CAPÍTULO 6

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***

KIARA

— Onde você estava? — Hiago perguntou e Kiara deu de ombros.

— Saí para almoçar com uma amiga, por quê?

— Eu fiquei esperando você para o almoço, até descobrir que você já tinha saído — ele respondeu emburrado e Kiara sentiu uma pontada de culpa lhe atingir. Ela e Hiago sempre almoçaram juntos, mas naquele dia estava tão ansiosa que sequer se lembrou do amigo ou de avisá-lo.

— Desculpa, me diz que você saiu pra comer sem mim? — perguntou esperançosa.

— Comi, eu não fazia ideia de onde você estava ou se ia demorar — explicou e Kiara soltou o ar que prendia. O amigo a olhou de cima a baixo. — Quem é essa amiga?

— Aquela da biblioteca que passou aqui outro dia — respondeu simplesmente enquanto voltavam para o andar em que trabalhavam.

Como sempre, o hospital estava cheio. Apesar da placa para manter silêncio, pessoas conversavam, crianças choravam, outros tossiam, era o burburinho comum do ambiente.

— Vai me apresentar essa nova amiga? — ele perguntou com um sorriso de canto e Kiara fingiu pensar.

— Acho que não, ela não é muito sociável... — mentiu. A verdade era que Ariane era o exato tipo de mulher que o amigo pegava e queria evitar a situação. Tempos atrás teve uma amiga, além da Juliana, mas a garota teve um caso rápido com Hiago e, após as ficadas, o amigo quis encerrar as curtidas. Porém, a menina não reagiu bem e achou que a culpa fosse de Kiara.

O resultado foi que acabaram se afastando por ciúmes bobo, então Kiara evitava se aproximar das ficantes do amigo e tentava evitar que as amigas ficassem com ele. Não que conseguisse uma das duas coisas com frequência, Juliana foi a única que não caiu na lábia de Hiago.

Mas não julgava as mulheres por isso, ele era mais que atraente, já até havia feito bicos como modelo. Ela mesma, se não se controlasse, cairia na lábia dele.

O restante do plantão correu sem novidades. Enquanto arrumava suas coisas no vestiário para ir embora, aproveitou o momento sozinha para pensar na proposta de Ariane sobre ir ver a tal Profeta. Tentaria encontrar alguma coisa nos livros e pesquisas que andava fazendo, em último caso, recorreria as lobas.

No estacionamento do hospital, Kiara procurou as chaves do carro na bolsa. Eram oito e meia da noite, as poucas luzes se distribuíam pelo lugar pausadamente, deixando o subsolo mais escuro do que gostaria. Um arrepio subiu pela espinha dela quando notou o silêncio lhe cercava.

A não ser pelos sapatos dela clicando no chão e pela sua respiração entrecortada, não se ouvia ruídos de outros carros ou pessoas. Com uma sensação agoniante, Kiara fez o caminho de volta para o elevador quando notou alguém lhe observando de uma região escura, sem luz alguma.

Sem se importar com os sapatos ecoando, correu para o elevador e, com as portas prestes a fecharem, aliviada, viu dois homens escondidos na sombra, próximos ao carro dela, observando.

Mais uma vez o instinto dela apitou, não eram humanos, ela tinha certeza disso. A porta se fechava quando os dois homens saíram andando.

No térreo, ela saiu afobada e esbarrou em alguém.

— Kiara? O que foi? Por que tá correndo? — Hiago perguntou segurando os braços dela para equilibrá-la.

— Ah, nada. Tá tudo bem, é só que tinha uns caras esquisitos no estacionamento, então decidi voltar e esperar um pouco... — disse colocando dois passos de distância entre eles. Ela esfregou as mãos trêmulas, estavam geladas.

Mesmo se sentindo a capitã Marvel devido as coisas que podia fazer, Kiara não era nenhuma ninja, sequer sabia o básico de defesa pessoal e não achava que mundo real fosse como os filmes de super-heróis. Ela não sairia pelos lugares lutando com abusadores ou criminosos, não era a mulher maravilha e nem louca.

Hiago franziu o cenho e apertou os lábios.

— Vamos sair juntos, e me espera antes de ir embora, aquele estacionamento é perigoso para mulheres andarem sozinhas, principalmente à noite.

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