Capítulo 17

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Na "nossa" casa em Brasília

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Na "nossa" casa em Brasília


Camila fica calada durante um tempo que não consigo usar para nada além de dirigir o mais rápido que posso, como se fugisse de alguém. Não deixo de pensar que esse alguém talvez seja eu mesma. Minhas ideias estão se encaracolando dentro do meu cérebro, roubando-me o ar e me deixando simplesmente morta de tanta raiva. Jamais esteve em meus planos sentir isso pela Camila, afinal, o que ela fez de tão ruim assim? Minha amiga só agiu como ela sempre age. Por que estou tão decepcionada?

Chegamos à casa alugada em menos de quinze minutos. Abro o portão eletrônico e estaciono, o silêncio total ainda nos convencendo de que boa coisa não sairá dele. E, de fato, não sai. Basta que eu olhe para Camila e ela me observe de volta, com os olhos possessos, que tenho certeza de que é agora que teremos a nossa primeira discussão. O pior de tudo é não saber exatamente por qual motivo vamos brigar, mesmo me sentindo absolutamente disposta a um bate-boca. O que é esquisito, com certeza. Eu nunca discuti com ninguém.

     —    Você queria ficar com aquela mulher? — Camila pergunta em um rosnado áspero, um timbre que nunca vi partindo da boca dela.

     —    Eu, com certeza, não queria que você aparecesse do nada, fingindo estar bêbada e inventando uma saudade, só para me fazer ficar
longe dela.

     —    Eu estava tentando te ajudar!

     —    Me ajudar? Que tipo de ajuda é essa, Camila?

     —    Pensei que estivesse pedindo socorro. Eu te conheço, sei que não gosta de ser paquerada de uma forma tão descarada! — grita alto, como se eu não estivesse bem ao seu lado. Nunca vi Camila tão vermelha. Eu que sou o tomate da história, não ela.

     —    O que está dizendo, que não gosto de mulher? — As palavras saltam da minha boca em uma espécie de desabafo magoada.

     Eu não sei por que falei tal absurdo. Ela tem razão, não gosto desses joguinhos, sou muito discreta, mas não significa que eu não possa dar uma chance, certo? Foi ela mesma que me ensinou que devo me permitir. Eu só estava tentando fazer o que aprendi, principalmente depois de ser largada sozinha durante uma festa cheia de gente desconhecida. Camila resolveu se engraçar pelo mesmo ator famoso que Keana cola pôsteres no quarto, o que mais eu podia fazer? O que aquele manézão tem de tão especial? Eu sou rica também, não sou? Aposto como a minha conta bancária está mais gorda do que a dele. E eu não sou feia. Tudo bem, eu não sou tão bonita quanto ele.

     —    Argh, sua imbecil! — Ela salta do Porsche e bate os pés até a entrada da casa.

     Abre a porta com a maior violência e se perde lá dentro, mas eu decido não deixar barato. Foi ela quem começou. Eu não sou imbecil, Camila que me trata sempre como se eu fosse. É por isso que a sigo, entrando na casa já com as palavras na ponta da língua.

Eu Nunca - Camren (+18)Onde histórias criam vida. Descubra agora