Eveline
É uma noite feliz e bem agitada para as famílias Hudson e Floyd, afinal, a partir de hoje, Camille e Peter oficialmente serão noivos perante seus familiares, a sociedade, esse tipo de coisa...
Para entreter os convidados em seu pequeno baile, os viscondes contrataram um famoso quarteto de cordas, mas a jovem senhorita Hudson é quem surpreenderá a todos essa noite a pedido de sua irmã. Desde que voltei ao trabalho, tenho me empenhado em fazer Emanuelle evoluir na dança e, quando Camille descobriu, insistiu que nós apresentássemos em sua festa.
Fiz os últimos ajustes na roupa e no penteado de Emanuelle e encarei a garotinha sorridente através do espelho.
- Pronto, Manu. - Apertei suas bochechas e minha protegida riu da brincadeira, depois começou a girar pelo quarto para ver o vestido.
- Meus Deus, vocês estão parecendo princesas, não, fadas! - Camille nos ofereceu um sorriso vacilante.
- Você também está linda, irmã. - Manu a cumprimentou rapidamente e voltou a encarar seu reflexo pelo grande espelho no canto do quarto.
- E um tanto nervosa, imagino. - completei.
- Bem, minha amiga mais próxima não teve uma festa de noivado para que eu pudesse comparar e fazer perguntas...
Também contei toda a verdade a ela quando voltei, depois de ouvir no mínimo mil perguntas sobre o assunto.
- Bem, você sabe quais foram as circunstâncias que me levaram ao casamento, mas saiba que sou muito feliz, assim como você também será.
Eu não tinha como garantir a felicidade de Camille de verdade, mas algo me dizia que ela e Peter teriam uma linda vida juntos e isso bastava.
- Oh céus, está quase na hora de vocês se apresentarem e eu aqui, prendendo você com uma conversa. Venham, depressa.
Nós três descemos ao pequeno salão de festas que anteriormente estava ocupado por sofás e mesas de canto, agora ele era adornado com flores, um grande lustre de cristais e belos tecidos nas cores das famílias Hudson e Floyd.
Emmanuelle e eu ficamos em um cantinho escondido, esperando pelo nosso momento de mostrar o que preparamos aos presentes.
Na hora exata em que combinamos, o quarteto iniciou nossa música quando todos os convidados estavam fora da pista de dança. Nós executamos os passos como ensaiamos durante o último mês, mas Manu parecia ainda mais alegre e confiante hoje, o que foi ótimo para a apresentação.
Eu nunca havia de fato dançado com música até os últimos ensaios, mas hoje, em especial, era como se eu tivesse sido feita para isso. Poucas coisas me fizeram ficar tão feliz como esse momento, talvez eu até pudesse listá-las em meus dedos, então entreguei-me completamente a dança e ao som, como se tivesse me tornado parte dos dois.
Quando a apresentação chegou ao fim, encarei a garotinha ao meu lado com um sorriso e ela fez o mesmo. Nós agradecemos e, à medida que os aplausos aumentavam, o sorriso de felicidade de Emanuelle crescia mais e mais, assim como o meu de orgulho. Quando finalmente saímos do centro das atenções e a música voltou ao seu ritmo animado, Camille e os viscondes foram os primeiros a nos alcançar.
- Ah, mas que surpresa adorável! - lady Hudson abraçou a filha mais nova e depois a mim. - Não sabia que a senhora era bailarina, Eveline. Nem que estava ensinando seu ofício à minha mocinha.
- Bem, graças ao ballet criamos uma grande conexão, não é mesmo, senhorita? - Emmanuelle prontamente assistiu, enquanto um leve rubor tingiu suas bochechas.
- Ev, me ensinou tudo, mamãe! - a garotinha fez questão de enfatizar.
A viscondessa sorriu para nós, enquanto seu marido e sua outra filha traziam um olhar de aprovação em seus rostos.
Para minha surpresa, o filho mais velho dos dois e sua esposa uniram-se a nós. Ambos nos parabenizaram, e a futura viscondessa logo engatou a me fazer uma pergunta atrás da outra.
- Adoraria que a senhora pudesse ensinar nossa pequena Layla, assim como ensinou à minha cunhada. - a mulher deu um sorriso gentil ao falar da filha e logo simpatizei com ela. - Dá pra ver que é uma ótima professora, acredito que mais pessoas a procurarão depois da apresentação de hoje.
- Oh! A senhora acha mesmo, milady? - Ela assentiu com veemência.
- Não estranhe se isso realmente acontecer, senhora Castelo, minha esposa é ótima em fazer propaganda do que ela gosta. - o jovem visconde conteve o riso. - E ela sempre está certa.
Os dois trocaram um olhar confidente, eu não conhecia bem sua história, mas também não precisava, dá para ver que os dois se amam tanto quanto os viscondes, ou eu e Matteo.
Passaram-se mais alguns minutos de conversa e uma certa quantidade de pessoas se juntaram a nós, todos elogiando as duas pela apresentação e a Camille pela escolha. Quando o grupo finalmente se dispersou, encontrei Matteo sorrindo para mim no canto do salão e corri até ele, que me recebeu de braços abertos, sem se importar com o choque das pessoas ao redor.
- Você foi maravilhosa, querida! Estou tão orgulhoso de você.
O sorriso de Matteo me fez ter vontade de beijá-lo ali mesmo, mas o pouco de razão que me resta me alertou que seria muito escandaloso, então segurei sua mão e seguimos rumo a varanda dos fundos, onde não havia gente para nos espiar ou repreender. Ali eu finalmente o beijei.
Ao nos separarmos, ele continuava a me encarar com doçura. Foi justamente nesse momento que ele finalmente teve a chance de matar sua curiosidade sobre a roupa que eu usaria hoje, eu, Isabel e sua mãe estávamos fazendo mistério sobre como ela seria.
- Esse vestido é incrível, vocês três fizeram um ótimo trabalho.
- Obrigada. - Minhas bochechas esquentaram rapidamente, eu nunca vou me acostumar de fato a elogios.
- Isabel me disse que ele teve que ser ajustado às pressas, é verdade? Parece ter caído como uma luva em você.
- É sim, mas foi por um bom motivo. - Sorri como uma criança travessa e meu marido me encarou, confuso.
Fui fazer a última prova do vestido e pegá-lo há uma semana, mas ele simplesmente não fechou. Nós três ficamos confusas, pois ele estava ótimo antes e aparentemente não havia nenhum motivo que justificasse ele não estar servindo, Foi aí que minha sogra começou a me fazer algumas perguntas e finalmente chegamos a uma conclusão.
- Teo... nós vamos ter um bebê!
A princípio, Matteo pareceu ainda mais confuso que antes, mas durou apenas alguns segundos, pois logo em seguida um sorriso iluminou seu rosto e ele me abraçou, gargalhando.
- Ah, Ev, mas posso acreditar! Realmente teremos um filho?
- Ou uma filha, ainda não há como saber.
Passei as mãos por minha barriga coberta pelo vestido, um ato de carinho que eu vinha fazendo escondida há uma semana. Meu marido acompanhou e colocou a mão dele ali também, onde nosso pequeno bebê crescia aos poucos.
- Já contou às suas tias ou eu fui o primeiro a saber?
- Na verdade, as primeiras foram sua mãe e Isabel, elas que me ajudaram a descobrir. Eu estava com sintomas há umas duas ou três semanas, mas achei que era apenas algum mal estar. - Não pude evitar rir, pois meu "mal estar" estará em meus braços dentro de alguns meses. - Minhas tias esperam por um anúncio de gravidez desde que nos casamos, então não pude fugir da resposta quando fui a casa delas ontem.
- E o pobre pai é o último a saber... quanta desvalorização comigo, Eveline. - seu drama era quase comovente.
- Ah, deixe disso. - Dei um leve tapinha em seu ombro. - Além do mais, ainda tem muita gente que não sabe e você vai estar comigo quando eu contar.
- E em todos os outros momentos também. - ele sorriu para mim e beijou minha testa com ternura. - Para sempre.
- Para sempre. - Repeti suas palavras, gravando-as em minha mente e no coração.
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A Bailarina de Neve
RomanceDizem que a primavera é a estação das flores e do amor, mas há quem discorde e veja mais encanto no frio do inverno. Talvez tenha sido esse encanto que uniu Matteo, um jovem valete, e Eveline, uma aspirante a bailarina. Para livrá-la de um problema...