Capítulo 11

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Sobrevoando o céu nordestino


Observo Camila. Ela me olha fixamente, com os lábios entreabertos e os olhos curiosas traduzindo o mais puro estarrecimento. Não consigo fazer outra coisa além de me sentir a mulher mais panaca do universo. Espero pela sua risada infinita, na esperança de que ela me surpreenda em vez de decepcionar, mas acabo escutando a tal gargalhada que me preocupava, depois de alguns minutos de puro silêncio.

Camila explode, mal conseguindo se controlar. Ela ainda está agachada em meus joelhos, e deposita a cabeça neles enquanto não consegue parar de rir. Não sei mais o que é pior: seu deboche ou seus ataques sempre precisos.

O mundo começa a girar. Resolvo colocar meus óculos novamente, mas de nada adianta. Sinto meu espírito querendo sair do meu corpo, porém estou tão magoada que ignoro a sensação incomum. Minha vontade é de pedir para que o piloto deixe Camila em João Pessoa e depois siga para Minas, lugar de onde eu nunca deveria ter saído. Decidida a fazer exatamente isso, tento me erguer da cadeira, no entanto acontecem duas coisas: Camila não permite meus movimentos e minhas pernas não obedecem direito ao comando do meu cérebro.

—    Como eu sou jumenta! — Ela estapeia a própria testa, rindo como uma doida. — Mas é claro! É óbvio, meu Deus! Puta que pariu! Não dá pra acreditar!

Encara-me novamente, desta vez já chorando de tanto que ri. O avião começa a chacoalhar, mas não me importo. Estou decepcionada com ela, e este sentimento me faz perder o medo, a vergonha e tudo o que me torna o Lauren que sempre fui. Abro a boca para tentar gritar, mas nada sai. Preciso deixar de ser essa otária tímida que perde o foco constantemente e age como uma moleca. A decepção passa a ter outro alvo: eu mesma. Se Camila ri de mim, a culpa é minha, não dela.

—    Eu nunca me senti tão idiota quanto agora! —    ela praticamente berra, tentando enxugar as lágrimas que melam seu rosto.

—    Nem eu — respondo, então ela para e volta a me analisar. Estou séria, introspectiva e bastante tonta, como se vivenciasse um sonho esquisito. Camila se ergue, ficando de pé, com seus olhos ainda sobre os meus.

—    Desculpa, Lauren, mas eu nunca peguei alguém virgem. Puta merda! — Dá alguns passos para trás. Seu afastamento me faz ter uma cadeia de pensamentos assustadora. Ela está se afastando porque sou virgem? Deixei de ser interessante? Não sou mais o alvo de seu desejo?

Perco o ar de tão indignada que fico. Não esperava este tipo de comportamento vindo dela. O que há de tão errado em ser virgem? O que a preocupa tanto depois de tomar conhecimento? Raciocino e chego à uma conclusão depressa demais: Camila cultua a liberdade plena, ou seja, não se submete à compromissos e deve detestar se envolver demais com alguém, por isso pediu para não me apaixonar. Deve achar que vou ficar caidinha por ela caso tire minha virgindade.

Eu Nunca - Camren (+18)Onde histórias criam vida. Descubra agora