CAPÍTULO 1

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Era engraçado como a vida gostava de surpreender. Por incrível que pareça, desde que Kiara havia se tornado uma espécie de mutante, ela nunca tinha dado de cara com qualquer outro ser como ela, e não sabia dizer se isso era uma coisa boa ou ruim.

Era uma médica recém-formada e adoraria conhecer mais seres como ela para tirar algumas dúvidas, e não seria só para saber o que exatamente ela era. Aos vinte e quatro anos já era formada numa das profissões mais reconhecidas do país e, ainda assim, sua vida era mais desandada do que deveria.

Agora tinha asas repletas de penas brancas e uma força desconhecida que havia surgido com tudo isso. Não sabia do que era capaz e constantemente tinha medo de alguém reparar em alguma coisa. Não podia dizer que era uma jovem-adulta bem sucedida, como seus pais pensavam.

O plantão dela no Pronto-socorro começava às oito horas da manhã e ia até às oito horas da noite, por volta das duas da tarde almoçava, e isso quando fazia as horas de almoço, do contrário, ia para casa à noite sem comer nada, e parte dela acreditava que a resistência a um plantão sem comer vinha da transformação há quinze dias.

Naquele dia já faltavam oito minutos para às três da tarde e ela ainda não tinha feito nenhuma das horas de descanso, era sexta-feira e os hospitais dias de sexta eram caóticos, almoçar e sair no horário era quase impossível. Um homem chegou baleado no braço esquerdo, trinta e um anos, com hematomas no rosto, e com o abdômen dilacerado por algum animal.

Aparentemente, por um animal desconhecido.

Kiara não sabia como tinha sentido, mas soube, assim que pôs os olhos nele, que ele não era humano.

Estava inconsciente e pálido pela perda de sangue, mesmo naquela situação ele mantinha um braço ao redor da barriga. O enfermeiro da ambulância passou o quadro do paciente à Kiara enquanto outro profissional preparava as bolsas de soro e medicações que ela pediu. Os auxiliares de enfermagem preparavam os EPIS para fazer os exames de sangue nele.

— Ele resistiu aos cuidados do Dr. Luíz, não queria vir para o hospital, se não fossem os tranquilizantes ainda estaria estirado no chão do estacionamento em que o encontraram — Marcelo, o enfermeiro, explicava. Kiara não conseguia tirar os olhos do homem ferido. Será que ele também saberia que ela era... diferente?

Kiara soltou um suspiro e pensou no que faria para impedir que fizessem os exames de sangue nele. Ela não sabia o que ele era, ou se tudo aquilo não passava de uma paranóia dela, mas não queria arriscar. Havia sentido aquela mesma sensação algumas vezes enquanto esteve no centro da cidade fazendo compras, não queria arriscar que estivesse certa.

E se ele fosse como ela? E se pessoas como ela fossem caçadas e mortas pelo governo? Alguém sabia que existiam? Eram muitas perguntas e ela sequer sabia o que era. Tinha ganhado um poder mutante? Sim, mas não gostava de se ver como um, não achava lógico, além do que, era fantasioso demais para sua imaginação já curta e limitada.

Independente de qual fossem as respostas, Kiara não queria ser perseguida pelo que era e isso significava que tinha que tirar aquele homem dali antes dos exames de sangue. Kiara começou a despejar ordens aleatórias a quem ainda estava na sala e, quando se viu sozinha com o paciente, caminhou cautelosa até ele.

— Ei... — Kiara chamou e empurrou o ombro dele, esperançosa de que ele acordasse. Obviamente, aquilo não aconteceu. — Ei... — Insistiu e, com isso, ele abriu os olhos. Kiara notou quando ele esquadrinhou os arredores até que seus olhos castanhos escuros caíram sobre ela.

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