A Bailarina de Neve

XII

Eveline

Mais tarde, a pobre senhorita Hudson levou uma bronca dos pais depois de lhes contar o que havia feito, apesar da minha insistência em dizer que o Matteo estava bem, só um pouco dolorido.

Lorde Hudson concordou em deixá-lo descansar durante o resto do dia, o que ele fez, então passou a maior parte do tempo com Joseph no estábulo, sei disso porque passei por lá várias vezes só para garantir que ele realmente estava quieto, a teimosia de Matteo é algo impressionante.

Ao fim do dia, tudo que eu mais queria era deitar em minha cama e só acordar no dia seguinte, mas ainda havia um pequeno contratempo em relação a isso, tínhamos apenas um quarto e uma cama. Porém, como se lessem meus pensamentos, Joseph e Matteo apareceram segundos depois, trazendo sorrateiramente um colchão que eles encontraram em algum lugar da casa.

— Encontramos isso no depósito. — Joseph explicou. — Está com cheiro de guardado, mas resolve o problema de vocês.

Ele colocou o colchão para dentro e se despediu, indo para o próprio quarto descansar.

Matteo e eu conversamos brevemente sobre como iremos nos preparar para dormir, já que não havia exatamente um banheiro privado, então ele iria primeiro e eu ficaria aqui fora enquanto isso, depois iremos trocar, de modo que eu não terei que ficar de pijama do lado de fora depois que acabar.

A ideia funcionou bem na prática, mas não adiantou muito, já que batidas soaram na porta segundos depois que ele entrou no quarto e eu tive que sair, pois a senhorita Camille queria falar comigo.

— Perdoe-me Ev, vocês já estavam indo dormir?

— Ah, não se preocupe, ainda está cedo. — Fechei a porta atrás de mim com uma mão enquanto ajustava o roupão por cima da chemise com a outra, depois voltei-me para a jovem. — Então, precisa de algo, senhorita?

— Não, não, é coisa rápida. Só não queria ter que esperar até amanhã para lhe contar a novidade.

Camille estava sorrindo tanto que parecia que toda a alegria do mundo brotava dela, até mesmo seus olhos pareciam sorridentes e brilhantes.

— Bem, Peter está oficialmente me cortejando! Nossas famílias aprovam a corte e, se tudo der certo, estarei noiva antes mesmo da primavera.

— Ah Camille, meus parabéns! — Segurei suas mãos e demos pulinhos e risadas, tal qual duas crianças. — Estou tão feliz por você. Você será a noiva mais linda do ano e não haverá outro assunto na cidade, pode ter certeza.

A agitação tomou conta de nós e começamos a imaginar como seria o noivado e o casamento, mas tive que desviar de algumas perguntas sobre como foram esses momentos para mim só para não ter que inventar alguma história, já que não fazia ideia do que dizer.

Como estávamos fazendo barulho, e isso provavelmente deveria estar incomodando as pessoas dos outros quartos, combinamos de conversar mais na manhã seguinte e nos despedimos.

Quando voltei ao quarto, Matteo estava no meio de uma tentativa desajeitada de arrumar um lugar confortável para dormir, mas do jeito que está ele acordará cheio de dores amanhã.

— Matteo, por favor, desista dessa ideia e durma na cama. — pedi — É mais fácil para mim do que para você ficar no colchão.

— Ah não, está tudo bem, é sério. O colchão direito no chão é mais duro, vai ser ótimo para as minhas costas. — Eu não acreditei nem um pouco nessa história, mas não quis contrariá-lo.

— Então deixe-me ajudar, pelo menos.

Mal esperei por uma resposta e tomei o lençol que estava em suas mãos para forrá-lo. Aproveitei também para ajeitar o lençol de elástico que não estava bem preso e para afofar o travesseiro, de modo que ele tivesse um pouco mais de conforto.