Acabou os resquícios da sociedade

2 1 0
                                    

Quando ele acorda, Gueven vê Paola cavando o buraco onde eles serão enterrados, comovido e com pena, decide cavar ele mesmo. Paola agradece e senta ao lado dele, os dois conversam enquanto Gueven faz o trabalho pesado. Com os buracos cavados, ela o ajuda a pôr os corpos dentro e tapar.
PAOLA- Então... *limpa as mãos* Algo a dizer?
GUEVEN- Não é isso que eu quero, mas... duas opções. PAOLA- Como assim duas opções?
GUEVEN- Junte se a nós ou... vamos fugir. *se olham*
PAOLA- Está se incluindo?
GUEVEN- Eu preciso, não dá mais para esperar.
PAOLA- Eu... preciso de um tempo para pensar. Pode me dar um dia? Volte para casa, diga que nos matou.
GUEVEN- *pensa* Deixe tudo pronto para amanhã, me espere. *abraça a criança* Tchau, garotão!”
Med me contata no Rádio, falando que Gueven está voltando, eu e Led ficamos esperando-o na entrada da propriedade, onde mortes aconteceram, até o sangue ainda está presente. Led e eu ficamos na frente e atrapalhamos a passagem dele.
MARTIN- É bom ver você de volta, Gueven. Como foi lá? Até passou a noite fora de casa... *Gueven inspira forte*
LED- Estávamos preocupados, todos...
GUEVEN- Estão mortos, a criança era sobrinha do branquelo que veio aqui. *cabisbaixo*
MARTIN- Sei como é difícil... Mas estamos tranquilos agora... Sem nenhuma preocupação. Viu só?
GUEVEN- Desg... Vou ter que precisar de um dia para mim. Dar um tempo daqui, explorar as casas...
Eu estou estranhando Gueven, mas relevei, eu entendo o momento que ele está passando, a atitude tomada por ele, aliás, explorar as casas, ajudariam a todos, possíveis suprimentos, segurança e avanço em geral.
“Gueven separa alguns alimentos e roupas, quando o dia amanhece, ele não diz muitas palavras e some das vistas do grupo. Ele até para em algumas casas para explorar, vasculha umas três e depois, a pé, vai até a casa de Paola, bastante afastada da estrada principal. Ele deixa o carro estacionado na frente de umas das casas que havia explorado.
Ele leva flores que pegou em um jardim, faz uma espécie de buquê. Surpresa e sorridente, ela sente o aroma, fica contente, e depois tranca a criança em um quarto. O que restou foi beijos e beijos entre os dois. Enquanto a criança chora, os dois gemem de amor.
Eles continuam deitados após o ato.
PAOLA- Teobaldo foi um namorado desse novo mundo. Eu tinha um marido, nos separamos em dois mil e vinte, ano passado. Tínhamos um filho, mas o perdi...
GUEVEN- Ei... *põe a mão no rosto dela* Não fica assim... Saiba que todos estão num lugar melhor.
PAOLA- É. *seca as lágrimas* Fale mais sobre seu líder.
GUEVEN- Ele não é bem o líder, ele acha que manda. As mortes do seu pessoal, foi tudo culpa dele.
PAOLA- Gosta dele?
GUEVEN- No começo. Hoje tenho dúvidas sobre... O cara conseguiu provar de tudo, do bom e do mal.
PAOLA- Vamos fugir! *fala no ouvido dele*
GUEVEN- Vamos! *ela se levanta*
PAOLA- *se empina* Para onde?
GUEVEN- Não sei ainda... *indo abraça-la*
PAOLA- *acerta Gueven com um bastão de beisebol* Direto para o inferno! *Gueven desmaia* Cretino! *se veste e amarra ele* Meus amigos... *escuta a criança chorando e vai até ela* O que foi, pirralho?!?
CRIANÇA- Fome... *lágrimas escorrendo*
PAOLA- *puxa a criança* Já vou te alimentar, saco! Primeiro me ajuda a pôr esse infeliz no carro.
Ela amarrou as pernas e braços dele, pôs um pano na boca. Depois de se alimentarem, eles foram até a escola, para denunciar todo o caso para o Instituto. Ao chegarem na Escola, Paola buzina várias vezes. Os seguranças que estão dentro cuidando do local, estranham e pedem para ela parar, com as armas apontadas. Ela para de buzinar e sai do carro.
PAOLA- Eu vim aqui denunciar algo grave...
SEGURANÇA2- Da próxima vez a gente vai atirar, se buzinar assim. Sua numeração, por favor!
PAOLA- Número 13, codinome Teobaldo. Ele morreu. SEGURANÇA2- Meus pêsames, entrem!
PAOLA- Preciso entrar com o carro ali dentro.
SEGURANÇA2- *olha para o outro segurança* Está bem... Mas não tente nenhuma gracinha.
Há sons dentro do carro, Gueven acordou e está se rebatendo. Com os dois seguranças e Claudemar enfileirados, eles ficam chocados quando veem Gueven ensanguentado e amarrado. No mesmo momento, um dos seguranças põe a faca no pescoço de Paola, pedindo explicações imediatas.
PAOLA- O líder do meu grupo morreu, ficamos sem saber o que fazer... E o restante do meu grupo foi até a casa desse cretino e o pessoal dele matou meu grupo.
SEGURANÇA1- Sei não, em... *apontando a arma* Como conseguiu traze-lo e pega-lo? *mãos levantadas*
PAOLA- Ele entregou os corpos, ameaçou de nos matar. Então o seduzi e apunhalei ele pelas costas.
CLAUDEMAR- Vocês são boas nisso...
SEGURANÇA2- Como sabemos se não está mentindo?
PAOLA- Ele responde. *tira o pano da boca de Gueven*
GUEVEN- Não, não façam nada. *tremendo* Por favor!
CLAUDEMAR- Aah! *sorri* Ora, ora. Ele é do grupo do piá da horda. *risos* Que interessante.
SEGURANÇA1- E o que vamos fazer, chefe?
CLAUDEMAR- Fazer uma visitinha, com todos.
GUEVEN- NÃO! Pera, me matem. Não comprom...
CLAUDEMAR- *tampam a boca* Será incrível.
Após isso, o Instituto ligou para cada grupo explicando a situação e as medidas que serão tomadas. Eles ameaçam caçar quem não aceitar, a maioria aceita, alguns com a pressão são perseguidos e fogem. Mimi e sua família recusaram.
Quarta-Feira. Gueven está desaparecido, Med vai pelas onze da manhã tentar encontrá-lo. Sem almoçar e de cara fechada com todos, Med começa a beber, ele anda devagar com o carro e vai bebendo muitas dozes das cachaças que ainda restam. Ele dirige até certo ponto, já tonto por causa do efeitos, ele avista o carro vermelho, o mesmo que Gueven usou.
Med anda por perto, para tentar encontrá-lo, mas sem sorte. Voltando para casa, ele dorme no carro, no ponto. A bebida serviu para aliviar a tristeza e a solidão.
Minutos se passam, Maristela chega com comida, já que ele não havia almoçado. Desanimada, não foi de muitas palavras, apenas pôs o prato de comida no carro e tentou acordar Med. Ele está capotado, ela insiste e insiste, até que Med acorda.
MARISTELA- Ali está seu prato de comida. *aponta*
MED- *ela sai andando* Espera! Preciso te falar...
MARISTELA- Olha, Med... Eu não estou muito bem.
MED- Eu estou louco, louco por você!
MARISTELA- Med...?!? *olha as garrafas vazias* Med, você não está nada bem... *abismada*
MED- Eu preciso de você! *sai do carro* Você é que nem as musas, Maristela. *abraça* Eu preciso.
MARISTELA- Você precisa descansar em casa, vamos!
MED- Não! *puxa ela para dentro do banco de trás do carro* Vem aqui. *puxa a roupa a dela*
MARISTELA- MED, SAI! *ele fecha a porta* Me solta!
MED- *abraços fortes* Eu estou muito sozinho! *lambe* Eu preciso de você! Me ajuda, Mari!
MARISTELA- *tenta se soltar* Eu tenho o Fabrício! *reluta* Me solta. *racha o vidro* Está me machucando! *grita e soca tudo que há ao redor* Por favor, Med! *beijos dele*
MED- Eu estou louco por você! *ela tenta alcançar uma garrafa vazia* Delícia!
MARISTELA- SAAAAI! *quebra a garrafa nele* PORCO! *pega o caco quebrado e enfia no ombro dele*
MED- *tonturas* Vadia! *sangue* Gostosa. *desmaia*
Chorando e traumatizada, ela vai com a mão cheia de sangue, e toda machucada para casa. Med está agonizando de dor e sangrando. Ela tenta tampar o sangue com as revistas que divertiam ele, que agora estão todas encharcadas de sangue.”
Estamos tirando o milho da espiga, época de colheita. Led e Maycon estão verificando e matando alguns Zumbis, estranho a presença assim deles, parecia que algo os atraiu. Rafaela, Fabrício e eu estamos no milho, já Eloisa está fazendo a segurança no lugar de Led. Fabrício sente falta da presença de sua esposa, eu vou junto com ele chamá-la e falar com Med.
FABRÍCIO- Preocupado com Gueven?
MARTIN- Sim... o tempo todo. Ele preenche esse lugar. Tenho planos para todos e aqui.
FABRÍCIO- Juntos vamos viver! *vê Maristela sangrando, vindo chorando* Mari? Eu vou até ela!
“Fabrício entra dentro de casa e vê Maristela lavando as mãos e pegando uma faca.
FABRÍCIO- Mari, MARI! O que aconteceu?!?
MARISTELA- *debulhando em lágrimas* Eu quero morrer, Fabrício! Eu não consigo mais. *surta*
FABRÍCIO- Mas por quê? *confuso* Fale, meu amor! MARISTELA- Eu, eu...  eu fiquei muito abalada com... com a morte das crianças. *chora*
FABRÍCIO- Vamos superar, temos a Rafaela.
MARISTELA- EU tive que MATAR o MED! *trémula e chorando* Ele tentou me estuprar. *chora*
FABRÍCIO- O que?!? MED?
MARISTELA- *chora* Ele me agarrou, me puxou...
FABRÍCIO- Verme, desgraçado... *chocado*
Sem saber o que fazer, ele se senta no lado da parede refletindo, vendo sua mulher chorando o que pode no chão. Led chega na casa também, a terra treme, o sons dos pássaros na gaiola mal se ouve.”
Desço um pouco a rua, mas acabo parando por causa dos inúmeros carros que chegaram. Rafaela e Maycon aparecem depois perto de mim, mas se escondem. Led e Fabrício ficam parados na porta de casa.
“Na carreata, eles param no ponto de ônibus, Med não aguenta mais sua dor interminável e terrível. Quem estava junto e viu, pergunta a Claudemar se deviam matá-lo. O mesmo responde que não, que era para deixá-lo sofrer, pois era cúmplice de tudo.”
CLAUDEMAR- *sai do carro* Boa tarde! É bom voltar aqui nesse baita lugar. *sorri*
MARTIN- O que são todos esse carros?
CLAUDEMAR- Viemos visitar vocês, falar de negócios, aquela coisa de vida ou morte.
MARTIN- O que seria esse negócio?
CLAUDEMAR- Seu grupo... *passo à frente* Matou pessoas de outro grupo, que participam do Instituto.
MARTIN- Eles tentaram nos matar! Eram eles ou nós. CLAUDEMAR- Está tremendo, filho? São apenas inúmeros carros e pessoas. Você é importante mesmo, quase todo o Instituto veio para cá., apenas uns desonráveis com crianças fugiram. De resto... vieram ver sua belíssima estratégia de sobrevivência.
MARTIN- Tive que matar pessoas para sobreviver. *respiro fundo* Sei que não fui só eu.
CLAUDEMAR- Eu vou te falar porquê está vivo! As pessoas do seu grupo, esse lugar, tudo que está aqui! Estão vivos não por causa de você, por causa deles mesmo, eles estão te mantendo vivo! Você tem sorte! Aproveitar tudo e todos, e ainda acha que você está salvando esse lugar, patético! Apenas agradeço aquela vez com os Zumbis! Você se aproveitou disso, fingiu ser grande, e matou inocentes.
MARTIN- *lacrimejando* Eles vieram nos matar!
CLAUDEMAR- Não se emocione... Vieram matar vocês? Não é bem o que ele disse! *puxa Gueven*
TODOS DO GRUPO- Gueven!? *surpresos*
CLAUDEMAR- O Idiota aqui se envolveu com a pobre viúva do grupo que você matou, ela foi esperta...
MARTIN- *olho pros outros* Fale sua proposta!
CLAUDEMAR- Ficou interessado vendo seu amigo? Vou resumir. Sumam, para muito longe daqui, e nunca mais voltem. *Gueven olha querendo que eu aceite*
MARTIN- Não posso sair daqui, morei a vida toda aqui. *Gueven olha fixo* Não...
CALUDEMAR- DANE-SE! Ou vão embora, ou todos morrem. *lacrimejamos* Sabe... eram para ter mais pessoas aqui! O Motorista, aquele negro... Eu até mandei pessoas para lá, com o intuito de cercarem vocês. Mas se converteram. Instrutores!
INSTRUTOR1- Sim, chefe!
CLAUDEMAR- Vão vocês dois, mais um grupo de carros, e façam uma visita para a família negra suja dele.
“Os Instrutores, junto com os Seguranças estão chegando até a casa de Mimi. No caminho, haviam carros parados, vazios, os mesmos carros que saíram da escola e foram até lá. Eles põem na primeira marcha e dirigem bem lentamente, estranhando bastante a situação e o clima calmo. Ao verem corpos no chão, eles saem, é ali que a família de Mimi dá a emboscada e fuzila todos que vieram matá-los."
CLAUDEMAR- Vou dizer pela última vez! *todos do Instituto miram suas armas* Ou saiam ou morrem!
MARTIN- Não há outra escolha?!? Assim iremos acabar com a civilização! O que ainda resta disso.
CLAUDEMAR- É um novo mundo, você escolheu isso! *chuta Gueven* Escolha, viver ou morrer?
MARTIN- *inspiro* Viver! *atiro e corro até o galpão*
O tiroteio começa em minha direção, Led é baleado, Fabrício consegue entrar seguro para dentro de casa, mas vê uma bala perdida perfurar o vidro e atingir sua esposa. Ele chora e ajuda a dor de Maristela, que vê seu desejo em morrer sendo realizado, porém lentamente e dolorosamente.
Meu ouvido pede socorro. Os outros percebem que algumas armas deles não funcionam corretamente, o tiro trava, ou explode dentro. Uma boa parte deles está com armas brancas, estamos em menor número.
Dois homens dão a volta no galpão, atiro sem dó neles. Em meio ao tiroteio, Gueven é abandonado, com isso, ele rasteja até um local seguro, mas com muita dificuldade. Seguro atrás dos tijolos, percebo eles avançarem até nós, tentado achar uma solução para sobrevivermos, percebo Eloisa se escondendo atrás das plantas e atirando em todos os inimigos. Essa atitude dela amenizou nosso perigo.
Mesmo baleado, Led ataca e quase mata algumas pessoas que estão por perto, mas acabam dando outro tiro nele. Umas das pessoas que vê essa cena pede desculpa e no mesmo momento, Led desmaia. Estamos atrás de bons lugares para nos protegermos, já eles em campo aberto. Eloisa pegou de surpresa alguns que estavam fazendo daquela situação um tremendo inferno. Tentando salvar sua vida, Gueven batalha, tenta o quanto pode fugir, mas Claudemar vê isso, e atira nele, a bala não pega em cheio na barriga.
Dei a volta no galpão, cinco aparecem com facas, eu atiro em alguns, mas eles partem para cima, Maycon me salva ao cortar o pescoço deles com a foice. Nos olhamos traumatizados um para o outro. Uma parte das pessoas que estão morrendo, não são atingidas na cabeça, por isso podem voltar à vida após a morte, isso é um baita problema.
Com o rifle, Eloisa, nos arbustos, gasta todas as balas carregadas. Uma pessoa entra dentro da casa, ela vê Fabrício sofrendo e chorando, enquanto vê Maristela morta em seus braços, com o intuito de se esconder e matar, ela se comove com a situação, se desculpa por tudo, atira na cabeça de Maristela para evitar o pior e logo após se suicida. Fabrício fica sem nenhuma reação e vê sangue por toda a parte.
Silêncio. Os tiros param, alguns mortos se levantam, e saboream os corpos. Gueven está agonizando no chão.
CLAUDEMAR- Sou eu! Por favor, não atirem. *olha ao redor* Vocês... parecem ter vencido, todos morreram!
MARTIN- *saio de trás do tijolo* Saia de perto dele! É viver ou morrer! O que escolhe?
MAYCON- Martin, CUIDADO! *um cara de machado tenta me atacar, mas Maycon pula nele* Seu merda!
MARTIN- Parado aí, Claudemar! *Eloísa atira na perna do cara do machado, e vejo que é o Motorista* Maycon, dá uma facada nele e deixa ele pros mortos.
Maycon faz o que eu peço, o Motorista grita e suplica, um corte certeiro no pescoço, e um Zumbi destroça ele. Claudemar saca a arma, mas esvaziamos todas as balas dos nossos pentes nele.
TODOS- GUEVEN! *corremos*
GUEVEN- *tossindo* Por que... por que não aceitou a proposta que ele fez? *sangrando*
MARTIN- *me ajoelho* Seria mais suicídio do que já passamos agora. *esgotados*
GUEVEN- Eu confiei em você! *tosse* Confiei nesse lugar. É tudo culpa sua! Desde que matou a família daquela garota, causou todas as mortes! Você é o culpado. *grita sem forças*
MARTIN- Gueven, não... *chora* Você está delirando.
Choros vindo dos carros, Paola com a criança, um Zumbi pega e come a criança viva. Ela não dá a mínima, mira e atira na cabeça de Gueven, logo após se suicida. Lágrimas, lamentações... O fim da civilização chegou, merecedores da vida desse novo e cruel mundo.

Renascer dos Mortos PESADELOOnde histórias criam vida. Descubra agora