Eveen Berillar
A conselheira principal se levantou e anunciou:
- Procuramos uma candidata a cantar ou tocar algo nesta noite. Alguma voluntária?
Ela lançou o convite analisando a plateia. Eu olhei ao redor. As pessoas ficaram imóveis e cochicharam. Ninguém se atrevia a se oferecer.
- Eveen, você não quer tocar a flauta para nós hoje? - Dagna tocou em minha coxa. Eu arregalei os olhos.
- Eu nunca toquei para ninguém, você sabe disso. - sussurrei baixinho.
- Irmã, sua música é linda. Anora adorava, e eu também. Adoro ver você tocando. - ela disse, tentando me animar.
Eu fechei os olhos. Ela tinha razão. Eu andava com a flauta, mesmo que fosse inconscientemente. Talvez eu quisesse tocar para alguém.
- Para alguém, não para o reino inteiro. - eu protestei.
Dagna deixou um sorriso escorregar.
- Acho que as moças atrás estão querendo nos dizer alguma coisa. Estou errada? - olhei para frente, e a conselheira estava parada em frente a Victoria e Aurora.
A conselheira estava, nos olhando de cima. Ela parecia ter ouvido nossa conversa. Aurora riu, colocando uma mão na frente da boca.
- Não estou achando graça nisso, senhorita Aurora. - disse a conselheira a repreendendo.
Aurora engasgou com o riso. E eu abaixei a cabeça, olhando para as mãos e mordendo os lábios.
- Conselheira, estava falando com minha irmã... - dagna explicar.
Toquei no braço de Dagna, com os olhos arregalados. Ela limpou a garganta. Ela me olha recusando-se a parar.
- Como estava dizendo... minha irmã toca lindamente a flauta. - ela falou, alto o suficiente para que todos ouvissem.
- Não muito, conselheira. - eu disse, sem jeito.
Ergui o olhar para a mulher, que me analisava minuciosamente.
- Creio que minha irmã está sendo modesta. - eu disse, com um sorriso gentil. - Por que não nos mostra seu talento, Eveen Berillar?
Ela se virou para as pessoas e anunciou:
- Creio que Eveen Berillar irá tocar uma de suas músicas para nós esta noite.
Eu soltei um suspiro longo. E as pessoas olharam para mim, com expectativa. Eu me levantei e caminhei em direção à conselheira no centro do círculo. Todos me observavam com curiosidade.
Eu coloquei a mão por baixo da saia do vestido e puxei minha flauta de dentro da bota. Sempre andava com ela, pois quando me sentia triste ou sozinha, a música levava a solidão e a tristeza do meu coração.
Eu me posicionei ao lado da conselheira e ergui a flauta aos lábios..
- Comece quando quiser, querida. Disse a conselheira.
Eu nunca tinha tocado em público antes, mas eu sentia que era uma oportunidade única. Eu queria homenagear a minha mãe, que me ensinou a tocar a flauta, e que me deixou o seu instrumento como herança. Ela dizia que a flauta era mágica, que pertencia a uma antiga linhagem da nossa família, e que era capaz de afastar o medo e a tristeza de quem a tocasse ou ouvisse. Eu não sabia se era verdade, mas eu sabia que a música me fazia bem, me trazia paz e alegria. E eu queria compartilhar isso com as outras pessoas..
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A filha do Fogo - Livro 1
FantasyEveen Berillar é uma jovem de vinte anos que sonha com uma vida pacífica e feliz para ela e suas irmãs. Ela trabalha como acompanhante da rainha de Relvânia, e considera a monarca uma amiga leal. Porém, quando o rei morre e a rainha assume o trono...