Capítulo 5

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Em algum lugar "inóspito" de Itaú de Minas

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Em algum lugar "inóspito" de Itaú de Minas


Camila bebe mais uma dose de tequila e grita alto, erguendo as mãos para os ares como se estivesse descendo de uma montanha-russa enorme. Acabo sentindo a mesma sensação de alegria. Não que eu já tenha descido em uma montanha-russa, mas, usando a lógica — se é que posso neste momento —, acredito que dê este mesmo frio na barriga. Desvio meus olhos dela na vã tentativa de não achá-la tão atraente. Não sei o que dá em mim. A única dose de tequila que tomei na vida me tornou uma mulher diferente, de alguma forma que desconheço.

— Você devia beber mais disto! — Camila berra, sem inibição, e metade dos presentes no lugar a encara e ri. Tenho certeza de que a cidade toda já sabe que estou em um bar com uma desconhecida, e temo que a notícia chegue até meus pais antes que eu os avise que fui praticamente atacada por essa desmiolada. — É bom pra cacete! Amo tequila!

— Aquela dose foi suficiente para nunca mais desejar colocar esse trem na boca de novo — falo muito mais baixo que ela. — Minha barriga ainda está queimando. Como consegue tomar tantas doses?

— Costume, é claro. — Pisca na minha direção e meus olhos se demoram nos seus. Não é culpa minha, ela que insiste em ficar me olhando desse jeito esquisito que me deixa sem ter ideia do que fazer. — Bom, como eu estava dizendo, ele me deixou mesmo e agora está feliz com o Thiago.

Faço uma careta porque não acredito que um cara possa deixar alguém como a Camila para ficar com outro cara. Eu só tinha visto história parecida nas novelas que minha mãe teima em assistir. Nunca pensei que pudesse ser fato real. Menos ainda todo o lance de casamento aberto e sexo a três. Isso me causa calafrios e vertigem.

— Não sei, não, você me parece meio triste agora — comento, reparando melhor em suas expressões. Camila está sorrindo amplamente, como em todos os momentos em que reparei em seu rosto, mas é diferente desta vez. — Essa separação deve ter doído, mas você faz parecer que foi a melhor coisa do mundo.

— Mas foi! Olha só, o Austin está feliz e eu sou milionária!

— Shhhh! — Pego suas mãos e quase surto quando percebo alguns clientes nos olhando com mais atenção. — Seja discreta, pelo amor do Santo Cristo!

Camila me larga e finge me ignorar. Revira os olhos e acena para que o garçom lhe traga nova dose. Já estou em minha terceira garrafa de água com gás. Ela deve estar no décimo copo de tequila, vai saber.

— Faça tudo, Lauren, mas nunca me diga que escondo meus sentimentos — fala após virar a dose, lambendo o sal e o limão que lhe melam a boca. — Sou uma porta aberta, um livro de consulta imediata, uma mulher sem segredos, sem rodeios, sem pudor e com muita alegria!

Sua autodescrição me deixa vidrada, mas ao mesmo tempo muito assustada. Desvio os olhos novamente e observo a minha água. Não sei o que dizer a respeito. Sempre me considerei um livro fechado, às vezes nem eu consigo me consultar direito. Jamais pensei que uma pessoa pudesse ser diferente. Até com a Keana eu não conseguia me abrir, mesmo depois de dez anos de relacionamento. Minha timidez e discrição me permitem ser uma pessoa séria, educada e que faz as coisas certas acima de tudo. Nunca procurei conhecer ninguém a fundo, pois considero invasão de privacidade, por isso não permito que alguém tente me desvendar.

Eu Nunca - Camren (+18)Onde histórias criam vida. Descubra agora