Capítulo IX ( parte 1 )

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•Aurora•

Depois daquele ocorrido na porta do quarto do Vicenzo  não o vejo há 3 semanas, 3 benditas semanas que estou longe do Vicenzo,  deveria estar contente, certo? Errado. No decorrer destes dias foi um pouco pertubante permanecer nessa mansão sem nada por fazer e nem sequer posso sair sem a autorização dele. E pude perceber que todos nessa casa têm medo dele e bem que eles estão certo.

Perguntei para Eleonora onde ele estava e ela me disse que teve que viajar para a sua cidade já que teve assuntos importantes para tratar.  A cada dia que passa eu e Eleonora estamos a criar uma conexão ainda mais forte, a mais velha me trata de maneira afetiva como se eu fizesse parte da sua família e isso me faz sentir especial.

A conversa com Eleonora sobre o passado do Vicenzo me deixou muito assustada. Ela cuida dele desde o início de todos os abusos e estava presente quando ele ainda era uma criança apavorada graças ao próprio pai. Um monstro. Não conheço o italiano a tempo suficiente para ter alguma importância na sua vida. Eleonora uma vez me disse que todos nós precisamos de salvação independente dos nossos pecados dos quais carregamos.  O peso é grande, mas podemos deixá-los para trás quando encontramos alguém que nos apoie e nos ajude.

Eu quero ajudá-lo.

Todas as noites antes de dormir lembro sempre da Morgan, das suas piadas sem graça e das histórias loucas que ela já viveu, sem falar da imensa saudade que eu sinto da minha mãe, apesar dela ser bem controladora e meio razinza eu amo o seu jeito de ser , a comida dela e dos seus vestidos florais. Será que eles sentem a minha falta?

O meu "querido" casamento será daqui a uma semana então Paola e Sarai têm passado muito por aqui e eu fico super cansada no final do dia por causa das decorações,  convites, comida , vestido e outras baboseiras.

Tem uma surpresa para você no seu quarto- Eleonora avisa parada na grande sala de estar e me tira dos meus devaneios.

-  Como assim uma surpresa? - questiono desconfiada,  enquanto Eleonora tinha um olhar sugestivo e calmo- vou ver o que é.

Subo a longa escada e sem esperar muito entro no meu quarto e encontro uma caixa preta de tamanho mediano sobre a cama. Abro a caixa e avisto um lindo vestido vermelho bem elegante e um salto. Para onde eu irei com isso?  Dá para notar o quão caras essas duas peças são.

- Hoje a noite iremos para um jantar e não é um convite.

Arrepiada.

Esse é o efeito causado pela voz rouca do Vicenzo. Mesmo depois de 3 semanas sem vê-lo ou ouvi-lo. Até poderia afirmar que senti falta dele, mas Vicenzo está mais fora de casa do que dentro.

Vicenzo está sentado em uma poltrona que fica bem no canto do quarto e onde a luz não ilumina. Sua postura é ereta, expressão robusta e mau humorado, como sempre. Seus olhos aparentam estar tranquilos , porém, continua sem brilho,  sempre com o seu olhar sombrio e indecifrável. Olho para ele e penso no lugar em que iremos, talvez seja um jantar em família ou um jantar entre máfias.

- Desapareceu durante dias e quando regressa já vem com essas suas ordens, engraçado,  não é mesmo?

Não pude deixar o meu lado corajoso e bocuda para trás. Só porque um certo italiano domina sempre os meus pensamentos,  não significa que irei mudar o meu jeito de ser,nunca irei abaixar a cabeça e deixar ele mandar em mim como se eu fosse  um cachorrinho. Nunca.

Vicenzo: começo a achar que você sentiu saudades minhas.

Idiota

Eleonora me disse que você estava na sua terra natal.

My DemonOnde histórias criam vida. Descubra agora