CAPÍTULO 9

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AVISO: CONFIRA A NUMERAÇÃO DO CAPÍTULO ANTES DE LER! O WATTPAD BAGUNÇA MEUS CAPS!

***

— Ariane?! — Kiara chamou assim que chegou em casa do plantão. Eram quase nove horas da noite, a amiga já devia ter chegado do restaurante.

Aquela seria a primeira noite delas morando juntas e ela agradecia o fato da garota não ter discutido ou resistido a ideia de irem morar juntas, não sabia o que faria caso Ariane não quisesse ir morar com ela e preferisse continuar com o pai.

— Ariane?! Tá em casa?! — chamou novamente. As luzes estavam todas apagadas, Kiara não enxergava um palmo à frente do nariz.

Kiara acendeu as luzes enquanto se dirigia à cozinha, jogou a bolsa, os sapatos, a blusa de frio em cima do sofá na sala. Quando chegou à geladeira, já pensava em tudo o que comeria para satisfazer o buraco em seu estômago.

Começou a colocar as panelas em cima do fogão e, quando se virou para a bancada, se deparou com seis homens de preto. Primeiro, Kiara gritou, o prato de vidro em suas mãos caiu, espatifando no chão. Eles era enormes, nunca tinha visto homens tão grandes.

Se afastou em direção à pia, mas não tinha saída. Todos usavam roupas pretas e tinham braços do tamanho das coxas dela. Kiara encarou cada rosto até que seu olhar caiu sobre um familiar, era o homem que havia atendido no começo da semana no pronto-socorro, o que ela sabia que não era humano.

A explicação do porquê estavam ali ficou óbvia: ele havia levado os outros até ela. Se lembrou dos homens no estacionamento do hospital e tudo ficou claro, devia ser ele lhe observando, só podia ser ele.

Ela colocou o máximo de distância entre eles apesar de saber que não adiantaria. Eles iriam matá-la?

— O-o que vocês querem? Quem são vocês? — perguntou olhando de um rosto para outro. Eles estavam sérios, não conseguia ler suas expressões. O mais alto e o que estava mais próximo a ela, se pronunciou:

— Viemos saber o que é você e para quem está trabalhando, doutora — perguntou inclinando a cabeça para o lado. Ele vestia jeans, camiseta e sapatos pretos, era de longe o mais intimidador.

— E-eu... — tentou, mas sua voz não saia. Ter todos aqueles homens enormes a olhando como se quisessem trucidá-la não ajudava muito.

Kiara segurava a pia com as duas mãos, como se a vida dela dependesse daquilo. Sentia que estava prestes a desmaiar tamanha adrenalina correndo pelo seu corpo. Seu peito parecia explodir a cada batida de coração.

— Ela está apavorada — Um deles disse, tinha os cabelos loiros claros e pele muito branca. O olhar dela caiu sobre ele e o analisou.

— Rapazes, que tal me esperarem lá fora? — o primeiro deles e mais perto dela voltou a falar, parecia ser o líder.

— Vamos dar uma volta por aí, Alfa. Qualquer coisa, é só chamar — anunciou outro e o grupo se dispersou pela casa, restando somente o primeiro homem.

Kiara se deu conta de que se tratavam de lobos, já que tinham o chamado de Alfa. Ela se lembrou de Ariane, mas sabia que a nova amiga não estava em casa, do contrário já teria aparecido ali.

O homem pigarreou.

— Melhor agora, doutora? — ele perguntou e Kiara piscou engolindo em seco. — Só queremos conversar, você livrou meu amigo de um baita problema no hospital, te devemos uma, mas queremos saber: o que você é? — ele a olhou intensamente, esperando por uma resposta. Cruzou os braços e esperou.

Kiara engoliu mais uma vez e forçou a própria voz a sair.

— E-eu não sei — respondeu. O homem pareceu pensar por um tempo antes de voltar a falar.

— Mas você sabe que é diferente, e sabe que nós também não somos humanos, certo?

Kiara assentiu e ele voltou a suspirar.

— Acho que é bom eu me apresentar. Eu sou Leandro, Alfa da Alcateia principal de São Paulo e, uma das minhas responsabilidades, é impedir que humanos saibam da nossa existência, mas você não é bem uma humana, apesar de eu ainda não saber o que é — ele se aproximou e farejou alto. — Claramente não é uma bruxa ou uma vampira. — Ele farejou outra vez, o cenho franzido indicava que estava tão confuso quanto ela. — Bom, Kiara. Mesmo não sendo uma humana, não posso deixar você livre — ele explicou e a médica sentiu o coração errar umas batidas. — Me diz uma coisa: como descobriu que era... diferente?

Ela abriu a boca para protestar, mas foi interrompida pela porta da frente batendo.

— Kiara? — Era Ariane.

— Na cozinha! — gritou de volta. Segundos depois, Ariane apareceu com uma cara nada boa. — Temos visita... — Kiara disse o óbvio.

Ariane sequer olhou para ela. Ela encarava o Alfa com os lábios apertados, se dirigiu a ele e, quando chegou, abaixou a cabeça. O Alfa retribuiu.

— Meu pai mandou vocês? — Ariane perguntou com raiva contida.

— Não — ele respondeu. — Viemos por causa dela — Apontou para Kiara e Ariane concordou preocupada.

— Alfa, eu pretendia levar ela até a alcateia quando se sentisse mais confiante e, depois de te contar — Ariane explicou, mas Leandro não parecia convencido.

— Ia levar ela? — ele perguntou arqueando as sobrancelhas. — De onde se conhecem? Além disso, seu pai sabe que está aqui?

Kiara viu Ariane retesar. A loba a olhou com os ombros caídos.

— Eu preciso contar para ele — disse a Kiara, que negou, mas Ariane não esperou sua resposta.

— Kiara não é uma humana normal, ela tem dons — Ariane disse.

— Que tipo de dons? — O Alfa perguntou intrigado.

— Ela me tocou duas vezes e viu algo sobre o meu passado, ela acessou lembranças minhas, na mesma hora eu também soube que ela viu, e dias depois ela me abraçou e me acalmou, como se ela tivesse jogado um balde de água fria na minha raiva.

Eles ficaram em silêncio por minutos, até o Alfa se pronunciar:

— Mostre — ele se virou para Kiara, que olhava de Ariane para ele assustada.

— O quê? — Kiara perguntou pasma.

— Mostre que você pode acessar lembranças de outras pessoas — ele repetiu e Ariane a olhou, dando confirmação para que fizesse.

— Pode confiar nele, ele não vai machucar a gente — Ariane disse baixo e assentiu mais uma vez. Trêmula, a médica concordou, mas não sem antes avisar:

— N-não é assim que funciona, eu não consigo controlar, não sei se posso...

— Tente mesmo assim, tente em mim — Leandro estendeu a mão para ela e Kiara o encarou.

Sem jeito, Kiara se afastou da pia e se aproximou dele. Com um suspiro, tocou o braço dele.

Ela colocou o máximo de confiança que pôde naquele toque, fechou os olhos, inspirou fundo e seus dedos roçaram a pele dele. Seu último pensamento foi:

"ECA! Quanto pelo num braço!"

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