Parte 2- Eveen Berillar

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Eveen Berillar

Eu sinto um arrepio na espinha quando vejo a estátua de pedra nos encarando. E ouço um rugido alto como se fosse um lobo, ou cão. Aquele rugido ela alto demais para uma criatura de um poste pequeno.

- Você ouviu isso, Eveen? - Dagna sussurra, agarrando o meu braço. Ela está pálida como um fantasma, e eu sei que ela não está se referindo ao vento que assobia entre as árvores e arbustos.

Eu ouço de novo, um rugido alto e gutural que parece vir dos arbustos do jardim. Eu sinto um calafrio na nuca, e lembro das histórias que ouvi sobre as bestas que habitam na floresta. Criaturas ferozes e selvagens, Será que uma delas entrou aqui?

- Sim, vamos entrar. - Eu digo, tentando parecer corajosa. Eu puxo o meu alfinete de cabelo dourado, que eu mandei fazer para mim em um ferreiro real do reino. Uma dama deve zelar pela sua segurança, e eu não sou uma dama qualquer. O alfinete é comprido, maior que a palma da minha mão, e tem a ponta fina e afiada. Ele tem um design de ferro, como se fossem pontas em chamas. Esses tipos de desenhos em roupas e acessórios são comuns no reino.

- Não estamos seguros, se uma besta escalou os muros do palácio, estamos perdidos. - Dagna diz, com a voz trêmula. Ela tem razão, nós não temos como nos defender de uma besta, a não ser que consigamos nos esconder em algum lugar. Nós corremos em direção à entrada do palácio.

- Se chegou a tanto, a besta já matou os soldados da muralha, e alguns aldeões no processo. - Eu digo, tentando não pensar no pior.

Nós entramos com cuidado no salão de baile. O lugar está cheio de pessoas, vestidas com roupas elegantes e joias brilhantes. Eles dançam e conversam, Eles não parecem notar a nossa presença, nem o rugido da besta lá fora.

- Pelo amor dos deuses, Eveen. Se for verdade, o que ouvimos não foi coisa da nossa cabeça, o que iremos fazer? - Dagna sussurra, enquanto entramos no meio da multidão. Algumas pessoas nos olham de soslaio ou em julgamento, mas ninguém nos impede. Nós vamos em direção a onde vimos Anora e Liam pela última vez, onde está a mesa do banquete perto das janelas, mas eles não estão aqui.

- Precisamos encontrar a nossa irmã, Dagna. - Eu digo, olhando ao redor. Eu não vejo nenhuma moça parecida com ela, nem Liam. Meu peito fica apertado, e eu sinto um medo crescente. Será que eles estão bem?

- E se eles foram para o jardim?

Eu respiro fundo. Se há uma besta à solta no reino, temos que estar juntas.

- Dagna, não me deixe mais nervosa do que já estou. - digo para a minha amiga, que está tremendo ao meu lado.

Algumas pessoas gritam no meio do salão, e então aquele rugido novamente. Dagna se aperta mais ao meu corpo.

- O que está acontecendo? - pergunto para uma moça que passa por mim correndo com medo no rosto. Ela grita.

- Hellhound!

- Hellhound? - repito, sem acreditar.

Dagna me olha com os olhos arregalados. Hellhound é uma criatura monstruosa, um grande cão com uma pelagem preta emaranhada, olhos vermelhos (às vezes flamejantes como chamas), super força e velocidade. Uma vez li sobre ele em um livro da biblioteca do castelo. Hellhound é visto como um mensageiro ou cobrador do inferno, que vem buscar as almas vendidas. Ouvir o rugido da besta pode significar presságios de morte.

- Anora! - grito, lembrando da minha irmã. Ela estava no salão. Onde ela está agora?

Uma multidão de pessoas corre em nossa direção, gritando.

- Merda! - xingo, tentando me desviar dos empurrões. O som de vidro se quebrando à nossa frente me faz olhar para cima. Vejo uma janela estilhaçada e uma sombra negra entrando no salão. É ele. O Hellhound.

A filha do Fogo - Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora