A sala das damas de companhia estava barulhenta e as damas de companhia riam e comiam da mesa de banquete, enquanto falavam de seus filhos e maridos. Eu odiava estar no meio delas por causa dos julgamentos e da rivalidade por eu ser a preferida da rainha. Elas me odiavam e me excluíam, me lançando olhares invejosos e maldosos. Cruzei as pernas sentada sobre uma poltrona perto de uma grande janela de vidro que tinha uma visão para o jardim do castelo. Era o único lugar onde eu podia respirar um pouco de paz e admirar as flores e os pássaros.
Flora se aproximou de mim, e se sentou à minha frente na poltrona, e limpou a garganta e sorriu timidamente. Era a única que ainda tentava ser minha amiga, mas eu sabia que ela também tinha seus interesses.
- A rainha tem estado muito impaciente, acredito. - Flora falou, ajeitando a saia de seu vestido rosa.
- Essa conversa é de domínio público. - Eu respondi, olhando em seus olhos seriamente. Eu sabia que ela queria me sondar, saber o que eu sabia ou pensava sobre os assuntos da corte.
- Estão dizendo que ela mandou chamar o rei do norte para o palácio. - Ela continuou, baixando a voz.
Eu gruni, limpando a garganta.
- Flora, peço que pela deusa, não ande falando isso por aí, sabes bem que Greta odeia fofocas. - Eu a adverti.
Flora arregalou os olhos e assentiu.
- Você tem toda razão. Me desculpe, eu não quis ser indiscreta. É que eu fiquei curiosa, sabe? O que será que vai acontecer?
Eu pisquei várias vezes, tentando limpar minha visão. Eu sentia uma dor de cabeça se formando, e um pressentimento ruim.
- Isso é verdade. No entanto, não sei o motivo de ela chamá-lo aqui. - Eu menti. Na verdade, eu tinha uma suspeita, mas não podia revelar.
Flora ficou em silêncio por alguns segundos, olhando para mim com uma mistura de curiosidade e receio. Ela abriu a boca para dizer algo, mas foi interrompida por uma criada morena de cabelos cacheados que tocou em meus ombros, chamando nossa atenção. - A Nossa Senhora deseja que você a encontre em seus aposentos. - Disse a mulher com uma voz baixa e respeitosa, logo em seguida se retirando. Levantei-me e lancei um último sorriso para Flora, tentando transmitir confiança e carinho. - Não se preocupe, tudo ira ficar bem com você é o povo. - disse, antes de seguir a criada pelo corredor.
Greta estava sentada diante de um espelho enorme, penteando seus longos cabelos negros com delicadeza. Ela usava um roupão de seda vermelha, que contrastava com sua pele branca e seus olhos azuis. Ela era linda, mas também tinha se tornado cruel.
- Quando se chega ao nível alto, querida! - Ela disse, olhando para mim pelo espelho. - Atrai ladrões atrás do ouro.
Eu franzi as sobrancelhas, sem entender o que ela queria dizer.
- Não importa a quem o ladrão irá trair, ou matar no processo para chegar no ouro. - Ela continuou, colocando o pente sobre a cômoda. Ela sorriu para seu reflexo, admirando sua própria beleza. - O ouro sou eu, e o ladrão... São as pessoas que podem ser meus inimigos.
Ela se levantou da cadeira, e caminhou até sua cama, tirando o roupão que cobria seu corpo nu. Ela o jogou sobre a cama, sem se importar com a minha presença. Eu desviei o olhar para a parede, sentindo-me constrangida.
Ela entrou na banheira, que estava cheia de água quente e espuma. Ela se submergiu na água, deixando apenas seu ombro e cabeça para fora. Ela me encarou com um olhar irritado. Enquanto a Criada massageava seus pés na outra ponta da banheira.
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A filha do Fogo - Livro 1
FantasyEveen Berillar é uma jovem de vinte anos que sonha com uma vida pacífica e feliz para ela e suas irmãs. Ela trabalha como acompanhante da rainha de Relvânia, e considera a monarca uma amiga leal. Porém, quando o rei morre e a rainha assume o trono...