Abri os olhos tentando enxergar através da escuridão do quarto onde eu estava, as lembranças começaram a voltar para minha cabeça e parecia tudo um sonho agora, mas não foi. Eu finalmente contei a verdade a minha mãe e essa com certeza não foi a pior parte, enfrentar um lunático armado tinha sido a experiência mais assustadora da minha vida e pior ainda foi imaginar que algo terrível poderia ter acontecido a Peterson, mas por algum milagre inexplicável tudo tinha acabado bem, ninguém havia sofrido consequências muito serias além de Ronald é claro, que agora estava preso aguardando julgamento, depois do dia todo que passamos naquela delegacia dando depoimentos detalhados do que tinha ocorrido agora e há um ano atrás.
Me sentei na cama me sentindo pesada, o dia estava claro lá fora, mas as cortinas estavam fechadas para que o sol não incomodasse, senti alguém ao meu lado e vi Peterson adormecido me lembrando que minha mãe estava no quarto ao lado e isso parecia não ter a incomodado muito. Minha mente ainda estava cansada, mas meu corpo definitivamente já tinha dormido demais, eu só queria ir pra casa e ficar longe disso tudo o mais rápido possível. Precisava voltar para o mundo que conseguia me confortar.
Levantei da cama e fui rapidamente para o banheiro tomei um banho rápido e depois vasculhei na minha mala, e na de Peterson, algo para vestir. Ouvi o toque baixo do meu celular e fiquei muito feliz por ver que era Matt ligando. Sai do quarto direto para o sol e atendi rapidamente.
- Hey meu herói – disse me sentindo muito agradecida por tudo o que ele tinha feito, ele teve bastante trabalho para achar minha localização através do celular assim que percebeu o que estava acontecendo e fez isso em tempo recorde.
- Oi, ta tudo bem? Você não se meteu em nenhuma outra confusão não é? – Perguntou divertido mais genuinamente preocupado.
- Não, está tudo bem agora, não sei como agradecer Matt – Senti lagrimas nos meus olhos de novo, era surreal que tudo aquilo tivesse passado.
- Nós podemos pensar em algo quando você voltar, Olivia estava extremamente preocupada, ela sabia que era algo serio quando você disse que ia viajar, mas quem poderia imaginar que isso fosse acontecer.
- Eu imaginava – Disse ponderando sobre tudo o que eu precisava contar para os dois – Isso já vinha se culminando a um tempo, tenho muita coisa pra explicar pra vocês quando eu voltar.
- É tem mesmo, por falar nisso, quando vai ser?
- Hoje ainda eu espero, mas nos falamos amanhã certo? Tem que ser pessoalmente.
- Tudo bem – sua voz era doce agora – E Mel, por favor, não faça mais isso, eu quase tive um ataque do coração.
- Não se preocupe, não vou sair por ai me metendo em confusão – Disse não tão certa disso.
Ouvi sua risada suave através do telefone.
- Com certeza você vai, mas você pode incluir seus amigos no pacote – pediu gentilmente.
- Pode deixar – Respondi sorrindo, era bom saber que apesar de tudo que havíamos passado também eles sempre estariam ao meu lado.
- Eu vou te deixar em paz pra aproveitar sua fuga um pouco mais, mas quero noticias suas amanhã hein.
A porta do quarto se abriu atrás de mim e Peterson saiu sorrindo vestindo apenas sua calça de dormir.
- Pode deixar – Respondi animadamente – Vejo você amanhã.
- Até amanhã Melzinha.
- Até.
Desliguei o Telefone e sorri pra Peterson que se aproximou e me deu beijo rápido e suave nos lábios.
- Era o Matheus? – Perguntou me abraçando.
- Era – Disse tentando decifrar sua expressão – Você não precisa se preocupar Peet, já disse que não temos nada.
- Eu sei Mel, não to preocupado – Disse beijando o topo da minha cabeça – Na verdade estou só pensando nas palavras pra agradecê-lo quando o ver, afinal, ele salvou nossas vidas.
- É – Disse sorrindo me sentindo bem de verdade – Você foi maravilhoso amor.
Minhas bochechas coraram levemente, era a primeira vez que o chamava assim e apesar de um pouco estranhou soou perfeitamente bem aos meus ouvidos e ao meu coração.
Ele sorriu também parecendo um pouco desconcertado e me beijou intensa e apaixonadamente, queria apenas ficar com ele agora e teria os próximos meses para saber o que realmente aconteceria entre nós.
- Eu amo você – Disse quando finalmente separou nosso beijo.
- Também amo você – Disse dessa vez o beijando.
Ele me abraçou e voltamos para o quarto escuro, não abrimos as janelas e sim trancamos a porta, seus braços me envolveram apressados e seu beijo era cada vez mais intenso. Senti seu corpo contra o meu e a lembrança de que por um segundo eu pensei que o pior tivesse acontecido, pensei que nunca mais o teria dessa forma, me fez aperta-lo ainda mais contra mim e intensificar ainda mais nossos beijos.
As roupas que eu havia colocado há pouco tempo em questão de segundos já estavam jogadas no chão enquanto nos direcionávamos à cama, seus olhos se mantinham abertos analisando cada detalhe meu como ele sempre fizera, eu joguei meu corpo sobre o dele sobre a cama e nos aconchegamos entre as cobertas bagunçadas tentando não perdeu nem um pedacinho um do outro.
Foi tanto tempo separados que eu suspeitava que só uma vida juntos pudesse nos compensar, ou talvez nem isso compensasse depois da ideia de um de nós perdendo a vida. Ainda havia muita coisa para se enfrentar dali para frente, mas por enquanto o que mais me importava era me unir a Peterson como um só e ter certeza de que ele estava realmente bem e que aquilo não era apenas um sonho.
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Não me abandone
Romance[Finalizado] Na verdade eu não tinha muita coisa a reclamar do ensino médio em si, só mesmo um fato, um fato que tinha mudado muito as coisas, para pior, mas também para melhor. Basicamente nunca havia me dado bem nas outras escolas por onde havia...