Dias atuais, Terceiro ano. (XVI)

31 2 0
                                    

Peterson sorriu quando finalmente nos afastamos, sorriu da forma que eu mais amava, mas eu não podia evitar de achar aquilo que tinha acabado de acontecer errado, desde que terminamos eu me sentia péssima toda vez que pensava no beijo de Peterson e me sentia pior ainda quando o beijava, o que aconteceu duas vezes, contando com essa.

- Mel - Ele me chamou carinhoso e eu lhe forcei um sorriso - Vamos ajudar sua mãe, depois nos resolvemos.

Eu me sentia melhor quanto a isso, era o que eu realmente precisava fazer, lhe sorri agradecida e não foi preciso dizer mais nada, ele me ajudou a levantar e voltamos em silêncio em direção ao hotel, ficamos perto da entrada vazia do hotel sentados no meio fio enquanto a tarde passava quente.

- You could be happy, I hope you are (você deveria ser feliz, eu espero que você seja) - Ele começou a cantarolar uma musica do Snow Patrol que eu tanto amava - You made me happier than I did been by far (você me fez mais feliz do que tinha sido até então).

- Para Peet - Eu disse sorrindo - Isso é golpe baixo.

- Eu sei - Ele sorriu brincalhão - É uma bela musica - Disse mais serio - tem tudo a ver com o agora.

- É linda mesmo - disse pensativa - E triste.

- É? Chega de coisas tristes - Disse rapidamente - Me desculpe, por forçar a barra sobre aquele assunto.

- Você está sempre se desculpando - Disse ainda em tom de brincadeira - É difícil Peet, você sabe - disse mais seria - Porque eu ainda sinto medo, ainda tenho sonhos ruins e acho que isso nunca vai mudar.

- Vai sim Mel, sei que é difícil ver isso dessa forma agora, mas aos poucos isso vai embora.

- Posso até acreditar - Disse tentando impedir que as lembranças ruins invadissem meus pensamentos - Mas as vezes é muito difícil lidar com isso, praticamente impossível.

- Como eu disse antes, também depende de como você encara os fatos - Ele disse cauteloso.

- Como assim Peet?

- Tudo isso aconteceu Mel - Disse observando minha reação a cada palavra sua - Não tem como fugir do que não aconteceu.

- Eu sei disso - Tentei sorrir fracamente - Mas você sugere o que? Que eu fale mais sobre isso? - Perguntei meio incerta.

- Sim - Respondeu já esperando meu olhar - Você precisa conversar com alguém em quem possa confiar, com quem vai te entender.

- Você está dizendo o que acho que está dizendo? - Perguntei irritada, mas ele não respondeu - Acha que eu preciso de terapia?

- Mel, não tem que ficar brava com isso - Tentou dizer pacientemente - Fazer terapia não quer dizer que você é louca, só quer dizer que precisa de ajuda.

- Certo - Eu disse tentando não surtar de raiva - Eu sei que eu preciso falar sobre isso - Disse fugindo do seu olhar e tentando segurar minhas lágrimas - Mas eu simplesmente não consigo parar na frente de um estranho e dizer as palavras, elas não saem, não consigo dizer nem para os meus amigos, quem dirá para um estranho.

- Você devia pelo menos tentar - Disse tentando ser sensivel.

- Eu não consigo Peterson, eu fiz isso uma vez - Continuei sentindo o peso do meu coração como algo palpavel - Foi uma das coisas mais dificeis que eu fiz, só contei pra você e por um segundo eu imaginei que esse era o certo a fazer, que eu poderia repetir isso algumas vezes até que não fosse mais doloroso, mas então você foi embora e ... - Não consegui continuar e nem queria, acreditava que ele já havia entendido tudo.

- Eu entendo - Disse parecendo perdido em pensamentos - Isso também é culpa minha.

Eu queria dizer que não, explicar as coisas de uma outra forma, mas eu estava cansada de falar sobre o assunto.

- Não quer comer alguma coisa? - Perguntou finalmente mudando de assunto - Deve estar com fome ainda.

- Não quero voltar lá - Eu estava morrendo de fome mas não queria daquele momento encarar todos aqueles que me viram sair correndo feito uma doida.

- Se quiser eu pego algo para você comer - Ofereceu docemente - Algum salgado?

- Por favor - Pedi ouvindo meu estomago roncar - Seria maravilhoso.

- Ok - Disse se levantando - Vai esperar lá dentro?

Me levantei também e confirmei com a cabeça lhe lançando um sorriso de agradecimento antes que ele fosse em direção ao restaurante.

Entrei novamente no nosso quarto e me aconcheguei de uma vez na cama macia, me sentia cansada física e emocionalmente. Peterson não demorou a voltar e eu devorei dois dos salgados que ele havia trazido e bebi uma garrafa de coca sozinha, ele tentou me acompanhar na comilança e permaneceu em assuntos leves durante nossa conversa. Assim que terminou foi tomar um banho enquanto eu já me preparava pra dormir debaixo do grande edredom branco, não demorou para que ele voltasse para o quarto, já estava quase dormindo mas senti seu corpo se enfiar debaixo do edredom e se aproximar cautelosamente, ele manteve uma certa distancia de mim e aqui me torturou um pouco porque seu corpo estava perto o suficiente para sentir seu calor, mas não perto o suficiente para poder toca-lo. Tentei dormir acompanhado a respiração lenta dele, mas não consegui, abri meus olhos, ele já estava adormecido, sua face serena parecia a de uma criança sem preocupações, e eu tive uma inexplicável vontade de tocar suas bochechas coradas.

Encostei meus dedos cuidadosamente em sua pele, ainda sentia o frenezi da primeira fez que o havia tocado, sua pele branca para se completar perfeitamente na minha, analisei seu rosto e lembre de todas as melhores coisas.

- Eu te amo - sussurrei perto de seu rosto, eu vi o que me pareceu um breve sorriso, mas não tive certeza e ele continuou dormindo docemente.



Não me abandoneOnde histórias criam vida. Descubra agora