Capítulo 13

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Recife, Pernambuco

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Recife, Pernambuco


     Ainda não sei se essa vida corrida demais me agrada ou me cansa. Estou exausta, sem dormir, porém com a sensação de dever cumprido. Consegui ver o pôr do sol e o amanhecer mais bonitos do país. Eu me sinto abençoada. Além do mais, qualquer coisa vale a pena quando se está diante do mar, percebi isso assim que fomos apresentados. Ver pela televisão, ou em revistas, não é a mesma coisa de jeito nenhum.

     É uma pena saber que muita gente que mora pertinho do litoral nem liga para a vasta imensidão azul. Se eu morasse em alguma cidade litorânea, faria questão de admirar o oceano todos os dias, sempre que eu pudesse.

     Fizemos o desjejum em João Pessoa, numa das várias pousadas na beira-mar, deliciando-nos com especiarias da região. Camila não quer perder tempo, pois seu itinerário é extenso e ela deseja aproveitar tudo que puder. Fiquei meio pensativa com suas palavras, pois me deu a impressão de que ela tem pressa. E, se ela tem pressa, significa que a nossa viagem vai acabar mais cedo. Será que ela realmente está gostando? Será que ficou chateada comigo?

     Acompanhei sua reação ao ver o nascer do sol e tive certeza de que a viagem está sendo tão importante pra ela quanto pra mim, mas nada com Camila é previsível. Fico espantada quando age com sensibilidade, talvez mais do que quando se comporta como uma maluca. Deve ser porque estou me acostumando.

     Eu me sinto aliviada depois da nossa conversa diante do mar. Pelo menos tenho certeza de que agora não passarei mais por situações constrangedoras, nem mesmo terei que me defender o tempo todo de seus ataques sempre precisos. Por outro lado, não faço ideia de quando ela vai querer me beijar de novo, talvez nunca mais. Camila não tem a obrigação de me conquistar, de me convencer e muito menos de se frear para acompanhar o meu ritmo. Em outras palavras, ela é livre para ter quem quiser, na hora que quiser, e eu não tenho nada a ver com suas escolhas. Não é como se minha virgindade precisasse ser tirada por ela. Espero que tenha entendido que, como sua companheira de viagem, estou aqui principalmente para respeitar o seu jeito doidinho de ser.

     Será bem mais fácil conviver com ela sabendo  que  não  tentará  me  atacar  a  qualquer instante. No entanto, vai ser difícil pra burro esquecer a sensação da sua boca me tomando. Ainda posso sentir sua língua percorrendo o meu membro. Recordo cada detalhe do que aconteceu no jatinho sem parar, como um filme que não me canso de assistir. Claro que considero naturais esses meus lapsos. Ela despertou um lado meu que estava adormecido, guardado a sete chaves. Querendo ou não, jamais serei o mesmo depois de ter provado esta experiência. Se eu quero passar por ela de novo? Não sei responder. Acho que não suportaria ter de lidar com a confusão mental que me provoca.

     Conseguimos alugar o mesmo jatinho a fim de chegarmos à Recife, capital de Pernambuco. O voo não dura nem meia hora de tão perto que as duas cidades ficam. Camila dorme durante esses minutos, mas não consigo pregar o olho devido aos pensamentos frenéticos que me acometem — e também porque decido que odeio a ideia de estar nas alturas. Eu me sinto desprotegida, sem controle, como se fosse cair a qualquer instante. Um frio horrível instalado na minha barriga não me permite relaxar. Estou suando em bicas quando finalmente pousamos. A melhor parte da viagem de avião com certeza é a aterrissagem, pelo menos sei que do chão não passo.

Eu Nunca - Camren (+18)Onde histórias criam vida. Descubra agora