Prólogo

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A neve cobria tudo de branco enquanto as crianças brincavam na rua estreita e mal iluminada. Um grupo de seis ou sete meninos e meninas estava correndo para lá e pra cá, todos alegres com a chegada da nova estação.

Matteo, apesar de ser um dos meninos mais jovens, liderava o grupo nas brincadeiras, ao lado de seu fiel escudeiro e irmão mais velho, David. Os dois eram queridos por todos na rua, especialmente o mais novo, que vivia por aí distribuindo sorrisos e fazendo de tudo para alegrar os vizinhos.

- A esquerda, Matteo! - David tentou avisar, mas seu irmão não foi rápido o suficiente e uma bola de neve muito grande o atingiu, fazendo-o cair para trás.

Felizmente, o garotinho não se deixou abalar e decidiu fazer um anjinho de neve onde caiu. Ao se levantar, ele olhou para o lado bem a tempo de ver uma mulher e uma menina saindo da casa amarela, ele observou quando a mulher incentivou a criança a brincar com os outros e entrar em casa logo em seguida, enquanto a garotinha apenas suspirou e sentou-se na calçada.

Foi então que Matteo levantou-se e resolveu ir até ela.

- Olá! - O menino sorriu, mas tudo que recebeu em troca foi um olhar distraído. - Você quer brincar com a gente?

A garotinha olhou para o grupo de crianças atrás de Matteo e encolheu-se um pouco ao negar com a cabeça.

- Por que não?

- Eu tenho vergonha. - sua voz saiu quase como um sussurro.

- Eles são bem legais, tem certeza que não quer brincar? - Ela assentiu e voltou a encarar a rua ao redor deles.

- Prefiro ficar apenas olhando.

Dando-se por vencido, Matteo apenas se despediu e voltou para perto de seus amigos.

Em meio às brincadeiras, o jovenzinho se encontrou olhando em direção a menininha sentada nos degraus da casa amarela, esperando que ela mudasse de ideia e se juntasse a eles, mas isso não aconteceu.

Essa cena repetiu-se diversas vezes durante os três anos seguintes, até a família de Matteo se mudar para outra rua quando uma tempestade fez parte do teto da antiga casa cair.

Às vezes ele retornava ao dia da brincadeira da neve em sua memória e se questionava sobre o que aquela garotinha pensou enquanto via a diversão de longe. Mas o pensamento era quase sempre levado a algo ainda mais específico: O quanto ela lembrava a neve.

A Bailarina de NeveOnde histórias criam vida. Descubra agora