NÃO POSSO TE AMAR [Revisando]

43. O que fazem aqui?

Nihara Vitti

Saio da sala de Tobias, mais magoada do que propriamente furiosa. Como ele pode duvidar de mim e nem sequer esconder isso? Ele foi tão desrespeitoso e insinuou coisas terríveis. E pensar que bati no James por algo parecido, mas ouvir e ver Bernstorff se mostrando tão controlador e possessivo deixou-me sem forças para continuar a brigar. 

    Abaixo o rosto, escondendo-me dos olhares curiosos, e limpo a lágrima involuntária que se forma nos meus olhos. Respiro fundo, ergo a cabeça e sigo de volta para o estúdio. Tenho um trabalho pendente e não vou permitir-me quebrar agora. Além disso, preciso deixar algumas coisas claras para meu colega de liderança.

O elevador se abre no meu andar, e a agitação continua. Funcionários indo e vindo, cada um desempenhando a sua tarefa.

    — Niah, está tudo bem? Você está pálida! — Natalie se aproxima, preocupada.

    — Eu e Tobias brigamos, mas não se preocupe, vou ficar bem — comento, ao atravessar a porta do estúdio.

Sinto os olhares de todos sobre mim, percebo as perguntas presas nas suas gargantas, sem poderem ser liberadas. O olhar de Harrison é o que mais me enfurece. Deixo escapar um suspiro cansado e sigo, determinada a continuar com o trabalho.

    Ele argumenta enquanto instruo o câmara-man a capturar os melhores ângulos do casal ainda no cenário. Age como se nada tivesse acontecido, o que é irritante, não que eu esperasse que ele agisse de outra forma, mas também não dessa maneira.

    — Tudo bem. Bom trabalho, pessoal. E vocês dois... — Chego perto dos modelos. — Muito obrigada pelo profissionalismo e paciência. — Aplaudimos, encerrando o trabalho, e dirigimo-nos para a saída. Puxo Lewis pelo braço, fazendo-o parar.

    — O que foi? — Ele pergunta.

    — Preciso falar com você agora. — Ele assente. — Na verdade, não vai demorar muito.

    — Vamos para a minha sala.

    — Prefiro que seja na minha. — Declaro com firmeza e retomo o caminho até o meu espaço.

Dou passagem a ele e peço que minha assistente também entre. Ela ainda não consegue disfarçar o ódio que sente por ele; os olhares que lança poderiam fazer qualquer um virar pó ali mesmo diante de mim.

    — Antes que você diga qualquer coisa, quero pedir desculpas, Niah. Juro que não consegui segurar-me. Mas prometo que não acontecerá de novo, eu juro. Sinto muito pelo Tobias. Se quiser, posso falar com ele e esclarecer tudo.

A sua voz soa sincera e arrependida, os seus olhos mostram um brilho que quase me faz recuar em minha decisão. Desvio o olhar para Natalie, que revira os olhos para ele e me faz sinais para que não me deixe manipular por suas palavras.

    — Querida, por favor, você pode me trazer as uvas? — Peço, e ela hesita na ação. Só quando faço uma limpeza exagerada na garganta é que ela se vira e sai. Volto a minha atenção para ele.

    — Você não precisa dizer nada para o Tobias. Na verdade, tudo o que você precisa fazer é parar de provocá-lo. Nós já conversamos sobre isso, Lewis. Eu amo o Tobias. Pedi que você respeitasse o nosso relacionamento, que o respeitasse, mas você insiste em…

Não me atrevo a terminar a frase, pois as palavras de Tobias surgem num lampejo na minha mente. Ele foi duro, mas acho que entendo os seus ciúmes.

    — Niah, eu juro que…

    — Por favor, Lewis. — Ergo a mão para fazê-lo calar-se. — Eu deveria ter feito isso antes. Você é um dos melhores produtores e diretores do país, a empresa precisa de você. Falarei com Tobias para reconsiderar.