Parte 17- Greta Gagliardi

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Greta Gagliardi

Eu olho para a sacerdotisa Niamh com seriedade. Já faz horas que estamos na sala do trono, conversando sobre alguns problemas políticos. Ela me aconselha sobre o que fazer. O rei do norte me convidou para visitar o seu reino e conhecer a sua cultura e o seu povo. Mas a minha agenda está cheia, com alguns casos do meu reino. Eu odeio violência, principalmente contra as mulheres. Eu sei o que é estar à mercê de um homem.

Há alguns minutos, o guarda real Liam trouxe até mim um homem que foi pego maltratando a sua esposa, que o ajudava no comércio da sua família na cidade. Liam é o encarregado de investigar casos assim no meu reino. Ele jogou o homem aos pés do meu trono com prazer. O homem pediu por misericórdia, mas a raiva me dominou. Eu usei o meu poder sobre ele, vasculhei cada centímetro da sua mente imunda e encontrei o seu ponto fraco. Eu me concentrei na mente dele, invadindo seus pensamentos mais sombrios. Eu o fiz reviver a cena mais dolorosa, a cena que ele mais odiava, quando sua tia que o criou o abusava e o batia. Eu o fiz sentir as mesmas dores como se ele estivesse naquele momento, ele tinha raiva das mulheres, ele pensava que todas as mulheres eram iguais, e perversas. Ele gritava e se contorcia. Era maravilhoso ver homens como ele e como o meu pai serem torturados daquela maneira, até chorarem sangue e pedirem misericórdia. Meu peito se encheu de satisfação assim que o homem convulsionou e morreu, de tristeza e dor. Eu senti o olhar da sacerdotisa sobre mim, com uma certa frieza e desconfiança. Ela não parava de analisar a pedra azul caída sobre o meu dorso. Ela abriu um leve sorriso, e lançou um olhar de esguelha para Eveen ao meu lado. - Acredito que a senhora irá decidir o que fazer adiante. - falou ela, me olhando novamente. _ Quero, que dei o negócio do comercio para mulher dele, e se disfarçar do corpo. A sacerdotisa, assentiu. _ Como quiser. Liam encarou o corpo do homem caído de bruços no chão, o guarda chamou com as mãos alguns soldados que estavam na Sala, e eles carregaram o corpo para fora do salão.

Eveen estava estática ao meu lado como uma estátua, havia se passado quatro dias desde minha coroação e ela já tinha presenciado vários momentos parecidos. As criadas, os soldados e as damas de companhia me olhavam com temor. Ninguém entendia o que acontecia, e como eu tinha poderes como aquele. Eu não conseguia ler os pensamentos de Eveen e nem da sacerdotisa, não entendia o porquê. E eu tinha uma certa curiosidade sobre o que se passava em sua mente.

Eu me jogo de lado sobre o trono espaçoso e descanso a cabeça sobre a mão direita. Olho para Eveen, que está sem expressão e muito pensativo. A sacerdotisa Niamh está abaixo das três escadas, me encarando como uma coruja. Eu levanto um sorriso para ela.

- Majestade, deseja mais alguma coisa? - Liam interrompe depois de uns segundos, enquanto eu e a sacerdotisa nos encaramos.

- Sim, soldado. - digo, sorrindo para um Liam sério. Puxo do meu decote o papel que havia escrito mais cedo e estendo para o soldado. Liam sobe os três degraus e pega o papel. Ele abre e lê.

- A senhora o quer para hoje? - ele pergunta, olhando nos meus olhos.

Passo um dedo mindinho da mão que descanso o rosto sobre o meu lábio inferior e depois olho para seu rosto acima.

- Sim, traga-o até mim, mas antes quero que dê uma lição nele, como descrito no papel. - ordeno.

Liam olha o papel novamente e arregala os olhos azuis. Seus cabelos pretos caem sobre seus olhos.

- Se não tiver coragem, peça a alguém que tenha. Eu só quero que ele chegue com os machucados aqui. - estalo os lábios para Liam, e o chefe da guarda real está apenas surpreendido. Ele assente e desce as escadas.

Niamh olha para mim e para Eveen, como se estivesse curiosa.

- Quem a senhora mandou buscar, Majestade?

A filha do Fogo - Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora