Em um conversível a mais de trezentos quilômetros por horaLauren sai do carro e me deixa sozinha em um espaço imenso no mundo. O que vou fazer agora? Pela primeira vez na vida não sei que rumo tomar, nada faz sentido. Um vazio enorme toma conta de todo meu ser. Sou apenas nada, um cisco flutuando ao vento. Flutuando ao vento... Essas palavras me dão uma luz: fugir.
Piso no acelerador com força, fazendo os pneus cantarem. Não olho para trás, não quero vê-la de costas para mim, como se partisse para nunca mais voltar. Será que vai cumprir sua promessa? E que direito eu tenho de lhe pedir isso? Que direito tenho sobre Lauren, que tem uma vida bem diferente da minha em Itaú de Minas? Nenhum. Só posso controlar a mim mesma, por isso dirijo feito uma maníaca, arrancando do Porsche toda sua potência.
O vento nos meus cabelos não tem a menor graça, na verdade chega a ser irritante, por isso fecho a capota e as janelas, me enclausurando dentro do automóvel. A música ajuda a dor no meu peito a aumentar, então desligo. Corro como se minha vida dependesse disso, mas a sensação me persegue, me desnorteia, me encurrala em um canto sombrio da minha mente e um som estranho escapa das minhas entranhas. Estou soluçando tão dolorosamente que sinto pena de mim mesma. Eu não me lembro de já ter chorado assim alguma vez. A cena toda é tão ridícula que começo a gargalhar,
misturando lágrimas com risadas, de maneira bem doida. Acho que enlouqueci. Não sei por que choro, portanto, eu rio.
Meus olhos embaçam, talvez pelo pranto ou pela alegria exacerbada, que duelam dentro de mim como se eu fosse um ringue. Dois gigantes tentando tomar posse de minha sanidade. Paro no acostamento antes que eu cause um acidente. Não quero morrer nem matar ninguém, por mais que essa dor seja insuportável. Ouço a voz dela na minha mente, me pedindo calma e se oferecendo para guiar o veículo, já que não tenho condições. Vislumbrar a cena do meu anjo querendo me ajudar, me faz chorar mais.
Encosto a cabeça contra a direção, desejando batê-la até apagar o som de seu sotaque maravilhoso que ecoa no meu cérebro, tentando me consolar.
— Para! — grito para ninguém, ensandecida.
— Você foi embora, me deixa em paz!
Enxugo o rosto, me sentindo uma idiota sem noção. Eu sempre fui assim, meu Deus? O que será que Lauren pensa de mim? É por isso que ela partiu, por que fui demais para ela? Estou sendo demais para mim mesma agora e preciso me calar, antes que eu atire a merda do conversível contra uma vala. De repente, a vontade de ter colo, de ir para casa, me toma e acho ainda mais esquisita. Eu sei que meus pais vão me acolher de braços abertos, mas por que eu devia parar minha vida e correr para eles como uma menina com medo de dormir sozinha no próprio quarto?
Que vida, Camila?
Ué, eu sou milionária, tenho um carro veloz e muita grana para gastar. O Brasil inteiro está ao meu dispor para explorar, com a ajuda de minha conta bancária recheada, e meus fãs nas redes sociais adoram acompanhar minha viagem. Então, por que eu estou aqui parada, chorando feito uma menininha assustada mesmo? Ah, é! Lauren voltou para Minas. Mas, e daí? É direito dela ir para onde quiser e o meu de me divertir.
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Eu Nunca - Camren (+18)
Fanfiction𝙊 𝙦𝙪𝙚 𝙫𝙤𝙘𝙚̂ 𝙛𝙖𝙧𝙞𝙖 𝙨𝙚 𝙙𝙞𝙫𝙞𝙙𝙞𝙨𝙨𝙚 𝙪𝙢 𝙥𝙧𝙚̂𝙢𝙞𝙤 𝙙𝙚 𝙩𝙧𝙚𝙯𝙚𝙣𝙩𝙤𝙨 𝙢𝙞𝙡𝙝𝙤̃𝙚𝙨 𝙙𝙚 𝙧𝙚𝙖𝙞𝙨 𝙘𝙤𝙢 𝙪𝙢𝙖 𝙙𝙚𝙨𝙘𝙤𝙣𝙝𝙚𝙘𝙞𝙙𝙖? Camila Cabello, uma mulher bem-resolvida que ama viver a liberdade plena, sa...