- Então, você e Matt? - Olivia perguntou me analisando.
Estavamos no quintal de casa, deitadas sobre um pano xadrez onde tinhamos acabado de fazer piquenique.
- O que tem eu e o Matt? - Olivia continuava a me analisar como se tivesse certeza que eu havia feito burrada de novo e ficado com o Matt.
- Ele te trouxe para casa? - Perguntou pretenciosamente.
- Trouxe Ollie, mas você sabe que não aconteceu nada - Disse meio impaciente.
- Sei? - Sorriu maliciosamente.
- E você e o William? - Perguntei mudando o foco do assunto.
Analisando a expressão de Ollie percebi que havia algo de errado acontecendo. Ela não respondeu e colocou seus óculos escuros, havia lágrimas rolando abaixo de seus olhos.
- Ollie? - Chamei preocupada e me sentei para avalia-la melhor.
- É complicado Mel - Disse e se sentou também juntando seus joelhos no peito.
- Você sabe que eu entendo bem coisas complicadas, Ollie - Segurei suas mãos para tentar tranquiliza-la - Pode me dizer tudo, estou aqui para te ajudar.
- Ele não quer saber de mim, não quer um namoro nem nada assim - Suas lágrimas rolavam ainda mais - Mas eu gosto dele, realmente gosto, as vezes ele é tão perfeito e do nada muda comigo, eu não sei o que fazer.
Era absolutamente estranho ver Ollie assim, tão insegura.
- Ele pareceu ser um cara legal - Tentava procurar as coisas certas para dizer, mas isso nunca é fácil - Mas quando alguém não quer, Ollie, não há o que fazer.
- Mas eu não consigo simplesmente evitar gostar dele - Disse limpando as lagrimas.
- Isso eu entendo - Sorri amargamente - A gente sempre acaba gostando do que nos faz mal.
- Então não tem jeito? Nascemos para ser infelizes?
- Não, Ollie, claro que não - Disse tentando anima-la - Nascemos para destruir corações.
Ela sorriu com umas últimas lagrimas escorrendo.
- E como faço isso se não consigo nem manter o meu intacto? - limpou as últimas lagrimas e voltou a se deitar olhando para o céu.
- Só acho que você devia se desapegar aos poucos dele - Me deitei ao seu lado também contemplando o céu - A gente sofre quando nos apegamos demais, mas se você gosta realmente dele de um jeito em tudo isso.
- Como? - Perguntou me olhando.
- Faça ele se apaixonar por você.
- Como se fosse fácil - Se deitou virada para mim apoiada no cotovelo.
- Você é simplesmente deslumbrante, Ollie, só precisa que ele perceba todas as suas qualidades.
- E o que você sugere? - Parecia mais a Olivia que eu conhecia, determinada.
- Vá aos shows dele, seja uma boa fã, o seduza deixe-o louco por você.
Abriu o sorriso mais fabuloso dos últimos tempos.
- Posso fazer isso - Se deitou novamente de costas - Mas acho que ele já se enjoou de mim.
- Então mostre as outras mil Olivias que há ai dentro - Talvez fosse uma péssima ideia tudo isso, mas conhecendo Olivia como conhecia seria ao menos divertido para ela.
O telefone de casa tocou e eu me levantei rapidamente para atender, esperava que fosse minha mãe finalmente retornando minha ligação.
- Alo? - Chamei ouvindo a respiração na linha.
Ouvi um tempo de silêncio e depois uma risada invadiu o fone, meu sangue esfriou no corpo e todos os meus pelos se arrepiaram.
- Malanay - A voz de Ronald saiu embaçada, mas trouxe milhares de lembranças de volta para minha mente.
Fiquei paralisada com o fone no ouvido sem responder.
- Sei que é você - Ele riu novamente.
- Porque está me ligando? - Perguntei perturbada.
- Senti saudades - A risada surgiu novamente me arrepiando - Estou com o telefone da sua mãe, vi seus recados e não queria te deixar preocupada, por que não vem me visitar mais Melzinha?
- Não devia ligar aqui, se meu pai atendesse...
- Seu pai é um idiota, um fraco - Ele interrompeu quase gritando, parecia fora de controle - Todos vocês são.
- Eu devia chamar a polícia - Disse sentindo a raiva tomar conta de mim.
- Sabe o que pode acontecer a sua mãe se fizer isso? Não brinque comigo Melanie.
Senti as lágrimas rolarem pela minha bochecha, uma mistura de desespero e ódio.
- Não vai fazer nada a ela! - Gritei loucamente para o telefone.- Não farei se você for boazinha - Podia imaginar um sorriso amarelo e perverso - mas eu posso dar um sumiço na sua mãezinha a qualquer momento.
- A polícia te acharia seu canalha - Ainda não conseguia acalmar meus nervos, era tudo surreal.
- Acredita mesmo nisso? Acho que não - Respondeu a própria pergunta - A vida da sua mãe vale o risco Melanay?
Não respondi, devia desligar de uma vez, mas a preocupação com minha mãe me impedia.
- Venha me visitar, ver como sua mãe está - Continuou com um riso na voz - Para ter certeza de que ela está bem, a gente pode se divertir de novo.
- Nunca mais vai encostar em mim seu canalha nojento - Gritei desesperada de novo - E eu vou matar você se fizer algo a minha mãe.
- Então espero que faça isso logo - Disse bravo - Porque vou cuidar da sua mãe rapidinho.
Não! Senti meu coração bater descompassado.
- Por favor, não - Sussurrei, toda a raiva já havia sumido dando lugar para o medo.
- Venha me ver Melanay e nada acontecerá a ela - Seu riso perverso dominou novamente meus ouvidos.
Antes que eu pudesse dizer algo mais ele desligou o telefone. Desabei no sofá sentindo minha sanidade se esvair, as lágrimas saiam descontroladas.
- Melanie? - Olivia entrou na casa preocupada - O que houve? - Perguntou se sentando ao meu lado e me abraçando.
Me confortei em seu abraço sem dizer nenhuma palavra.
Eu tinha que ir atrás dele, tinha que impedi-lo de fazer algo contra minha mãe, isso tinha que acabar de uma vez por todas.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Não me abandone
Storie d'amore[Finalizado] Na verdade eu não tinha muita coisa a reclamar do ensino médio em si, só mesmo um fato, um fato que tinha mudado muito as coisas, para pior, mas também para melhor. Basicamente nunca havia me dado bem nas outras escolas por onde havia...