Capítulo VI

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Aurora

Depois daquela... cena na biblioteca não vi mais o Vicenzo o dia todo e segundo a Eleonora ele teve uma saída de emergência e agradeço a Deus por isso,  porque não quero ver aquele babaca.

Sai da biblioteca, tomei um banho e coloquei um pijama bem confortável já que são 20h e daqui a pouco vou ir dormir.

Vou até a cozinha e sento no balcão enquanto espero a Cláudia servir para mim. Eleonora entra na sala e me cumprimenta com um beijo na testa,  de um tempo para cá eu já considero ela como minha segunda mãe.

Eleonora: tudo bem Aurora? - ela pergunta e senta ao meu lado

- Tudo bem... quando é que você começou a trabalhar para o Vicenzo? - pergunto curiosa e coloco a lasanha na boca que está uma delícia

Eleonora: desde que ele ainda era um um garoto transformando - se em alguém que sempre desprezou- ela responde com a sua típica voz calma e serena- Vicenzo nem sempre foi esse homem frio. Ele teve sonhos que foram destruídos,  teve amores que foram  tirados da pior maneira possível  e tudo isso aconteceu quando era apenas uma criança- ela completa.

As palavras de Eleonora me fizeram refletir por alguns segundos, pensar que Vicenzo se tornou alguém desprezível por conta do que aconteceu na sua infância jamais me passou pela cabeça.

- Quem fez tudo isso com ele?

Eleonora: O seu pai ,Carmine.

De repente senti a minha garganta ficar seca e todo o meu corpo se arrepiar enquanto Eleonora me estuda em silêncio. Pouso o garfo e olho diretamente para ela, como é que um pai faz isso ao seu próprio filho? E eu achando que o meu era um monstro.

- E... eu não sei o que dizer - sussurro

Eleonora: Por ser o líder da maior máfia do mundo, Vicenzo carrega consigo traumas e demónios do passado que o atormentam esses todos anos ,mas, eu acredito que ainda existe uma parte boa nele.

- Onde quer chegar com isso Eleonora? Vicenzo não tem salvação, ele é impiedoso e mata as pessoas sem remorsos- digo convicta

Eleonora: ele pode ser salvo Aurora, todos podem.

Faço menção de abrir a boca para retrucar mais Eleonora já desapareceu do meu campo de vista. Não me importa se há salvação ou não para o Vicenzo, eu prefiro ficar fora da sua vida.

Com o auxílio do  relógio que está no criado mudo assisto as horas a passarem e eu estou completamente entediada apesar de já ter lido 5 capítulos do livro. Mas uma vez olho para o relógio e são 01h, levanto da cama e abro a porta do quarto e observo o corredor,  ele está vazio e com poucas luzes acesas. Ando em pico dos pés e vou até a cozinha para beber água, pego um copo e sirvo a água. Estou prestes a sair quando me assusto com a figura masculina que está parada da porta. Vicenzo.

- Quer me matar de susto idiota- falo assustada e com a mão no peito tentando me acalmar.

Vicenzo: se fosse para fazer isso já teria feito a muito tempo, está fazendo o quê aqui? - ele pergunta e acende a luz do cómodo. Vicenzo está segurando um cigarro entre os dedos e caminha lentamente até mim sem desviar o seu olhar do meu , uma ação que me deixa intrigada, desconfiada e nervosa. Depois de tudo que Nora disse sobre ele não consigo odiá-lo como antes, talvez seja por empatia. Pensar que um homem  como ele pode ser salvo é suicídio. A escuridão prevalece no seu olhar, não existe brilho naqueles olhos azuis.

Ele se aproxima e quanto ele mais se aproxima,mais eu me afasto.

Vicenzo: a sua ingenuidade é impressionante,  Aurora, e pare de tentar fugir de mim - O cigarro antes em mão teve um rumo desconhecido- provavelmente você percebeu que eu não sou um homem com muita paciência e ainda está disposta a despertar o pior de mim .

Meu corpo bate na parede e Vicenzo quebra a barreira invisível que existia entre nós e consigo sentir o cheiro do perigo exalando por todo ambiente.  Ergo a cabeça vendo-o arquear  uma de suas sobrancelhas,  certamente tomado a minha atitude como uma demonstração de audaciosa. Estava quase a responde-lo  quando uma das suas mãos se perde nas madeixas do meu cabelo e o segura firmemente, quero contrariá-lo, demonstrar confiança. Mas quem eu quero enganar? Meu corpo não compreende os comandos do meu cérebro, uma oportunidade fácil  e perfeita para o brutamontes se aproveitar do breve transe.

My DemonOnde histórias criam vida. Descubra agora