VII

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Matteo

Bati à porta dos meus pais na quarta-feira à tarde como havíamos combinado há alguns dias. Mamãe estava insistindo em nos visitar desde o dia do casamento, lembro perfeitamente de suas palavras quando ela me chamou para conversar após a cerimônia.

— Ainda não acredito que se casou com ela, querido. — seu tom de desaprovação me fez revirar os olhos, mas ela estava tão ocupada reclamando que nem percebeu. — Mal a conhecemos e muito menos a família dela.

— Mamãe, fomos vizinhos delas por pelo menos sete anos. — tentei persuadi-la. — Nós praticamente crescemos juntos.

— Meu filho, mal a víamos, vocês nem se quer brincavam juntos!

— Mas agora ela é a minha esposa e a família dela me recebeu de braços abertos, assim como eu espero que vocês façam.

— Bem, você sabe que faremos, mas ainda não estou completamente segura com essa união repentina...

Por isso, neste exato momento, ela e Isabel me acompanhavam até a minha casa para um chá, o que seria a oportunidade perfeita para as mulheres Castelo interagirem entre si e se conhecerem melhor.

Mamãe encheu-me de perguntas durante todo o trajeto, as quais eu respondia com "sim, "não" e "talvez", em parte porque queria que ela tirasse suas próprias conclusões e em parte porque não sabia o que responder. Ao contrário dela, minha cunhada estava quieta, a pobrezinha estava apenas indo visitar minha mãe e foi pega de surpresa com toda essa história.

— Chegamos. — anunciei assim que abri a porta de casa.

Eveline levantou-se, apressada, e encarou a nós três, em especial a mamãe e Isabel.

Acho que minha esposa as cumprimentou ou fez algo parecido, confesso que não prestei atenção, pois perdi alguns segundos observando-a. Seus cabelos castanhos estavam presos em um tipo diferente de coque, deixando seu rosto pálido livre, mostrando detalhes que antes me pareciam escondidos, como o nariz cuja ponta é bem redondinha ou a cor naturalmente vermelha de suas bochechas. Porém, o que mais chamou minha atenção foram seus olhos, eles eram grandes e de um tom bem claro de azul que prendia completamente a atenção de quem os olhasse.

— Matteo, querido, está ouvindo? — mamãe chamou-me e voltei a prestar atenção no mundo ao meu redor.

— Desculpe, estava distraído. — Dei um sorrisinho amarelo. Ouvi minha cunhada rir discretamente atrás de mim, ela claramente havia percebido o que acabou de acontecer. — Pode repetir, mamãe?

— Estava dizendo para sairmos da porta e entrar de uma vez. — Ela estava começando a ficar impaciente. — Isabel está carregando um bebê, ela precisa se sentar, caso contrário estará cheia de dores mais tarde.

Apenas assenti e dei espaço para que elas entrassem. Mamãe estudou cada centímetro da sala antes de para seu olhar em Eveline, estava começando a ficar com pena dos olhares que ela estava recebendo. Por sorte, Isabel a socorreu ao aproximar-se e abraçá-la.

— É bom conhecê-la oficialmente, cunhada.

— Igualmente. — Eveline respondeu, ainda não tinha certeza se o nervosismo dela havia passado. — Sentem-se irei trazer o chá.

Ela rumou para a cozinha a passos rápidos, enquanto eu a segui.

Por sorte, Eveline já estava com tudo pronto, havia uma bandeja no centro da mesa e nela estavam fatias de bolo, biscoitos e, é claro, um bule de chá e três xícaras.

— Sua mãe não parece muito contente em estar aqui. — ela disse ao acrescentar pequenas colheres e mais uma xícara ao conjunto.

— Não é nada com você. — esclareci — As circunstâncias do casamento a deixaram estressada.

A Bailarina de NeveOnde histórias criam vida. Descubra agora