PROTETORES DO ÉDEN

CAPÍTULO 18

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Eram dez horas da noite e Hiago não havia aparecido ou dado sinal de vida. Kiara andava de um lado para o outro na sala de estar, esperando uma mensagem, uma ligação, qualquer coisa que indicasse que ele estava bem, mas tudo o que via quando olhava a tela do celular eram as mensagens não respondidas e nenhuma notificação.

Ariane levantou depois de um tempo para beber água e a encontrou na sala. Sem sono, a loba decidiu fazer companhia até que Hiago chegasse.

— Relaxa Kiara, deve ter acontecido alguma coisa para ele ter sumido — Ariane disse olhando o celular. — Se ele não vier hoje, vocês vão se encontrar amanhã no trabalho de qualquer jeito.

Saber que podia encontrá-lo no dia seguinte não lhe tranquilizou. Uma urgência crescia nela a cada instante. Kiara caminhou de um lado para o outro sem saber o que fazer, Ariane a olhava de lado.

— O que foi? — Kiara perguntou ao notar que Ariane tentava disfarçar quando a olhava. A loba deu de ombros.

— Nada — respondeu. — Só estou aqui pensando em como vocês parecem companheiros, meu povo chama isso de união de alma. Ele não dá notícias e você está quase subindo pelas paredes de desespero — murmurou sorrindo e Kiara cruzou os braços.

Ariane havia lhe explicado como funcionavam os relacionamentos entre os lobisomens, Kiara achou a forma com que lidavam com o parceiro lindo, sem traições, sem mentiras. Era como as coisas deveriam ser para todos, não só lobos, mas não era assim que funcionava, principalmente para os humanos.

— Sabe, só por que você é "humana" — disse fazendo aspas com os dedos. — Não quer dizer que não tenha essa coisa de companheiros de alma. Hiago claramente tem muito ciúmes de você e você, apesar de ainda não ter demonstrado essa "possessividade" comum entre companheiros, não quer dizer que não tenha também — Ariane sugeriu e Kiara balançou a cabeça negativamente.

Ariane ficou em silêncio e voltou a mexer no celular enquanto Kiara olhava pela milésima vez o dela, em busca de alguma notícia do amigo.

— Já chega! Eu não aguento isso — Kiara falou de repente e Ariane olhou do celular para ela. — Eu vou na casa dele.

Ariane franziu o cenho.

— Você não me disse há uns minutos que ele falou que não era pra você ir lá? — a loba perguntou como se fosse óbvio.

— Disse! Mas não dá, aconteceu alguma coisa com ele, eu... eu...

Ariane suspirou.

— Ok, vou me arrumar, não vou deixar você ir sozinha num lugar que deve ser perigoso para mulheres — Ariane gritou já subindo as escadas e sumindo de vista.

Jéssica trabalhava à noite e ainda eram dez horas da noite, então ela não chegaria antes delas voltarem.

Enquanto Ariane se arrumava, Kiara pesquisou a rota para a casa de Hiago. O pressentimento ruim crescia a cada minuto e Kiara sentia que entraria em colapso se não andassem logo.

Pelo horário, as ruas estavam vazias, por isso não pegaram trânsito no caminho e Kiara agradeceu ao universo por isso.

Depois de quase uma hora de viagem, chegaram numa região afastada da cidade, arborizada, como o caminho que ela fez para a alcateia de Ariane. Os prédios foram substituídos por árvores e terrenos baldios.

— Caramba, ele é médico, por que mora num fim de mundo desses? — Ariane perguntou com uma carreta.

Seguiram por uma estrada de terra esburacada de difícil acesso, enquanto a loba tentava enxergar os números nos portões que passavam em frente, já que ela estava concentrada demais em não atolar o carro num dos buracos enormes.