CAPÍTULO 17

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Quando a segunda-feira chegou, a conversa que Kiara teve com Hiago não saia da sua cabeça. Ao mesmo tempo que queria contar a ele o que estava acontecendo consigo, também não queria envolvê-lo em problemas, mas continuar deixando as coisas como estavam não funcionaria.

Em breve Leandro teria uma resposta do Supremo Alfa deles, Ariane disse que provavelmente iam querer lhe conhecer, e Kiara tinha a impressão de que depois disso não poderia voltar atrás, sua vida mudaria definitivamente.

Leandro tinha sido claro com ela sobre não contar a outras pessoas da existência de lobisomens, contudo, Kiara havia decidido que confiava no seu amigo, sabia que Hiago não contaria a ninguém, o problema era se ele não acreditasse nela. Ela mesma quase não acreditou em tudo o que Ariane contou e explicou.

Kiara foi trabalhar ouvindo o rádio e as notícias. Na sala de funcionários, encontrou os colegas fofocando como sempre, passou reto e fingiu que não ouvia quando lhe chamaram para incluí-la na conversa. Quando seu expediente começou, ainda não tinha visto o amigo, algo incomum já que ele sempre chegava no horário.

Como não podia ficar esperando por ele, foi para a emergência. Dias de segunda-feira conseguiam ser piores que os finais de semana, às vezes. Parecia que as pessoas acordavam animadas para fazer besteiras e os acidentes automobilísticos aumentavam gradualmente naquele dia da semana.

Sua primeira paciente foi uma garota com a perna quebrada, havia se acidentado na aula de educação física. Depois, um homem que caiu da escada enquanto pintava a fachada de uma loja, por sorte, não quebrou nada, mas ficou cheio de escoriações. Hiago atendia os pacientes no consultório, enquanto ela, atendia na emergência pois gostava da movimentação.

As vantagens das segundas-feiras era que elas passavam num piscar de olhos, aquele dia não foi diferente. Por um milagre, Kiara conseguiu sair para cumprir suas horas de almoço e quando entrou na sala de funcionários tentou não se preocupar com o fato de que ainda não tinha visto Hiago.

Sem ninguém para almoçar com ela, seguiu para uma lanchonete um quarteirão depois do hospital. Enquanto olhava o cardápio, tentou não parecer ansiosa quando viu o amigo entrando pela porta da frente, procurando algo no salão. O olhar dele pousou nela e sorriu. Ele se aproximou, se sentou, e deixou um suspiro longo e pesado sair dos lábios.

— Pensei que não te veria hoje — Kiara disse abaixando o cardápio. Hiago desabotoou os primeiros botões da camisa e pegou o objeto para escolher um prato.

— Eu também, o hospital tá lotado, como está a emergência? — perguntou olhando as opções.

— O de sempre — respondeu.

Kiara aproveitou a distração dele para avaliar seu rosto, sua barba começava a crescer, passou pela cabeça dela pedir para que ele não cortasse daquela vez só para ela ver como ficaria.

Depois de pedirem, um silêncio confortável caiu sobre eles. Kiara ainda pensava sobre contar ou não para ele, até que lhe ocorreu que ele era um humano, não um ser imortal como Ariane que viveria por vários séculos. Hiago era só um humano e ela não podia arriscar perdê-lo caso ela tivesse problemas com os lobisomens.

— Uma moeda pelos seus pensamentos — Hiago disse, tirando Kiara das próprias divagações.

Ela sentiu o rosto esquentar quando se deu conta de que o olhava fixamente. Balançou a cabeça constrangida.

— Não? — ele perguntou com um sorriso de canto.

— Só... minha família — disse, seu sorriso não alcançou os olhos e se esforçou para esconder o desconforto que sentia pela mentira.

Hiago apoiou os cotovelos em cima da mesa, ficando mais perto.

— O que tem ela? — perguntou e Kiara negou com a cabeça, a expressão tranquila dele se fechou.

— Fico me perguntando aonde vamos chegar com todos esses... segredos — ele murmurou. Por fim, se encostou na cadeira.

— Hiago, é que... é complicado, não é algo que eu possa sair contando por aí — tentou explicar e ele acenou com a cabeça. — Você não tem o direito de querer saber tudo sobre mim quando não me conta sobre você, você nunca fala da sua família, eu não sei onde você mora... — Kiara reclamou e o amigo brincou com o guardanapo em cima da mesa, ele a olhava com os olhos semicerrados.

— Se era isso o que queria saber, podia ter me perguntado antes. — O olhar castanho dele se fixou nela com um sorriso de lado. — Tenho um apartamento aqui perto, mas passo a maioria dos dias na casa do meu pai. Não pretendo te apresentar eles, sinceramente, não são pessoas agradáveis — ele terminou de dizer e Kiara se arrumou na cadeira, desconfortável.

Ela não devia ter perguntado, mas como iria saber? Eram amigos há mais de dez anos e nunca tinha ido a casa dele, diferente de Hiago. Ele nunca falava da própria família e, pelo pouco que contava, Kiara havia entendido que não se dava bem com eles, apesar de não saber o porquê.

— Moramos num sítio — continuou. Hiago pegou o celular no bolso traseiro da calça e passou a digitar algo, de repente uma mensagem chegou no celular dela e com uma rápida olhada conferiu que era o endereço — Aí está o endereço, mas vou te pedir para não ir lá, como eu disse, moro com meu pai e meu irmão, alguns primos moram na região também e eles não são nada legais e respeitosos, não quero que nada de ruim aconteça com você, por favor — pediu com os olhos fixos nela e ela concordou com a cabeça sentindo o coração palpitar.

O que a família dele fez para que ele falasse daquela forma? Um arrepio correu pelas costas dela e tentou ignorar o incômodo.

Os pedidos chegaram e fizeram a refeição em silêncio, na curta caminhada de volta ao hospital, Kiara decidiu que passaria mais tempo com o amigo, uma sensação de mau presságio a abateu de repente. Movida pela sensação de que as coisas em breve mudariam, e não para a melhor, o encarou.

— Quer ir lá em casa hoje para assistirmos um filme? — perguntou. Ele pareceu surpreso com a proposta, mas um sorriso surgiu nos lábios dele.

— Quero, mas vou passar em casa primeiro, depois vou para sua — disse e Kiara sentiu um frio se espalhar pela barriga.

— Ok — ela sorriu.

Um silêncio constrangedor se instalou, por sorte, chegaram ao hospital e lá precisaram se separar.

***

Hiago não conseguiu se concentrar no trabalho o restante do dia por causa do convite de Kiara. Quando o expediente acabou, se despediu dela animado, tinha a sensação de que naquele dia as coisas entre eles mudaria, só não sabia se era para a pior ou melhor.

Quando chegou na casa do pai, notou as luzes apagadas e estranhou, o Sr. Jonas nunca saia, diferente dele e do irmão.

Hiago saiu do carro com uma sensação ruim no peito.

A casa estava escura e silenciosa, ele chamou e não teve nenhuma resposta. Caminhou até a cozinha para conferir, mesmo sabendo que não teria ninguém ali, do contrário teriam respondido. Parou no batente da porta, encontrando o cômodo escuro como imaginava.

Antes que saísse, algo atingiu sua cabeça, o lançando em cima da pequena mesa redonda no centro da cozinha. A dor irradiou por todo seu pescoço e ele não conseguiu se virar há tempo de ver quem ou o que tinha lhe atingido.

Seu último pensamento foi em Kiara e em como ela ficaria preocupada se ele sumisse sem dar notícias.

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