Capítulo XXIX

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•Vicenzo•

3 meses depois...

Estava mais decidido a ir buscar a minha mulher , isto se não tivesse sido forçado a priorizar os meus assuntos inacabados do passado. Inclusive tratando-se do meu pai.

No decorrer desses meses pus um investigador particular para desvendar a verdade e ir em busca por respostas, nas quais tive informações privilegiadas. Carmini continua na máfia americana, encontra-se mais velho do que me recordo e estranhamente aparenta ser mais humano. Jamais serei convencido por tamanha mentira e como se não fosse o suficiente, Carmini mantém uma aliança com a James.

Dois inimigos estabelecendo amizade na ilusória captura de um inimigo em comum.

Ambos querem a mim.

A todo momento Carmini teve a brilhante ideia de amedrontar Aurora e com a ajuda de James ele descobriu a minha nova fraqueza minha. Carmini me conhece melhor do que qualquer outra pessoa e ele não usará a minha máfia contra mim , usará a mulher na qual resgatou tudo de bom que ainda existe. Aurora é a minha fraqueza e ao mesmo tempo a minha fortaleza.

Carmini adorava saber a quantidade de mulheres desesperadas para terem a minha atenção, pois ele tinha o conhecimento que as suas atrocidades cometidas fez com que eu criasse uma barreira de frieza , egoísmo e dor. Fui ensinado que as mulheres são fúteis e descartáveis e quando comecei a vê-las dessa forma, fui responsável por magoar dezenas de corações, desde os mais experientes para os inocentes. Nada daquilo era comovente acreditei que jamais seria.

Percebo o quanto fui moldado pelo meu próprio pai que sempre deixou explicito o seu desprezo e descaso diante do seu filho, por anos estive sob o poder de Carmini suportando as humilhações, torturas, dores e carregando comigo as cicatrizes debaixo das intocáveis tatuagens localizadas em cada centímetro do meu corpo.

-James pode se achar esperto, mas Carmini está dois passos a frente dele- respiro com pesar passando a mão no cabelo. Tenho o costume de descontar o nervosismo desta maneira- James não têm herdeiros e nenhum outro homem tem a sua confiança a ponto dele entregar a máfia em suas mãos- acendo o maço de cigarro direcionando-o à boca e elimino a fumaça no ar voltando o meu olhar para Nicolas- James morrerá em breve e infelizmente não terei o prazer de sorrir vendo-o se debater em desespero.

Nicolas: o que tem em mente Vicenzo? - ele pergunta ficando atento a cada palavra minha e nos meus movimentos.

Observo-o por um tempo notando a sua fisionomia cansada, olhar vazio e distante. Estou sendo o baita de um egoísta pelo simples facto de não ajudá-lo. Não neste momento. Nicolas consegue ser ainda mais frio do que eu quando o assunto em jogo é sobre a sua família. Eu o conheço bem o bastante para afirmar que algo vem mexendo com a sua mente e como de costume ele prefere seguir em diante achando que a melhor opção é ignorar.

Lorenzo: a morte de James deixará nosso pai em alerta e ele certamente vai acreditar que você é o culpado. Isso pode pôr em risco a nossa aliança com os outros líderes.

- Esse é o intuito, meu querido irmão- Nicolas e Lorenzo ficam calados visivelmente procurando compreender a minha curta resposta- Carmini irá roubá-lo, desrespeitá-lo e logo em seguida matá-lo. Acha mesmo que ele irá desperdiçar a sua única chance de ingressar na máfia novamente? Com os negócios do país sob o seu comando ele estará pronto para vir até mim e cumprir o seu alarmante desejo.

Nicolas: e qual seria esse desejo?

- Me matar- Meus dedos percorrem a borda escorregadia do copo enquanto sorrio de maneira perversa- O seu desejo não é uma morte comum e rápida. Carmini quer me destruir através de uma única pessoas.

Lorenzo: Aurora- concordo positivamente pensando no quanto a minha mulher deve estar me odiando. Sei que ela está bem. Os meu homens encontra-se vigiando o hotel durante as vinte e quatro horas do dia, são homens confiáveis e duramente treinados para não falharem- Precisa ir buscá-la , Vicenzo, sabe que ela corre um grande perigo estando longe de você. Aurora é um alvo fácil.

- Ela corre perigo desde o momento que aceitou acreditar em mim- Pressiono o cigarro contra o cinzeiro deixando-o ali e bebo rapidamente a dose de Whisky- Irei buscá-la esta noite, ela querendo ou não- Me levanto da poltrona e visto o meu sobretudo preto- Tenho outros assuntos pendentes que requer atenção. Cuidem de tudo na minha ausência.

Benjamim propôs vender a sua filha, uma garota- ainda criança- que o amava incondicionalmente e ainda assim ele preferiu trocá-la por meros trocado ao invés de admitir os seus erros na tentativa de tentar consertá-los.

Meu pai foi incompreensível, momento algum mostrou impatia. Aquele homem era uma nada, um drogado viciado e mentiroso. Nunca pensaria na possibilidade de entregar a minha filha nas mãos de um outro alguém, inseto da minha confiança, tão pouco para um desconhecido.

Depois de um bom tempo conduzindo paro de frente ao hotel onde minha mulher se encontra hospedada. Vou até a recepção e não foi difícil saber qual era o quarto dela. A sensação de estar incomodando devido ao horário não é um problema. Não para mim.

Aurora: Vicenzo...- Aurora sussura sonolenta assim que abre a porta deparando-se com o meu porte ereto- O que está fazendo aqui a essa hora?

- Vim buscar a minha mulher- apoio as mãos no bolso da calça e estudo cautelosamente o olhar perdido da mulher a minha frente. Calma demais. Quieta demais, deveria me preocupar? - está na hora de voltar para casa.

Aurora: este agora é o meu lar Vicenzo. Achei que pensasse dessa forma.

- O seu lar é do meu lado, todo sentem sua falta- me aproximo dela- E eu também.

Aurora: precisava de todo esse tempo para confessar? Acha simples vir aqui e pronunciar essas palavras bonitas na tentativa de me convencer? - sorrio fraco por sua demonstração de rebeldia. Algumas coisas nunca mudam.

- Confesso que agi como um egoísta por não ter te contado algo tão importante, feri o seu coração ao invés de cuidá-lo. Mas este sou eu. Impulsivo, grosseiro e controlador- Umedeço os lábios estando nervoso e me sinto como um maldito adolescente medroso e inexperiente- A única certeza que possuo é o que eu sinto por você.

Por que é tão difícil pronunciar aquilo que estive ansioso para dizê-la?

Aurora:




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