22: Inércia

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Ai ai, esse demônio... :)

Eu só sinto a sua falta de uma forma humana, simples e desesperada

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Eu só sinto a sua falta de uma forma humana, simples e desesperada

Vita Sackville-West, em The Letters of Vita Sackville-West to Virginia Wolf.

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• ALEXA LEBLANC •

— Ele já voltou?

Minha pergunta simplesmente não obtém resposta. Maman está cansada de responder sempre a mesma coisa: não.

Fazem algumas horas desde que o Damiano disse que voltaria, mas não voltou.
Adormeci duas vezes no colo da minha mãe, e de todas as vezes que acordei, a pergunta foi sempre a mesma, e a resposta também. Porém, na terceira e última vez, apenas recebo um suspiro cansado dela.

Olho para o fundo do corredor e noto que o manto preto já cobriu o céu, tornando o dia, noite.

— Seu primo já foi transferido para um quarto — ela informa — Preocupe-se antes com isso.

Quase estalo um tapa bem dado no meu rosto, por ter esquecido justo do motivo que me trouxe aqui. Rapidamente me levanto do banco e pergunto onde raios é o quarto dele. Antes que minha mãe responda, tio German, tia Juliet e a prima Catherine surgem pelo corredor adjacente, os três fungando e tentando se recuperar das lágrimas.

— Tio, tia...como ele está? — me aproximo e toco as suas mãos.

— Desacordado, querida — Juliet responde — Devem ser os sedativos.

— Pode entrar, ele vai sentir a sua presença. Vai ser bom — German sorri para mim e Catherine também.

Deixo que se sentem e pergunto qual é o quarto. Percorro o caminho de volta que eles fizeram e quando paro diante da porta, todo o meu entusiasmo em vê-lo se vai, deixando um medo e peso descomunais tomarem conta de todo o meu corpo.
Pouso a testa na porta, tentando controlar os sentimentos ruins que ameaçam me tomar. Algo parecido ao que vivi antes da viagem, o mesmo mau estar.

Mas não me deixo abater. Dando uma suspirada funda, giro a maçaneta e ultrapasso a entrada. Um soluço esganiçado escapa da minha garganta quando me deparo com a visão de Louis deitado na cama de hospital, os olhos fechados e o peito subindo e descendo em movimentos lentos e compassados.

— Lou — choramingo, tampando a boca com a mão — Céus...

O curativo na sua cabeça indica que teve uma batida forte, além do braço engessado e a ligadura que cobre o seu abdômen. Sem falar das marcas avermelhadas e arroxeadas pelo seu corpo e rosto.

Louis está todo arrebentado, ferido demais para contextualizar, e o meu peito aperta com tamanha visão, mal consigo conter as lágrimas.

Me aproximo da cama com passadas lentas e observo bem o seu estado decadente.

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