Capítulo VIII

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"Infelizmente o arrependimento só surge depois da atitude realizada"
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•Aurora•

Arrependimento.

SEGUNDO o dicionário Aurélio é um  remorso ou mágoa por se ter cometido um mal e neste instante é a palavra que define tudo o que eu estou sentindo agora. Estou atordoada pelo que eu fiz  e temo que Vicenzo venha até aqui e finalize o seu trabalho. Afinal a culpa foi minha, eu é que causei a irá dele por ter falado de alguém que provavelmente ele quer deixar no passado e eu pude ver a escuridão que tomou conta daqueles olhos azuis brilhantes e perdidos. Era tarde demais.

Porra!

Porquê que eu não consigo culpá-lo por ter quase me matado? Talvez porque a culpa foi, somente minha e de mais ninguém.

Quando a mão grande do Vicenzo  segurou fortemente o meu pescoço,  tive a certeza que ali seria o meu fim. Tive medo de encará-lo. Ele estava fora de si , em outro mundo, e não parecia totalmente consciente do que estava fazendo, ou talvez estava , mas de qualquer jeito isso mexeu comigo.

Diversas vezes chamei o seu nome mesmo com a voz falhando,  ainda assim usei o pouco oxigénio que me restava se não morreria.

Talvez Eleonora estava certo sobre ele. Vicenzo é um homem vestido com uma grande capa que esconde quem realmente ele é. No fundo é apenas mais um homem extremamente machucado e dominado pelos demónios do seu passado,  suponho.

E apesar dele ter tirado de mim a pouca felicidade que tinha antes de ser comprada para ele eu queria dar um forte abraço dele e lhe dizer que tudo correria bem , assim como todo nós,  ele também precisa ouvir isso.

Sentada no chão do box sinto a água fria escorrer sobre meu corpo pressiono os dedos da minha própria mão tentando conter o nervosismo e a culpa. Nada é capaz de me distrair,  nada funciona. Por conta das paredes finas consigo ouvir o barulho de coisas sendo quebradas e gritos estridentes vindo do andar de baixo.

Eu quero consertar o que acabei de causar, porém,  tenho medo de voltar para lá e acabar por ser morta. Eu vou dar um jeito de me desculpar por tudo que eu fiz , mas não será hoje prefiro deixar ele se acalmar.

Termino o meu banho e visto um pijama quentinho, deito na cama e tento fechar os olhos mas é uma missão impossível já que toda vez que eu tento , a imagem do quão escuro e profundo os seus olhos ficaram.

Depois de uma noite muito mau dormida , levanto da cama, faço as minhas higienes e saio do quarto bem decidida a conversar com o Vicenzo. Procuro ele por quase toda casa e nada, vou até a cozinha e me encontro com a Eleonora

- oi Eleonora você viu o Vicenzo? - pergunto

Eleonora: O quê que aconteceu com o seu pescoço? - Nora pergunta com um tom preocupado e eu me lembro dos acontecimentos da noite passada

- Nada demais, ele já saiu? - troco de assunto

Eleonora: sim, ele saiu muito cedo e disse que não voltaria muito cedo.

- Ok- digo meio desanimada, eu realmente queria me desculpar

Eleonora: o que foi,  posso ajudar ?


- uhm... acho que n... sim você pode. Será que você pode me levar para sair, eu preciso comprar algumas coisas

Eleonora: eu não sei se Vicenzo vai gostar muito dessa ideia, vou ligar para ele e pedir.

-Está bem , eu vou subir e trocar de roupa. Subo até meu quarto e coloco uma roupa bem minimalista

My DemonOnde histórias criam vida. Descubra agora