Primeiro ano, Ensino médio. (III)

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Eu sorri espontaneamente, estava chateada comigo mesma por ter dito aquilo, mas não conseguia evitar sorrir.

Voltei para mesa onde Olivia e Matt estavam, recolhi minha bandeja e eles me seguiram fazendo o mesmo.

- O que aconteceu? - Perguntou Ollie preocupada.

- Ele ficou bravo e depois ficou tranquilo.

Ela me olhou como se fosse eu a maluca.

- Como assim? Achei que ele fosse te trucidar ali mesmo! - disse ela parecendo incrédula.

- Eu também, mas eu pedi desculpa e ele me perdoou.

- Tem certeza? Ele pode, sei lá, estar planejando alguma coisa.

- Por que ele faria isso Ollie? - Perguntou Matheus.

- Por que você sabe como ele é Matheus e depois do que a Mel disse, não duvido nada que ele esteja irado.

- Eu também não - suspirei - mas se ele fizer alguma coisa, estou ciente que mereço isso, preciso ir - disse colocando a bandeja sobre a mesa de limpeza - Tenho um trabalho pra fazer.

Dei as costas a eles antes que viesse algum outro comentário e andei rapidamente para sala de aula.

Ele estava lá sentado encarando seu caderno, quando entrei ele levantou o olhar e depois voltou a baixar, fui em sua direção peguei uma cadeira e me sentei ao seu lado, mais perto do que a ultima vez.

Observei o caderno que ele segurava e a folha que ele olhava estava quase completa, comecei a ler e me espantei como era bem escrito, ele usava muitas palavras diferentes e era totalmente sentimental.

Ele notou que eu estava lendo e virou rapidamente o caderno, olhei para cima para encara-lo.

- Qual o problema? Não posso ler?

- Não - respondeu secamente.

- Mas não é nosso trabalho?

- Sim, mas não terminei, depois que terminar você pode ver e mudar o que quiser.

Apenas acenei relaxando na cadeira e observando seu rosto enquanto escrevia, periodicamente ele olhava pra mim para se certificar que eu não estava lendo. Assim que terminou, leu tudo o que havia escrito, fez algumas anotações a mais e me estendeu o caderno.

Eu li cuidadosamente cada palavra, eram duas folhas cheias de uma escrita magnífica e uma história eletrizante, estranhamente ele colocou minhas características na garota assassina e com as palavras que ele usou parecia que a garota era realmente bonita.

"Longos e sedosos cabelos pretos" "Olhos pequenos que se estreitam com facilidade a cada novo sentimento" "Boca pequena, entretanto com fartura de lábios, lábios que dificilmente se encontram entre si" "Nariz arrebitado que se franzi a cada duvida"

Havia outras descrições também, bem corporais digamos assim e essas eu preferi não atribuir a mim.

- Por que ela é morena? - perguntei quando terminei de ler.

- Tanta coisa pra questionar e questiona o porquê ela é morena?

Assenti positivamente.

- Bom, ahn - ele pareceu pensar um pouco - acho que é mais o perfil dela.

- Por que não loira? Não era para ser um apelo sexual?

- E não é? - Perguntou levantando as sobrancelhas, divertido.

- Sim, mas você sabe, loiras são o clichê.

- Mas morenas causam arrepios maiores, apenas uma morena teria tamanha inteligência e coragem de cometer um crime assim, morenas são mais racionais.

Não me abandoneOnde histórias criam vida. Descubra agora