Tobias Bernstorff
O meu coração quase sai pela boca, quando os meus olhos enxergam Meyer vindo na minha direção. Examino a sua expressão e imediatamente sinto que algo está errado, desvio o olhar para além dele procurando por Nihara, mas não a vejo. Meu Deus, o que deve ter acontecido, por que ela não está vindo com ele? O homem, entra no espaço privado onde me encontro, com o semblante incomodado, como se relutasse em dar voz à notícia que carrega.
— Diz-me que ela foi ao banheiro, por favor — suplico, encarando-o com um nó na garganta, a mágoa pulsando no meu peito.
— Sinto muito, senhor. Mas parece que surgiu uma situação de última hora e, me pareceu ser grave — ele informa com pesar. Fecho os olhos tentando controlar minhas emoções e sentimentos agora, e respiro pesado. Sei que ela não me deixaria pendurado se não fosse nada realmente grave.
— Ela não disse o que era?
— Não, senhor, ela só disse que ligaria.
— Será que tem algo a ver com Leandra? Ela teria me ligado imediatamente em caso de problemas — sugiro, mais para mim mesmo do que para Meyer, que apenas observa enquanto me perco no meu próprio monólogo.
— Tudo bem. Pode se retirar — digo, por fim, resignado.
Afundo na cadeira, incapaz de conter a decepção e o desapontamento que toma conta de mim. Uma profunda tristeza me invade. Embora saiba que ela pode ter uma explicação plausível, mas meu coração ainda assim se contrai com uma dor aguda, uma dilaceração lenta e profunda. Planejei este dia meticulosamente, neste lugar que era um lembrete constante da perda do Simon, e agora está situação se junta à lista de coisas que me causam dor, neste lugar.
Com as mãos cobrindo rosto, respiro profundamente, tentando acalmar o ritmo acelerado do meu coração. Não esperarei pela ligação dela; eu mesmo ligarei. Retiro o telefone do paletó e chamo o número dela, observando a imagem dela dançando na tela até a chamada ser encaminhada para a caixa postal. Droga, Nihara, o que está acontecendo? Ligo novamente, e mais uma vez, não há resposta.
Saio do restaurante, furioso. Atravesso o lugar com passos largos em direção à suíte master, que desfrutarei sozinho, ou talvez eu vá embora hoje. De frente a porta do quarto decido que sim, vou até a Nihara, verificar o que acontece, por que razão me deixou abandonado, nesta noite a véspera do ano novo.
Abro a porta, adentrando o espaço decorado de forma romântica. Dou um passo adiante, e meu olhar imediatamente se encontra com o de Sienna, sentada no sofá com as pernas cruzadas, parte da sua pele clara exposta.
— O que fazes aqui? Como entrou? — questiono surpreso, me aproximando dela. A mulher se levanta, abaixa o vestido não tão discretamente e se aproxima devagar.
— Nós já estivemos aqui, lembra? — ela responde casualmente, evitando responder diretamente à minha pergunta.
— Sim, mas isso não responde, o que você está fazendo aqui — insisto, não escondendo a irritação. Ela dá de ombros, e diz:
— Não me pergunte como, mas eu sabia que você viria para cá e resolvi fazer o mesmo. Talvez aqui, onde compartilhamos tantos momentos especiais, eu possa te fazer relembrar de nós. Sinto saudades.
Sienna se aproxima ainda mais, o seu olhar fixo nos meus. Ela deixa escapar um sorriso sutil, um sorriso que costumava deixar-me completamente rendido.
— Não existe mais "nós" — protesto com a voz vacilante, sentindo a sua respiração bem perto da minha.
— Tobias, você sabe que não conseguimos resistir um ao outro — ela murmura suavemente, com uma voz carregada de sedução. Suas mãos tocam meu peito, fazendo-me sentir o calor familiar da sua presença, ela ergue-se na ponta dos pés e nos encaramos, nossos lábios separados por ínfimo de espaço.
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NÃO POSSO TE AMAR [Revisando]
RomanceNihara decide recomeçar a sua vida em Berlim, determinada a superar a traição que sofreu pouco antes do seu casamento. Com foco total na sua carreira, ela busca sucesso profissional e pretende evitar qualquer envolvimento emocional. Porém, o destin...