Segundo ano, Ensino médio. (I)

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Sentia minha cabeça pesada, a musica estava alta de mais e havia muita gente em um só lugar, já estava ficando tonta e o que eu achava que seria bom para extravasar na verdade estava me deixando ainda mais para baixo.

Eu não tinha a mesma habilidade de Olivia para fazer amizades espontâneas e muito menos para paquerar, então depois que ela arrumou um jogador de futebol para afogar suas magoas eu fiquei sozinha, sentada no sofá da sala como a perdedora que eu era. Nunca havia bebido tanto então toda aquela sensação de martelação na cabeça e estomago revirando eram novidades para mim, assim como aquela vontade de beber mais, como se isso fosse me ajudar a superar meus dramas. Havia imaginado uma coisa totalmente diferente quando Olivia me chamou para essa festa, como nenhuma de nós duas estava bem então decidimos que seria a noite de diversão e para a Ollie realmente seria, mas já para mim era mais uma noite deprimente da minha vida em crise.

- Ei gata- Um garoto que eu já havia visto no colégio se sentou ao meu lado, quase no meu colo na verdade - o que ta fazendo aqui, sentadinha sozinha? Não quer se divertir não? - Sua voz saia completamente arrastada, obviamente estava bêbado.

- É lógico que eu quero - Respondi meio sem jeito, me sentindo um pouco fora de mim.

- Então porque não tá dançando ali - Perguntou levantando o copo que estava em sua mão na direção do centro da sala de onde saia o som alto.

- Não gosto muito de dançar, ainda mais essa musica.

- Isso é uma pena, gata - Disse me olhando como se fosse me engolir viva.

Tentei ignorar isso e me concentrar no fato de que ele era bonitinho e que eu precisava ficar com alguém, porque depois de tudo o que tinha acontecido com Peterson, tudo o que eu precisava era qualquer outra coisa que me fizesse esquecê-lo.

O garoto se aproximou sorrindo.

- E de beijar, você gosta?

Tentei imaginar o que seria normal fazer numa situação como essa, mas era difícil imaginar que essa situação pudesse ser normal na vida de alguém.

Eu ri um pouco alto de mais e confirmei com a cabeça porque achei que seria muito estúpido falar algo.

Ele se aproximou mais parando sua boca perto da minha, podia sentir seu halito de cerveja, e por mais que sentisse uma vontade extrema de empurra-lo para longe de mim, eu me forcei a ficar parada e fechei os olhos, tentando fazer com que minha mente se desprendesse do meu corpo e tudo rolasse sem que nem sentisse. Enfim ele me beijou enfiando a língua apressadamente em direção a minha, entrelaçando seus dedos na parte de trás do meu cabelo perto da minha nuca e fazendo movimentos ávidos para nos juntar mais.

Aquilo durou mais do que eu esperava e quando finalmente parou ao contrario do que eu imaginava ele ficou ali sentado ao meu lado, me puxou mais pra perto dele e continuou me chamando de gata pelos minutos seguintes.

Depois de dez minutos de grude eu já não aguentava mais, disse que ia ao banheiro e fui em direção da cozinha saindo pela porta dos fundos.

Era uma noite fria e eu usava um vestido curto, assim que sai para o quintal senti um vento gelado e estremeci, queria ir embora, mas achei que seria pior ficar em casa bêbada e sozinha, havia poucas pessoas no quintal e a maioria eram casais se beijando, fui para trás da casa onde imaginei que não teria ninguém, entretanto assim que cheguei à parte mais escura ouvi um soluço e apesar de sentir medo me aproximei do local de onde havia vindo o barulho.

- Vai embora - Ouvi uma voz muito embargada, mas que mesmo assim reconheci.

- Matt? - Perguntei cautelosa, não tinha tanta certeza se era ele.

Não me abandoneOnde histórias criam vida. Descubra agora