senti a esperança no meu coração reavivar, lhe sorri e lhe dei um beijo de agradecimento.
- Obrigado Peet – Disse o abraçando ainda mais forte – Obrigado mesmo.
- Eu vim pra isso Mel – Sorriu enquanto também me apertava em seus braços.
- Mas onde isso? – Perguntei apressada – Quando?
- Na hora do almoço Mel – Disse rapidamente – Ainda temos duas horas e vai ser naquele restaurante do centro, ela disse que você sabe onde é.
- Sim, onde a gente jantava toda sexta – As lembranças voltavam mais felizes agora, pois eu tinha esperança de salvar minha mãe daquele canalha e dessa vez para sempre.
- Você está preparada para isso? – Perguntou parecendo preocupado.
- Tenho que estar – Senti o medo da reação dela em relação ao que eu pretendia contar, talvez ela surtasse e nunca entendesse – Obrigado mesmo Peet – Agradeci novamente – Não conseguiria fazer nada disso se não estivesse aqui – Ele sorriu tranquilo – E também não saberia a verdade se não fosse aquela bendita carta.
- Eu tentei te contar antes – Disse rapidamente – Desde o começo desse ano – Me lembrava bem de todas as suas tentativas – Pedi ajuda para a Olivia e até mesmo pro idiota do Matt que obviamente se negou a ajudar.
- Eu não ouviria de qualquer forma, não ouvi nem mesmo Olivia, mas porque resolveu me contar agora? – Perguntei agoniada – Por que só esse ano?
- Eu já te expliquei essa parte – Sorriu dolorosamente – É porque você vai embora, vai para a faculdade e eu nunca quis que você se fosse pensando que eu não te amasse, nunca quis que se fosse me odiando.
Senti meu coração pesar no peito, sim, eu ia para a faculdade dali a poucos meses e agora que finalmente tínhamos nos entendido simplesmente nos separaríamos novamente, me levantei rapidamente de seu colo me sentindo transtornada.
- Isso foi muito egoísmo da sua parte Peterson – Senti algumas lagrimas começarem a pesar nos meus olhos – É tão injusto.
- Eu sei, mas você sabe Mel que eu simplesmente não podia antes, era muito perigoso – Seus olhos estavam chorosos e ele parecia extremamente arrependido.
Voltei para perto dele encostando minha testa na sua, senti minhas lagrimas caírem e desabei me sentando ao seu lado.
- Mas eu vou – Disse com a voz embargada – eu vou para faculdade dentro de meses.
- Eu sei – Sua voz era triste – Não poderia te pedir o contrario Mel e não importa o que acontecer agora, eu sempre vou te amar – Ele voltou a encostar nossas testas juntas.
- Também vou te amar sempre Peet – Disse encarando seu olhos – Só queria que tivéssemos mais tempo.
- Isso aconteceria de uma forma ou de outra – Disse tentando me convencer – Não é o fim do mundo.
- Mas será o nosso fim? – Perguntei indo direto ao assunto.
- Não sei, simplesmente há tanta coisa a considerar para responder isso.
Suas palavras estavam certas e não havia nada que pudéssemos resolver por hora, nos encaramos tentando entender um o que o outro sentia e caímos em um silencio doloroso.
- Ok – Disse finalmente quebrando o silencio – Vamos deixar o tempo dizer – Dito isso lhe dei um beijo leve e ele sorriu, novamente me analisou de cima a baixo e só então me lembrei que ainda estava apenas de toalha, seus olhos estavam divertidos, mas havia muito desejo por ali, muito provavelmente, assim como nos meus.
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Não me abandone
Roman d'amour[Finalizado] Na verdade eu não tinha muita coisa a reclamar do ensino médio em si, só mesmo um fato, um fato que tinha mudado muito as coisas, para pior, mas também para melhor. Basicamente nunca havia me dado bem nas outras escolas por onde havia...