Parte 5 - Eveen Berillar

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Eveen Berillar

A conselheira principal se levantou e anunciou:



- Procuramos uma candidata a cantar ou tocar algo nesta noite. Alguma voluntária?



Ela lançou o convite analisando a plateia. Eu olhei ao redor. As pessoas ficaram imóveis e cochicharam. Ninguém se atrevia a se oferecer.



- Eveen, você não quer tocar a flauta para nós hoje? - Dagna tocou em minha coxa. Eu arregalei os olhos.



- Eu nunca toquei para ninguém, você sabe disso. - sussurrei baixinho.



- Irmã, sua música é linda. Anora adorava, e eu também. Adoro ver você tocando. - ela disse, tentando me animar.



Eu fechei os olhos. Ela tinha razão. Eu andava com a flauta, mesmo que fosse inconscientemente. Talvez eu quisesse tocar para alguém.



- Para alguém, não para o reino inteiro. - eu protestei.



Dagna deixou um sorriso escorregar.



- Acho que as moças atrás estão querendo nos dizer alguma coisa. Estou errada? - olhei para frente, e a conselheira estava parada em frente a Victoria e Aurora.



A conselheira estava, nos olhando de cima. Ela parecia ter ouvido nossa conversa. Aurora riu, colocando uma mão na frente da boca.



- Não estou achando graça nisso, senhorita Aurora. - disse a conselheira a repreendendo.



Aurora engasgou com o riso. E eu abaixei a cabeça, olhando para as mãos e mordendo os lábios.



- Conselheira, estava falando com minha irmã... - dagna explicar.



Toquei no braço de Dagna, com os olhos arregalados. Ela limpou a garganta. Ela me olha recusando-se a parar.



- Como estava dizendo... minha irmã toca lindamente a flauta. - ela falou, alto o suficiente para que todos ouvissem.



- Não muito, conselheira. - eu disse, sem jeito.



Ergui o olhar para a mulher, que me analisava minuciosamente.



- Creio que minha irmã está sendo modesta. - eu disse, com um sorriso gentil. - Por que não nos mostra seu talento, Eveen Berillar?



Ela se virou para as pessoas e anunciou:



- Creio que Eveen Berillar irá tocar uma de suas músicas para nós esta noite.



Eu soltei um suspiro longo. E as pessoas olharam para mim, com expectativa. Eu me levantei e caminhei em direção à conselheira no centro do círculo. Todos me observavam com curiosidade.



Eu coloquei a mão por baixo da saia do vestido e puxei minha flauta de dentro da bota. Sempre andava com ela, pois quando me sentia triste ou sozinha, a música levava a solidão e a tristeza do meu coração.



Eu me posicionei ao lado da conselheira e ergui a flauta aos lábios..


- Comece quando quiser, querida. Disse a conselheira.


Eu nunca tinha tocado em público antes, mas eu sentia que era uma oportunidade única. Eu queria homenagear a minha mãe, que me ensinou a tocar a flauta, e que me deixou o seu instrumento como herança. Ela dizia que a flauta era mágica, que pertencia a uma antiga linhagem da nossa família, e que era capaz de afastar o medo e a tristeza de quem a tocasse ou ouvisse. Eu não sabia se era verdade, mas eu sabia que a música me fazia bem, me trazia paz e alegria. E eu queria compartilhar isso com as outras pessoas..

A filha do Fogo - Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora