Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.
Estrada tediosa nas imediações de Uberaba, Minas Gerais
A pele de Camila é quente, macia e inspira a pressa que seu corpo agitado possui em me tomar por completo. Tenho sua boca na minha, a língua ávida sempre querendo mais, buscando por algo que eu nunca consigo descobrir o que é, mas quero lhe dar mesmo assim. Não penso em nada, apenas correspondo ao beijo e tento não me sentir tão despudorada. Procuro não pensar nos meus pais, no padre da igreja — que certamente me mandaria rezar uns milhões de terços por imaginar o inapropriado —, na Keana, na garota que fui antes de sonhar acordada na beira de uma estrada desconhecida.
— Você está tão quieta... Não aguento mais, Lauren! Fala qualquer coisa, por favor! — Camila praticamente berra, alcançando o auge da inquietude. Ignorei sua proximidade, seu cheiro e, principalmente, o modo bizarro como cantarolou as músicas que tocaram na rádio durante algumas horas.
— Que trem quer que eu fale? — Suspiro alto e balanço a cabeça na tentativa de não pensar mais no beijo que trocamos no meio da rua, e que infelizmente foi interrompido pela minha ex-noiva. Também tento, junto com a lembrança, parar de reviver o sonho desavergonhado que tive com Camila durante a noite. No entanto, parar de pensar na Camila significa trazer Keana de volta a minha mente, e eu não estou pronta para nenhuma das duas opções.
— Eu que tenho que te dizer o que é pra você falar? — reclama, fazendo bico. — Poxa, que poço de espontaneidade você é!
— Te avisei mais de mil vezes, desde que saímos de Passos, que não sou a melhor companhia para uma viagem.
Encontramos Taylor, minha irmã mais velha, em sua casa, no município de Passos. Ela amou a ideia da viagem e amou mais ainda Camila. Taylor se cansou das regras e ordens dos nossos pais há alguns anos, o que a fez mudar para a cidade vizinha e conseguir a tão sonhada independência. Abri o jogo sobre o prêmio da Hiper-Sena e o fato de eu não conseguir pensar em mais nada além de realizar essa aventura. Ela quase surtou com a notícia, por isso nos demoramos demais na visita. Fiz questão de lhe deixar uma boa quantia. Gosto da minha irmã, principalmente porque posso contar com ela para guardar segredos. Taylor prometeu não contar nada para os nossos pais, mas me aconselhou a contar a eles assim que retornasse. É o que pretendo fazer. Por hora, só preciso espairecer e reencontrar o meu caminho.
— Deixa de drama, Lauren, sei muito bem que este não é o seu normal. Nem tente me enganar.
— Camila desvia seu olhar da estrada e me observa por alguns segundos. Quase morro do coração toda vez ela faz isso, pois geralmente o veículo sai da faixa original sem que perceba.
— Como sabe? Nem nos conhecemos direito. Olha a pista! — Aponto para frente.
— Sei perfeitamente que, apesar de tudo, você é uma mulher agradável. Não é esse poço de amargura, suspiros e resmungos. — Camila pisa mais fundo depois de uma curva. As estradas de Minas Gerais me dão nos nervos. Tenho consciência de que não aguento mais ver montanhas passando por nós. — Admita que está pensando naquela oxigenada.
