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Matteo

Estava indo ao correio levar as cartas que o lorde Hudson precisava enviar aos seus parceiros de negócios e iria aproveitar o momento para enviar a carta de Eveline junto, mas fui interrompido por David me chamando quase aos berros no meio da rua.

- O que foi, irmão? - perguntei confuso.

- Ah, se eu fosse você, guardaria todas as minhas palavras para quando chegasse em casa. Mamãe está uma fera com você.

- Mas por quê? O que eu fiz?

David apenas negou com a cabeça e pediu que eu fosse com ele até a casa dos nossos pais. Ignorei a minha atual tarefa e o segui, se havia algo que não se poderia deixar para depois, era a convocação de vossa majestade, minha mãe.

Chegando lá, a família inteira estava reunida. Papai estava sentado em sua poltrona, com uma expressão de quem não aguenta mais ouvir nada, Isabel tentava, sem êxito, acalmar minha mãe e os meus sobrinhos brincavam no canto da sala, alheios aos caos que estava acontecendo ao seu redor.

- Matteo Castelo, como você ousa mocinho?! - Rosalía estava furiosa, sua pele marrom estava vermelha de tanta raiva.

- Perdoe-me pela impertinência, mamãe, mas o que eu fiz exatamente?

- O que você fez? O que você fez?! Ora Sebastián, diga ao seu filho o que foi que ele fez! Ah, meus nervos.

Ela caiu novamente no sofá, com Isabel e David a abanando, apesar de estar frio o suficiente para usarmos casaco dentro de casa.

- Por favor, chega de gritar, querida, meus ouvidos estão prestes a explodir. - papai pediu.

- Alguém pode, por favor, me explicar o que está acontecendo?

- É por causa do seu noivado, cunhado. - Isabel disse, recebendo um dos olhares mortais de minha mãe por proferir tais palavras. - Perdoe-me minha sogra, mas também estou cansada de ouvi-la gritar.

- Noivado? Como assim noivado? - perguntei confuso, tentando entender de onde eles tiraram essa ideia.

- Não se faça de desentendido, mocinho. Fui a feira ontem e uma ex vizinha nossa me perguntou quando seria o casamento, quando questionei sobre o que ela estava falando, ela me contou sobre o seu noivado com aquela menina que foi criada por Josephine e Jennifer. - mamãe explicou.

Acho que ela disse mais alguma coisa depois disso, mas não consegui entender nada. Meu cérebro pareceu trabalhar muito rápido de repente. As pessoas do bairro de Eveline estavam sabendo sobre o noivado e a história já havia chegado até a minha família e ninguém sabia que tudo não passava de uma farsa.

Eveline estava certa em ter receio sobre tentar resolver a situação indo jantar na casa dela e fazendo toda aquela encenação, agora havia muito mais gente envolvida e não conseguiremos mais desfazer essa confusão tão fácil quanto antes.

- Mamãe, acalme-se, por favor. Deixe-me explicar. - pedi.

Deveria ter desmentido, dito que era apenas um engano e que não era de mim que estavam falando e pedir para que eles esquecessem tudo isso e não desse ouvidos a fofocas como essa, porém, eu estava apavorado, então tudo que fiz foi criar uma história mirabolante sobre o motivo de não ter contado nada antes.

O resultado: Todos eles acreditaram e agora eu precisava encontrar Eveline e conversar com ela o quanto antes. E foi isso que fiz assim que saí da casa de meus pais.

Minha ideia era encontrar com ela em casa, mas pude adiantar meus planos quando a vi saindo da fábrica.

- Senhorita Eveline. - a chamei de longe. Ela me procurou por alguns instantes e caminhou em minha direção quando me encontrou.

A Bailarina de NeveOnde histórias criam vida. Descubra agora