Primeiro ano, Ensino Médio (XV)

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"Tudo isto parece estranho e irreal e eu não vou perder um só momento sem você" - Open Your Eyes, Snow Patrol.

Eu encarei aqueles olhos negros pela milésima vez, ainda não acreditava que tudo aquilo estava acontecendo, ele me segurou pela cintura me aproximando mais dele, nossos corpos estavam grudados de uma forma em que eu nunca havia estado antes com nenhum outro garoto. Me senti um pouco envergonhada pois haviam pessoas passando por ali e vez ou outra alguém lançava o olhar para nós, estávamos na saída do cinema onde havíamos acabado de assistir um filme bem chato e meloso.

- Você está corada - Ele sorriu alisando meu rosto com a mão direita - Fica linda assim.

- Peet - Eu disse ainda mais envergonhada - As pessoas estão nos olhando.

Ele abriu um sorriso magnifico.

- Mel, somos namorados, não estamos fazendo nada demais - Disse ainda me segurando perto dele.

- Namorados? - Minhas bochechas coraram ainda mais e eu sorri bobamente com a palavra.

Estávamos juntos a um pouco mais de um mês e nunca tocamos no assunto, por mais que fosse obvio para todos o que realmente acontecia.

- É claro - Disse me analisando - Achei que fosse o que queria.

- Com certeza é o que eu quero, Peet - Eu disse sorrindo ainda mais e me aproximando novamente para beija-lo.

Seus lábios ainda pareciam inebriantes como a primeira vez que nos beijamos e eu não me cansava de aprecia-los. Mas ele me afastou rapidamente sem dizer nada, me olhou nos olhos e sorriu timidamente, olhou em volta e segurando minha mão se abaixou encostando um joelho no chão.

Eu podia sentir minha bochecha queimar mais que nunca e meu sorriso chegava a doer de tão grande.

- Melanie Lins - Peterson começou com a voz alterada - Tenho pensado muito em você e no quanto sou agradecido por te ter na minha vida - Ele sorriu um maravilhoso sorriso satisfeito - Você aceita ser minha namorada? 

- Aceito - Eu disse sorrindo feito uma boba me sentindo a pessoa mais feliz do mundo. 

Ele se levantou e me abraçou fortemente, queria que ele nunca mais me soltasse, sentia uma vontade contagiante de dizer que o amava, mas "amor" ainda não era uma palavra nossa e eu esperava que partisse dele a iniciativa, eu sabia que era meio bobo, mas ainda assim era o que esperava.

- Quer ir pra casa? - Ele perguntou depois de me beijar suavemente. 

- Não - Respondi sinceramente.

- Também não quero que vá - Disse sorrindo - Mas quer fazer o que então?

- Não sei, só quero ficar com você - Eram quase seis da tarde e eu não queria ir embora antes das oito pelo menos.

- Então vamos, tem um lugar que eu quero te mostrar - Ele disse segurando minha mão na sua.

Andamos lado a lado, por ruas que eu não conhecia, mas eu não podia me sentir mais segura, subimos uma rua de paralelepípedos que parecia sem saída, mas quando chegamos lá Peterson indicou uma trilha no meio de arvores grandes.

Em questão de minutos chegamos a um penhasco, de onde podíamos ver boa parte da cidade, Peterson segurou minhas mãos na sua e observamos o sol se despedir lentamente, era lindo ver aquela bola de fogo que aparentava cair aos poucos por trás da linha do horizonte. 

- É muito lindo! - Disse ainda hipnotizada.

- É fascinante - Ele sorriu - Assim como você.

Senti meu estomago revirar e de repente tudo parecia um sonho, aqueles olhos, aquela maravilhosa cena a nossa frente, suas mãos na minha e aquele formigamento na ponta dos dedos que sentia quando ele me tocava.

- Ainda é tão difícil acreditar nisso tudo - Disse sorrindo ainda encarando aquela visão maravilhosa.

- Também acho impossivel acreditar na sorte que eu tenho - Ele disse me analisando.

Assim que o sol se foi nos sentamos perto da beira do penhasco e ficamos obserando as luzes a baixo de nós. Conversamos sobre as pequenas coisas que nos faziam sentir bem e quase tudo entre nós era unanime principalmente sobre livros e bandas, eu adimiti que gostava muito de romances e ele me contou que sua mãe sempre o incentivara a ser escritor.

- Quero te mostrar uma musica - Ele disse pegando seu celular no bolso da jaqueta que usava - Espero que goste, se não gostar guarde sua opinião para você - Disse brincalhão.

A musica começou a tocar e eu reconheci os primeiros acordes instantaneamente, o encarei espantada.

...

- O que foi? - Ele perguntou sorrindo.

- Isso é snow patrol - Eu disse quase gritanto de felicidade.

- É - ele mostrou um sorriso iluminado - Você conhece?

- Mas é claro que eu conheço - Disse quase não acreditando - É a MINHA banda preferida.

Ele ficou em silencio me olhando intenssamente, a musica tocava perfeitamente ilustrando aquele momento.

- Eu acho que eu amo você - as palavras sairam de sua boca da forma mais natural possível, até cheguei a imaginar que tivesse ouvido errado.

- O que? - ouvi o som do meu coração disparado acima de qualquer outro som.

Ele pareceu indeciso por um segundo.

- Eu acho - ele aproximou mais seu rosto do meu - que eu amo você.

Seus lábios colaram nos meus leve e intensamente, senti um arrepio na coluna e um sentimento de perfeição por um instante.

- Eu também - não evitei o sorriso imenso que surgiu nos meus lábios - acho que amo você.

Ele uniu nossos lábios novamente e repetiu as mesmas palavras diversas vezes no meu ouvido. A lua já iluminava a noite e estando nos braços do primeiro garoto por quem me apaixonei, soube que aquela era a melhor noite da minha vida.

Não me abandoneOnde histórias criam vida. Descubra agora